sábado, 4 de novembro de 2017

PETISCOS DA MUSICARIA




Por Joaquim Macedo Junior


MULHERES CANTORAS E COMPOSITORAS DE PERNAMBUCO – MYRIAM BRINDEIRO


Myriam Brindeiro: dama da música e da poesia


A música é sua vida, começou cedo, ainda garota adorava ouvir a mãe ao piano e passaria a estudar o instrumento com a professora Núzia Nobre de Almeida.

Nosso personagem de hoje, Myriam Brindeiro, nascida no Recife em 26 de junho de 1937, é membro da Academia Pernambucana de Música e da União Brasileira de Escritores.

Poetisa, compositora, pesquisadora, fez parte da “Geração 65” e foi uma das lideranças nas atividades das “Edições Pirata” (1979/1983), fazendo de sua residência em Apipucos o local onde eram encadernados os livros desse movimento editorial, e no qual se reuniam seus participantes.

O movimento era liderado pelos poetas Jaci Bezerra, Alberto Cunha Melo, integrantes da “Geração 65” e a escritora Eugênia Menezes. Também estavam ali os escritores Maria do Carmo de Oliveira, Nilza Lisboa, Amarindo Martins de Oliveira, Andrea Mota, Vernaide Vanderley, Ednaldo Gomes e Celina de Holanda.

Os livros eram produzidos às escondidas, ou seja, pirateados, na gráfica da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Posteriormente, seus editores adquiriram uma impressora de segunda mão e alugaram um local para instalar o equipamento.

“Desencanto”, de Manuel Bandeira, com Myriam Brindeiro

Licenciada em Ciências Sociais pela FAFIRE – Faculdade de Filosofia do Recife -, em 1959, realizou cursos de aperfeiçoamento e especialização em planejamento educacional e em televisão educativa.

Diretora da Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais do Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Recife INEP/MEC, foi também pesquisadora assistente e diretora da Divisão do Departamento de Educação do antigo Instituto de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco.

Depois dos primeiros passos no violão, Myriam começou a aprender com afinco o instrumento com o professor Gerson Borges, no Recife.

Filha primogênita do médico Djair Falcão e de Judite Brindeiro, seu pai, conhecido pela competência profissional, era famoso entre as mulheres pela beleza.

Inesperadamente, entrou na política quando, na qualidade de suplente, teve de assumir a cadeira de Senador da República, na vaga de Etelvino Lins, que se afastou do Parlamento, para governar Pernambuco.

Myriam, aos quinze anos, passou a residir no Rio de Janeiro, onde trocou o Curso de Pedagogia pelo Científico, voltando ao Recife depois.


“Recife das Pontes”, letra e música de Myriam Brindeiro

Casou-se, ainda jovem, com o engenheiro agrônomo e advogado Alberto de Moraes Vasconcelos, que por muitos anos ocupou o cargo de delegado do Ministério da Agricultura, em Pernambuco.

O casamento com Alberto a levou para uma vida mais boêmia. Seu marido fazia acompanhá-lo em todos os recantos da vida noturna do Recife e de Olinda.

Dona de uma bela voz e de uma vocação natural, Myriam desabrochou e começou a se destacar na música e na poesia. Nessa época, conheceu e se tornou amiga de cordelistas, pintores, escritores, poetas, cantores e outros artistas dos idos dos anos 1960.


“Forró Ligeiro”, de Myriam Brindeiro, interpretada pela mesma

Possui mais de 200 composições, entre as quais se destacam “Ladeiras de Olinda”, de 1978; “Recife das Pontes”; “A Paz Acalanto para Gilberto”, homenagem ao sociólogo Gilberto Freire; e “Canto dos Emigrantes”. Musicou ou fez parceiras com Carlos Pena Filho, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes e Alberto da Cunha Lima.

Semana que vem, tem mais….



Fontes: MPB – “Compositores Pernambucanos/100 Anos de História – Renato Phaelante”; Arquivo Pessoal; Wikipedia; Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ.

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