Dentro do samba contemporâneo Jessé Gomes da Silva Filho talvez seja o nome mais expressivo de sua geração (pelo menos em termos de popularidade). Cantor e compositor, Zeca nasceu em Irajá onde desde pequeno passou a frequentar rodas de samba influenciado por sua família. Sua incursão pelo universo do samba se deu nas mas distintas freguesias cariocas, mas antes de dedicar-se totalmente à carreira artística chegou a ter diversas funções. Já foi feirante, office-boy e anotador de jogo de bicho, mas nenhuma dessas atividades o afastaram de suas duas grandes paixões: a música e a cerveja. O pontapé inicial em sua carreira artística pode-se dizer que se deu a partir de rodas de samba existentes nos bairros de Irajá e Del Castilho, subúrbio do Rio de Janeiro. Adolescente, começou a participar das rodas de samba e partido-alto do subúrbio, sendo integrante do bloco carnavalesco Bohemio de Irajá, e foi nesse período que ganhou o apelido de "Pagodnho", por frequentar os pagodes na casa de Tia Doca, em Madureira. Além disso, era assíduo frequentador das rodas de samba do Bloco Cacique de Ramos, onde começou a ser admirado pelos seus versos e por sua capacidade de improvisar. Por essa época, conheceu Arlindo Cruz, futuro parceiro em grandes sucessos. Dessas incursões pelo samba suburbano carioca seu nome e voz, aos poucos, foi ganhando a devida e merecida projeção principalmente após ter o irrestrito apoio à carreira artística de Beth Carvalho. Beth, que conheceu Zeca em uma dessas rodas de sambas no Cacique de Ramos em 1981, convidou-o para participar de seu disco "Suor no rosto", de 1983, no qual cantaram em dueto "Camarão que dorme a onda leva", de autora do próprio Zeca, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço.
Apesar de ter dado o primeiro passo no contexto fonográfico, ainda faltava algum tempo para o seu primeiro registro fonográfico. Antes de lançar o seu primeiro disco solo chegou a participar em 1985, pela RGE da coletânea "Raça brasileira", juntamente com Jovelina Pérola Negra, Mauro Diniz, Pedrinho da Flor e Elaine Machado. Este disco foi um sucesso de vendas e execução nas rádios e ajudou a propagar o nome de Zeca e colaborou para a mesma gravadora apostar as fichas no nome de Zeca. O primeiro disco solo, "Zeca Pagodinho", de 1986, vendeu 800 mil cópias, e veio acompanhado por vários sucessos como "SPC" (parceria com Arlindo Cruz), "Brincadeira tem hora" (c/ Beto Sem Braço) e "Judia de mim", em parceria com Wilson Moreira. Por muitos admiradores do samba, este primeiro LP de Pagodinho é considerado uma obra-prima do partido-alto, mas sua maior consagração ainda estaria por vir. Compositor já bastante conceituado no meio samba, tendo músicas de sua autoria gravadas por alguns dos nomes mais representativos do gênero, Zeca ao longo dos anos de 1980 anda chegou a lançar os LPs "Jeito moleque", do disco "Bate outra vez", em homenagem a Cartola, no qual interpretou "Minha"; lançou o disco "Boêmio feliz" e, em 1990, lança o LP "Mania de gente". Foi uma década em que apesar do estrondoso sucesso do seu primeiro LP a carreira de Jessé ainda estaria por ganhar uma projeção e aceitação popular ainda maior nas décadas seguintes como hoje é possível observar e atestar dentre tantos projetos e sucessos acumulados ao longo das décadas de 1990, 2000 e 2010 a exemplo dos projetos lançados pela MTV Brasil (tradicional reduto do pop-rock). Na MTV, Zeca foi o primeiro artista de samba a gravar um especial de TV, CD e DVD na emissora. E tem mais: O Acústico MTV, gravado no Rio, foi um de seus discos mais vendidos, rendendo inclusive uma segunda edição em 2006 (a primeira da história da MTV Brasil).
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