Mostrando que é mais do que um intérprete de música carnavalesca, o cantor vem apresentando o show "Dos oito aos 80"
Por José Teles
Claudionor Germano gosta de lembrar, com orgulho, que teve a carteira profissional assinada em 2 de outubro de 1947, na Rádio Clube de Pernambuco, como cantor. Enfatiza a profissão, que exerce como ofício desde então. Hoje, ele para apresenta, no Teatro de Santa Isabel (na programação do 20º Janeiro de Grandes Espetáculos), o show Dos oito aos 80, em companhia de nomes conhecidos da música pernambucana, como Expedito Baracho, Cláudia Beija, Beto do Bandolim, Jeová da Gaita, Quarteto Novo, Nonô Germano e outros. Não será exatamente a celebração dos seus 80 anos (ele está com 83). Muito menos uma festa de despedida. Claudionor diz, seguindo conselho do escritor Ariano Suassuna, que jamais irá se despedir dos palcos.
Será um espetáculo novo de uma carreira na qual esteve presente e atuante nas últimas seis décadas da Música Popular Brasileira. Pense numa determinada fase da MPB e é só pedir para ele se lembrar de algum episódio: “Eu assistia a Rita Lee, aos Mutantes, do lado do palco, no Festival da Canção, então aquela mão forte pega no meu braço. Quando me viro, era Geraldo Vandré. Ele me disse: ‘Depois que você canta uma beleza daquelas, perde tempo olhando este lixo? Junte-se a gente, vamos formar uma frente ampla da música brasileira.”
Este encontro com Vandré aconteceu em 1968, no Festival Internacional da Canção, quando os Mutantes defenderam Caminhante noturno e Vandré se despediria dos festivais com a incendiária Caminhando (pra não dizer que não falei de flores). No ano anterior, Claudionor Germano defendeu São os do Norte que vêm, de Capiba e Ariano Suassuna, que ficou em quinto lugar, no festival que viu surgir a estrela Milton Nascimento com Travessia.
A lembrança dos festivais, porque, sobretudo para os mais jovens, Claudionor ficou conhecido como o mais famoso intérprete da história do frevo, o que também é verdade, embora ele tenha começado como cantor de músicas de meio de ano. Foi cantando uma faixa do repertório de Orlando Silva, seu ídolo, que Claudionor foi convidado por Nelson Ferreira para assinar contrato com a Rádio Clube, levando-o a pedir demissão de um emprego como auxiliar de escritório.
A fama de cantor de frevo começou quando participou do disco inaugural da Rozenblit, em 1953. Cantou o frevo-canção Boneca (Aldemar Paiva/José Menezes). Seria consolidado como o álbum mais bem sucedido do gênero até hoje o Capiba 25 anos de frevo: “Capiba e Nelson Ferreira eram inimigos cordiais. Quando Nelson soube que eu ia cantar no disco de Capiba, me convidou para cantar no LP com músicas suas, chamado O que fiz e você gostou. Os dois venderam tanto que no pátio da Gravadora Rozenblit colocaram um placar. Capiba acabou ganhando”, comenta Claudionor, que repetiria a dose no ano seguinte, com mais dois LPs, composto por músicas dos mesmos compositores.
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