É o autor do famoso choro "Na Glória". Um dos grandes trombonistas brasileiros, iniciou seus estudos musicais nos anos de 1930, tendo aulas de sax-horn com Ivo Coutinho. Pouco depois, passou para o trombone, instrumento com o qual se destacaria no meio musical. Seu professor nesse instrumento foi Eugênio Zanata.
Casou-se com a cantora Gilda de Barros, que era crooner de sua orquestra. Faleceu aos aos 93 anos de idade no Hospital Desemgargador Leal Junior, em Itaboraí, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro, de insuficiência renal e de enfisema pulmonar, tendo sido internado no dia 28 de maio.
Em 1935, iniciou a carreira de músico tocando em clubes de bairros e subúrbios do Rio de Janeiro e mais tarde trabalhou nos dancings Carioca e Eldorado. Nesses dancings conheceu o maestro Carioca, que o levou para a Rádio Tupi. No início da década de 1940, passou a acompanhar cantores em gravações e excursionou por Montevidéu, Uruguai, passando em seguida para a Rádio Globo, onde formou sua própria orquestra, tocando no programa "Trem da Alegria". Em 1948, lançou seu primeiro disco solo interpretando ao trombone os choros "O pobre vive de teimoso" e "Malabarista", de Donga. Em 1949, lançou em execução solo de trombone seu famoso choro "Na Glória". No mesmo ano, gravou com sua orquestra o choro "Estes são outros quinhentos", de Luiz Americano. Nos anos 1950, foi para a Rádio Nacional, onde chegou a apresentar um programa semanal, além de participar de outros na mesma rádio. Fez excurssões ao Uruguai e à Argentina.
Em 1950, gravou com sua orquestra os frevos "Gostozão", de Nelson Ferreira, e "Solta o brotinho", de Levino Ferreira. No mesmo ano, gravou em solo de trombone o choro "Toselli no samba", com arranjo de Moacir dos Santos. Ainda no mesmo ano, gravou com sua orquestra os choros "Parabéns para você", de sua autoria e Tuiu, e "Faísca", de Lauro Maia e Penélope, este com os vocais de Violeta Cavalcânti. Em 1951, gravou com Sua Orquestra o choro "Prá moçada se acabar", de sua autoria, e os frevos "Vassourinha no Recife", de Baltazar de Carvalho, e "Pernambucana", dos Irmãos Valença. Em 1952, lançou com sua orquestra os choros " Ai, Raul", de Carioca, e "Solando na garoa", de J. Dilermano. No mesmo gravou em solo de trombone seu choro "Pororó...pororó", outro grande sucesso de sua carreira, e, com sua orquestra o choro "Gilda", feito em homenagem à sua mulher. No ano seguinte, gravou com sua orquestra os frevos "Seridó no frevo", de Geraldo Medeiros, e "Para onde vais", de Baltazar de Carvalho. Gravou também com sua orquestra o bolero "Aquelas frases lindas", com vocal de Gilda de Barros. Em 1954, registrou com sua orquestra os choros "Rolo compressor", de Edson Menezes e Arsênio de Carvalho, e "Amanhecendo", de Cícero Nunes, Rogério Lucas e Arsênio de Carvalho, e, com seu conjunto, com os vocais de Gilda de Barros, o choro "Trombone na gafieira", de Almanir Grego e Luiz Carneiro, e o maracatu "Maracatucá", de Geraldo Medeiros e Jorge Tavares. Foi eleito o melhor trombonista de 1955 num concurso promovido pelo crítico Ary Vasconcelos na revista "O Cruzeiro". No mesmo ano, gravou com sua orquestra os mambos "Vendedor de bananas", de Fonseca Filho e Milton Lopes e "Mambo de Aracaju", de Moacir Paulo.
Também no mesmo ano, lançou com Dilermano Pinheiro pelo selo Rádio o LP "Trombone zangado", apresentando entre outras, "Ginga do candango", de sua autoria, e "Consolo de otário", de João Roberto Kelly. Gravou em solo de trombone ainda no mesmo ano o choro "Melodia celestial", de sua autoria. Ainda em 1955, gravou pela Odeon o LP "Raul de Barros com o seu trombone romântico" interpretando os sambas-canção "Ai yoyô (Linda Flor)", de Henrique Vogeler, e "Poema (Fibish)", os choros "Melodia celestial", de sua autoria, e "Vamos com calma" e "Voltei ao meu lugar", ambos do maestro Carioca; o fox-trot "Please", de R. Rainger e L. Robin; e os fox "I'd never forgive myself (Nunca me perdoei)", de G. Martin e McAvoy, e "Intermezzo", de Provost. Em 1956, voltou a gravou "Intermezzo", de Provost, dessa vez em ritmo de fox e o choro "Voltei ao meu lugar", de Carioca. No mesmo ano, lançou o LP "Raul de Barros toca para dançar" interpretando os sambas "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso; "O orvalho vem caindo", de Noel Rosa e Kid Pepe; "Samba que eu quero ver", de Djalma Ferreira, e "Ai que saudades da Amélia", de Ataulfo Alves e Mário Lago; e os choros "Na Glória", de sua autoria e Ari dos Santos; "Naquele tempo", de Pixinguinha; "Gadu namorando", de Alcyr Pires Vermelho e Ladislau P. da Silva, e "Escada da Penha", de Uzias da Silva e Alventino Cavalcanti.
Em 1957, gravou com sua orquestra "Rock em samba", de sua autoria, e "Amigo velho", de Cristóvão de Alencar e Hélio Nascimento. Lançou no mesmo ano o LP "Ginga de gafieira - Raul de Barros, seu trombone e sua orquestra" com as músicas "Amigo velho", de Cristóvão de Alencar e Hélio Nascimento; "Cidade maravilhosa", de André Filho; "Arrasta a sandália", de Osvaldo Vasques "Baiaco" e Aurélio Gomes; "Jogadinho", de Hianto de Almeida; "Trombone travesso", de Pedro Mello dos Santos; "Colher de chá", de sua autoria e Édson Menezes; "Gosto que me enrosco", de J. B. da Silva, o Sinhô; "Pé de chumbo", de Carlos Monteiro de Souza e Alberto Paz; "Se acaso você chegasse", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins; "Ginga de gafieira", de Alcebíades Nogueira; "Neptuno", de Carlito e O. Trinca, e "Pau no burro", de su autoria e A. Guedes. Em 1958, lançou pela Odeon o LP "Ginga de gafieira", com destaque para "Cidade maravilhosa", de André Filho; "Se acaso você chegasse", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins; "Gosto que me enrosco", de Sinhô, e a música título, de Alcebíades Nogueira. Em 1959, gravou o LP "Hoje tem baile" interpretando as músicas "Implorar", de Kid Pepe, Germano Augusto e Garoto; "Tequila", de Chuck Rio; "Lisboa antiga", de Raul Portela, J. Galhardo e A. do Vale; "Never let me go", de Jay Livingston e R. Evans; "Na Glória", com Ari dos Santos; "In the mood", de J. Galard e A. Razaf; "Abre a janela", de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti; "Patrícia", de Perez Prado; "Nega", de Waldemar Gomes e Afonso Teixeira; "Begin the beguine", de Cole Porter; "Baltazar", de José Benedito de Freitas, e "Morena boca de ouro", de Ary Barroso.
Em 1960, gravou o LP "Sonho e animação em ritmo de dança" com as interpretações dos sucessos nacionais e internacionais "I'm in the mood for love", de J. McHugh e D. Fields; "Quiereme mucho", de Gonzalo Roig; "Hymne a l'amour (Hino ao amor)", de Edith Piaf e Marguerite Monnot; "Valsa do adeus", de Frederic Chopin; "Temptation", de N. H. Brown e A. Freed; "Tudo Ou nada", de Fernando César; "Perfidia", de A. Dominguez; "No rancho fundo", de Ary Barroso e Lamartine Babo; "Stardust", de H. Carmichael e M. Parish; "Eu sei que vou te amar", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; "Andalucia", de Ernesto Lecuona, e "All the things you are", de J. Kern e O. Hammerstein II. Em 1963, contratado pela gravadora Copacabana lançou o LP "O máximo em trombone" com as músicas "Rêverie", de Debussy; "Voltarás", com Murillo Latini; "O lago da esperança", de Cosme Teixeira e Ivone Rebelo; "Tudo de bom pra você", de sua autoria; "Ave Maria dos namorados", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; "Sabroso cha-cha-cha", de Juvenal Sampaio; "I'm gettin sentimental over you", de Washington e Bassman; "Judeu errante", de Aires Viana e Edel Ney; "Ingratidão", de José Araújo e Mineirinho; "Você quis e levou", de Almeida Rego e Gilda de Barros; "Entardecer", de Oscar Bellandi e Paulo Gesta, e "Requebra baiana", de Rocha Filho. Em 1966, fez parte da delegação brasileira ao Festival de Arte Negra de Dacar, Senegal, ao lado de Clementina de Jesus, Ataulfo Alves, Paulinho da Viola e Elton Medeiros, entre outros. Em 1968, lançou pelo selo Big/Rioson o LP "Na mini onda - Brazilian Serenaders", no qual, dirigindo o conjunto Brazilian Serenaders, interpretou sucessos internacionais da época, além de música brasileiras como "Garota de Ipanema", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; "Favela", de Roberto Martins e Waldemar Silva; "Inútil Paisagem", de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira; "Apelo", "Canto de Ossanha" e "Tempo feliz", de Baden Powell e Vinicius de Moraes; "Preciso aprender a ser só", de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, e "Corcovado", de Tom Jobim. No selo Marcus Pereira gravou um LP solo em 1974, "Brasil, trombone", apresentando entre outras, "Chorinho de gafieira", de Astor da Silva; "Folhas secas", de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, e "Saudade da Bahia", de Dorival Caymmi. O choro "Na Glória" tornou-se seu prefixo musical e até hoje quando é tocado em bares e casas noturnas é comum ouvir o público cantando "Na Glória, na Glória". Em 1979, lançou o LP "O som da gafieira", pela gravadora CID com destaque para "Piston de gafieira", de Billy Blanco; "Ave Maria", de Jayme Redondo e Vicente Paiva; "Casa de bamba", de Martinho da Vila, e "Coração leviano", de Paulinho da Viola. Na década de 1980, afastou-se da vida artística e adoeceu, indo viver em Maricá (RJ), permanecendo praticamente esquecido. Em 1983, retornou à cena artística com o LP "O trombone de ouro", no qual interpretou clássicos como "Carinhoso", de Pixinguinha; "Pedacinhos do céu", de Waldir Azevedo e "Ela disse-me assim", de Lupicínio Rodrigues. Atuou ao lado de nomes como Ary Barroso, Pixinguinha e Radamés Gnatalli.
Tocou em diversas orquestras, entre as quais, a do Copacabana Palace. Segundo seu depoimento à reportagem do Jornal do Brasil, seria o co autor da mrcha "Pra frente Brasil", grande sucesso a partir de 1970 e tida apenas como de autoria de Miguel Gustavo, tendo participado inclusive, como trombonista, na gravação realizada com a orquestra da Rádio Globo. Em 1994, realizou shows na casa de espetáculos "Sassaricando" na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Nos anos 2000, continuou recluso em Maricá, saindo eventualmente para se apresentar em bares e pequenos shows. Em 2004, voltou a apresentar-se em shows ao lado do gaitiste e arranjador Rildo Hora na casa de espetáculos "Carioca da Gema", na Lapa, tradicional reduto da boemia carioca. Em 2009, por ocasião de sua morte, assim se referiu sobre ele o maestro e arranjador Rildo Hora na coluna "Sociedade aberta" do Jornal do Brasil: "O maestro e trombonista Raul de Barros, que morreu anteontem em Itaboraí aos 93 anos, é uma grande perda, para mim e para a música popular brasileira. Era uma grande referência do trombone no Brasil. Com Raul, praticamente nasce o estilo do trombonista de gafieira. Todos que tocam nesse estilo se referem a ele, ao sopro meio rasgado que ele criou. (...) Sua influência é bastante larga. Com sua morte vai-se embora uma grande escola. Diria que desaparece uma biblioteca com vários volumes."
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