quinta-feira, 27 de junho de 2019

OS BASTIDORES DE "CHEGA DE SAUDADE", CLÁSSICO DE JOÃO GILBERTO QUE COMPLETA 60 ANOS... – PARTE 02

Lançado no dia 8 de março de 1959, o álbum começou a ganhar vida três anos antes no sítio da família de Tom Jobim, em Poço Fundo, na região serrana do Rio

Por André Bernardo




'Nunca levei uma surra assim'


Lançado no dia 8 de março de 1959, o álbum "Chega de saudade" começou a ganhar vida no sítio da família de Tom Jobim, em Poço Fundo, na região serrana do Rio. Foi lá que, em 1956, o maestro, então com 27 anos, compôs ao violão uma espécie de samba-canção em três partes. Ao regressar ao Rio, confiou a melodia aos cuidados do poeta Vinícius de Moraes.

O poetinha gostou do que ouviu, "uma música nova, original, tão brasileira quanto choro de Pixinguinha ou samba de Cartola", mas, demorou a escrever a letra. "Nunca levei uma surra assim", admitiu em crônica publicada no jornal "Diário Carioca", em 1965. Quando deu a letra por encerrada, soltou um berro de alegria. Lila, sua mulher, não pareceu tão animada. "Rimar peixinhos com beijinhos, que coisa mais boba", fez pouco caso. No mesmo dia, Vinicius correu para mostrá-la a Tom, que morava na rua Nascimento e Silva, a poucos quarteirões de distância.

João Gilberto não foi o primeiro a gravar a mais recente obra-prima da dupla de Orfeu da Conceição. A cantora Elizeth Cardoso incluiu a música em seu álbum "Canção do amor demais", gravado em abril de 1958 nos estúdios da Columbia, no Rio, e lançado, um mês depois, pelo selo Festa.

João acompanhou Elizeth ao violão em 2 das 13 faixas: "Chega de saudade" e "Outra vez". Mesmo assim, fez questão de participar dos ensaios no apartamento de Tom. "Rolou um mal-estar quando João, um violonista até então desconhecido, tentou ensinar a Divina Elizeth a cantar "Chega de saudade". Queria que ela cantasse como ele cantava. Foi uma audácia", comenta Zuza.

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