Parceiro de nomes como Luiz Tatit e de Tom Zé, o cantor e compositor soteropolitano Emerson Leal volta ao mercado fonográfico com "Cortejo", álbum que reitera sua verve autoral
Por Bruno Negromonte
Emerson Leal é um artista com um início de carreira bastante inusitado, pois pouco tempo após radicar-se no Rio de Janeiro para começar a sua carreira fonográfica solo, o artista ganhou rasgados elogios de ninguém menos que o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, que elogiosamente o classificou com termos como "Fera", "Craque". Essa história chegou a ser abordada aqui mesmo no Musicaria Brasil a partir da pauta "ORIGINAL E VERSÁTIL, EMERSON LEAL TRAZ EM CD HOMÔNIMO UM PROFÍCUO CAMINHO PARA O FUTURO DA MPB". Hoje, quatro anos após o lançamento do primeiro álbum, Emerson volta ao mercado fonográfico com o seu segundo álbum sob o título de "Cortejo", onde a constante originalidade que marca o primeiro disco também acentua a sua presença a partir de um coerente caminho que o artista soteropolitano vem traçando. Foram quatro anos substanciar-se a partir das mais distintas experiências para substanciar-se a partir das mais distintas experiências desde o último lançamento, tempo suficiente para o artista depurar ainda mais toda a verve inovadora presente em seu álbum de estreia como é possível observar na sonoridade e nas letras presentes nas faixas que constituem "Cortejo", um álbum que reitera a importância do seu crucial papel no cenário atual da música brasileira não apenas a partir da reafirmação dos elementos que constituem aquilo que faz, mas também objetivando cumprir aquilo que se espera de uma canção bem feita. Desse modo, pautado em originalidade e moldando suas composições a partir de elementos que acabam por torná-lo um dos nomes proeminentes da cena musical carioca contemporânea
Radicado no Rio de Janeiro desde 2008, o músico autodidata trouxe em sua bagagem a diversidade rítmica que caracteriza a sua terra de origem acoplando a isso um toque bastante pessoal como também é possível atestar neste seu segundo álbum a partir das nove canções presentes em "Cortejo". Das faixas que constituem o disco, oito são autorais (uma delas em parceria com Luiz Tatit) e uma composta pela dupla Ana Clara Horta e Gabriel Pondé. O disco abre com "A fúria", faixa de refrão contagiante e que apregoa que o carnaval se faz a partir do movimento de cada sonho; a faixa seguinte, "Coisinho" retrata, entre urgência e apreensão, a efemeridade e superficialidade existente nas relações afetivas contemporâneas. Em "Mil musas distraídas", Emerson acompanhado pelo Quarteto Radamés Gnattali, traz uma ode às mulheres. O disco tem continuidade com faixas como "Sem batom", "Parado no perigo" e "Seu nome" (esta última nos remetendo-nos à música afro-caribenha da mais alta estirpe a partir do marcante violão do cantor e compositor. Com Tatit assina "Tipo nós", faixa que traz a participação especial da jovem cantora Lívia Nestrovski. Filha do compositor e violonista e diretor artístico da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) Arthur Nestrovski. Lívia, que já foi contemplada com 8 medalhas por excelência em canto e neste álbum mostra o porquê de tais contemplações. Para fechar, duas canções: "Vai que dá certo" e "Você aqui", faixas que reforçam a teoria de quanto se faz ricamente híbrida a sonoridade do artista endossada por consistentes e inovadores arranjos e músicos que chegam como a cereja de um bolo, ou melhor, um disco que dispensa maiores adornos para tornar-se delicioso.
Gravado no Rio de Janeiro (RJ), entre junho de 2015 e junho de 2016, nos estúdios Casa do Mato (Por Igor Ferreira), Espaço Musical Praia de Botafogo (por Rafael Camacho e Emerson), Tenda da Raposa (por Carlos Fuchs e Gustavo Krebs), Ouvido em pé (por Kim Carvalho) e El Tiburón, por Leal, o disco ainda traz em sua ficha técnica como assistentes de estúdio (Casa do Mato) os nomes de Rafaela Prestes e Falcon. O disco foi masterizado por Felipe Tichauer em Miami, e traz em sua tecitura nomes como Carla Rincón e Andreia Carizzi (violinos), Estevam Reis (Viola) e Hugo Pilger (Cello), que juntos formam o Quarteto Radamés Gnattali. O disco ainda conta com a participação da já citada cantora Lívia Nestrovski, João Callado (do Grupo Semente), na bateria Pitito (Luiz Fernando Veloso) e na Guitarras Rafael Camacho. "Cortejo" tem produção, direção e mixagem assinadas pelo próprio Emerson que assina também a execução de distintos instrumentos de corda, assim como também seus respectivos arranjos. Quanto ao projeto gráfico todo ele foi assinado por Mariana Volker.
Como já dito, Leal traz naquilo que faz características intrínsecas à sua sonoridade, o que acaba o destacando e levando-o além das fronteiras musicais convencionais como já afirmou Luiz Tatit quando em depoimento registrou: “O disco que tá chegando aí do Emerson Leal vem realmente pra cumprir um papel no quadro, no todo aqui da música brasileira atual porque tem tanto os elementos que a gente espera de uma canção bem feita, de uma canção bem concebida, como tem ao mesmo tempo as novidades que ele vem trazendo pra gente que vem tanto pelas letras quanto pelas melodias de uma canção que diz coisas pra gente, todas as faixas trazem um assunto que pode ser entoadas de uma maneira interessante, de uma maneira nova, de uma maneira sobretudo agradável. As canções já vem com uma pegada não só bem feita do ponto de vista musical, mas também já com uma pegada pop que faz com que o ouvinte se envolva imediatamente com aquilo que está ouvindo naquele momento. Eu acho que ele chega no momento com todos os requisitos, com todas as credenciais pra atuação de um cancionista atualmente.” É por isso que a originalidade de Emerson Leal chama a atenção. Imbuído de um apuro estético que valoriza todos os nuances existentes na canção e seus distintos gêneros, tanto o músico quanto o letrista deixa evidenciar uma inquietude criativa em constante ebulição. Emerson é nome que deve ser acompanhado de perto por aqueles que prezam a valorização da música popular brasileira contemporânea. É sangue novo para a tão combalida música brasileira. É como disse aquele que lhe deu o aval definitivo para adentrar para o rol dos grandes nomes da música popular brasileira contemporânea em uma de suas canções: "Evoé, jovens à vista!"
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