Corpo do cantor será velado amanhã das 09:00 às 14:00, mas ainda não se sabe se o funeral será em seguida ou mais tarde. A família ainda não decidiu se o cantor será enterrado ou cremado. O presidente Bolsonaro reagiu com um breve comentário: "É uma pessoa conhecida".
Por Ana Mafalda Inácio
Por Ana Mafalda Inácio
É no Theatro Municipal do Rio que os brasileiros vão poder despedir-se do pai da Bossa Nova, numa cerimónia pública. O corpo do cantor e compositor vai estar em câmara ardente para ser velado a partir das 09:00 até às 14:00 desta segunda-feira, dia 8, embora não se saiba ainda a hora do funeral. A família ainda não decidiu se vai ser enterrado ou cremado, anuncia a edição digital do jornal Globo.
A filha Bebel Gilberto chegou há poucas horas ao aeroporto Tom Jobim, a cantora encontrava-se em tournée nos EUA, quando recebeu a notícia da morte do pai. Bebel era a filha que estava em conflito com o meio-irmão mais velho, João Marcelo, por ter pedido a interdição do pai em 2017, devido à sua idade avançada e à situação financeira precária em que se encontrava.
João Marcelo era o filho mais velho de João Gilberto, fruto do casamento com a cantora Astrud Gilberto, e não estará presente nas cerimonias fúnebres, anunciou o seu advogado, por se encontrar nos EUA e não poder sair daquele país sob pena de não conseguir voltar a entrar.
Há mais duas filhas, Bebel, que é a do meio, nasceu da relação do cantor com Miúcha, segue-se Luísa, a mais nova, do casamento com Cláudia Faissol.
Atualmente João Gilberto vivia no seu apartamento do Leblon com a sua última mulher, a moçambicana Maria do Céu Harris, de 55 anos, que só hoje ao início da tarde saiu à rua, afirmando, emocionada, não estar em condições para falar.
O cantor morreu no sábado, aos 88 anos, no seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro. Desde que se soube da notícia que surgem reações de todo o mundo, desde cantores, atores a políticos.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro também o fez, com um breve comentário, que já está a ser criticado nas redes sociais e na comunicação social: "Era uma pessoa conhecida. Meus sentimentos à família, tá ok?".
Só assim. Alguns órgãos de comunicação social acusam o presidente brasileiro de estar alheio ao que se passa no país e à importância do cantor, músico e compositor. "Alheio ao Brasil e o mundo, que neste domingo choram a morte do cantor e compositor João Gilberto, falecido no sábado, o presidente Jair Bolsonaro tem usado seu tempo para tratar de outras prioridades em sua agenda", refere a revista Fórum.
O jornal Folha de São Paulo dá conta das reações à morte do cantor, compositor, violonista, de outros como ele, Caetano Veloso, Gal Costa, Nelson Motta. "Se foi João Gilberto o maior génio da música brasileira. Influência definitiva no meu canto. Fará muita falta mas o seu legado é importantíssimo para o Brasil e para o mundo", escreveu a cantora Gal Costa, no Instagram.
Foi com a palavra "mestre" que a também cantora brasileira Daniela Mercury se referiu a João Gilberto na sua mensagem de despedida.
"Vai minha tristeza e diz a ele que sem ele não pode ser. Um génio que revolucionou para sempre a música popular brasileira. João criou a Bossa Nova e me influenciou imensamente. Um dia ele me disse que eu era de sua família. E sou mesmo. Ele ensinou todos nós a cantar da forma mais bela do mundo. Vá em paz, mestre", declarou a artista.
Num vídeo enviado ao canal televisivo GloboNews, o músico e escritor brasileiro Caetano Veloso, um confesso seguidor de João Gilberto, lamentou a morte do compositor, declarando a sua importância ao longo da sua carreira.
"Acabo de saber que João Gilberto morreu. É um acontecimento de imensa importância para mim. Porque, tudo somado, João Gilberto é, no meu ponto de vista, o maior artista de todos. No momento exato, preciso da minha vida, ele apareceu dando sentido mais profundo à perceção das artes em qualquer estágio.
O Comité do Património da UNESCO considerou também que a morte do cantor brasileiro João Gilberto "é uma perda para o património cultural". Na reunião em Baku, Azerbeijão, em que o Palácio de Mafra e o Santuário do Bom Jesus de Braga foram classificados Património Mundial, Abulfas Garayev, presidente do Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), no início da 43.ª reunião, afirmou: "É uma perda para o património cultural".
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