DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ
Onde estão os vinis, as radiolas de outrora? Hoje acordei bolero. Poderia ter acordado jazz, tango ou valsa, mas acordei bolero, altemardutrando pelo salão dos sonhos. Poderia, também, ter acordado samba de Cartola, choro de Nazareth, ou, quem sabe, bossa-nova de Tom e Vinícius, mas acordei bolero. Há dias em que acordo xote de Gonzaga ou forró de seu Jack, da Paraíba. Noutros, já acordei samba de Chico, de Paulinho e amanhã, talvez, acorde Blues, daqueles estranhos, lá de Saint Louis. Às vezes acordo choro, bandolins e flautas, mas hoje acordei sorriso, bongôs ao mundo. Faltou-me, apenas, um vinil e uma radiola, como as de outrora. Qualquer que seja o som, de onde quer que venha, importa que acordei feliz, acordei bolero, dois pra lá, dois pra cá. Eu pra cá, ela pra cá.
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