segunda-feira, 10 de junho de 2019

30 ANOS SEM CHOCOLATE

Por Rogério de Moura




Comediante e compositor paulista, tendo criado um memorável personagem de humor ao fazer o negro pobre e sem sorte na vida, quando descrevia de forma hilariante suas aventuras do cotidiano. Com os olhos quase saltando para fora da órbita em lances inesperados, apresentava-se na "Praça da Alegria", ao lado de Manoel da Nóbrega, na década de 60. Foi em São Paulo que Chocolate encontrou o melhor de sua carreira, onde deram-lhe a oportunidade que ele teimava em procurar no Rio de Janeiro, sem a menor esperança. Tornou-se um dos melhores humoristas do vídeo paulista, defendendo seus papéis com unhas e dentes e até com seus olhos esbugalhados. 

Em 1958, Chocolate foi eleito pela crítica como um dos melhores comediantes, por sua atuação no programa "Fantasias Bendix", pela TV Paulista. Ele arranjou o apelido valendo-se do prestígio de um ídolo do passado, o De Chocolate, personagem que foi à França, casou-se com uma parisiense belíssima e se apresentava em cena, no Brasil, vestido como um chanceler em dia de cerimônia. No auge do sucesso, Chocolate recusou uma proposta milionária para transferir-se para o Rio. 

Chocolate trabalhou por 14 anos na TV Record, transferiu-se posteriormente para o SBT e, por último era contratado da TV Bandeirantes. Chegou a integrar o corpo de jurados do "Programa Raul Gil". Suas músicas em parceria com Chico Anysio, Mario Lago e Nazareno de Britto foram motivo de merecido prestígio, tendo criado o "Hino ao Músico", abertura do Chico Anysio Show pela televisão. Elizeth Cardoso interpretou "Canção de Amor" e "Vida de Bailarina" foi o primeiro sucesso de Angela Maria. Dorival Silva, como era chamado na vida real, iniciou a carreira como sapateador de circo, trabalhou em programas de rádio, chanchadas da Cinédia e consagrou-se como grande humorista da televisão. 

Em 1950, a romântica Canção de Amor revelou Elizeth Cardoso, considerada ainda hoje uma de nossas maiores vozes, no cenário musical do país. Poucos se lembram, no entanto, de seu compositor. Trata-se do músico e humorista Chocolate, nome artístico de Dorival Silva, que atuou no rádio e na televisão nas décadas de 50 e 60 em programas bastante populares, como o Praça da Alegria, com Manuel de Nóbrega. Nesta edição de Dois diretores em cena, Tuta e Nilton Travesso reproduzem o áudio de uma entrevista antiga em que o próprio artista conta um pouco mais de sua trajetória.

“Eu não nasci, fui fundado. E meu diploma é de calçada. Dorival Silva, vulgo Chocolate, surgiu na Aclimação. Estudei no Ginásio Paulistano. Lá eles faziam triagem e botavam os moleques para trabalhar em repartições públicas. Acabei na Secretaria da Fazenda, mas inventei outro nome para mim lá. Fui entregando papeis, falavam ‘esse negrinho vai longe, vai servir o exército’. Eu pensava ‘dei nome errado, isso vai dar um rolo danado’. Aí fugi. Quando fugi, fui trabalhar com circo e teatro”, conta.

Nos anos 80, chegou a apresentar um programa infantil.
Faleceu aos 76 anos, em 27 de agosto de 1989. 



Fonte:
http://memorialdafama.com/biografiasCD/Chocolate.html

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