terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

GERALDO AZEVEDO LANÇA PRIMEIRO DISCO DE FREVO

Com cinco faixas, o EP só terá versão digital


Por José Teles




Embora seja mais conhecido por canções românticas como Dia Branco (com Renato Rocha), Dona da Minha Cabeça (com Fausto Nilo) e Moça Bonita (com Capinam), Geraldo Azevedo também é da folia. Estreou na composição com a marcha de bloco Aquela Rosa (com Carlos Fernando), lançada em 1967 por Teca Calazans. Foi criador com o citado Carlos Fernando do projeto Asas da América, que renovou o frevo em 1980. Há anos é presença certa no Carnaval pernambucano. Este ano se apresenta sábado, com a Transversal Frevo Orquestra, na Praça do Arsenal, e, domingo, no Pátio de São Pedro Geraldo estende sua participação lançando hoje, nas plataformas digitais, um EP de músicas para o Carnaval, o primeiro em sua discografia.

É o Frevo, É Brasil, título do disco, que sai pela ONErpm, traz cinco faixas, duas delas inéditas. O projeto tem produção e direção musical de César Michiles, que também assina quatro dos arranjos, e faz a orquestração. A única faixa que ele não arranjou foi Lembrando Carlos Fernando, que tem arranjo do maestro Edson Rodrigues. A música também é a única que não foi composta por Geraldo Azevedo. O autor é J. Michiles, em homenagem ao compositor caruaruense, falecido em 2013, e autor do frevo canção mais bem sucedido da história do gênero, Banho de Cheiro. Michiles fez para ele um frevo de bloco: “Nas asas da América/seu frevo brilhou”, começa a letra, que celebra o “boêmio da folia”, com citações de músicas de Carlos Fernando.

No início influenciado por seresteiros e pela bossa nova, Geraldo Azevedo – como aliás todos os músicos pernambucanos – tem o frevo correndo na inspiração. “Quando fevereiro chegar/saudade já não mata a gente”, qualquer um diria que os versos são de um frevo canção. Pertencem à balada Chorando e Cantando, um dos clássicos de Geraldinho (numa parceria com Fausto Nilo). A partir deste EP são também versos de frevo. A balada vestiu roupas carnavalescas e cai na folia exatamente quando chega fevereiro.

Quatro Dias de Amor, parceria com Maciel Melo) que abre o EP, é como uma atualização de Aquela Rosa, iniciação de Geraldo Azevedo na composição de frevos. Tem por tema o amor de Carnaval, que tinha a eternidade da duração da festa, hoje dificultado pelas muitas amarras do politicamente correto, que excluiu do Carnaval o buliçoso personagem Arlequim.


CLIPE

É o Frevo, É Brasil recorre ao artifício do frevo autorreferencial, e à apologia ao gênero do carnaval pernambucano “De Recife a Olinda/do mar até o sertão”. É Só Brincadeira (com Zamma) é um frevo galope, à Moraes Moreira, de balanço irresistível, com solos de guitarra em meio aos metais, da orquestra de César Michiles. É Só Brincadeira teve direito a clipe, gravado semana passada no clássico Hotel Central, na Manuel Borba.

O EP é importante por ser de um grande nome da música pernambucana, e brasileira, trazendo novos frevos. Um diferencial de um Carnaval cujos palcos serão ocupados por músicos, e grupos, com repertório alheio à época.


GERALDO E O FREVO

Da Alemanha, onde passa férias, Geraldo Azevedo mandou um comentário sobre sua relação com o frevo:

Realmente é o primeiro lançamento de frevo de Geraldo Azevedo, mas há de convir que na minha trajetória toda o frevo está presente, desde o começo da minha carreira. Na década de 80 criamos o projeto Asas da América, eu Alceu e Carlos Fernando, incentivamos sempre revigorar e renovar o frevo. Em vários discos meus tem uma faixa de frevo. E meus shows são marcados por terminar fazendo frevo juntos. Venho fazendo o carnaval há muitos anos, sempre ligado ao frevo.

Meu sonho era gravar um DVD, porém a produção é muito cara. Mas esta coisa ainda vai ser realizada. Comecei pelo EP, mas com certeza para o ano vai ter um CD completo. Além destas cinco canções vão entrar mais cinco para completar um CD. Quem sabe o DVD vem por ai também? Porque é o meu sonho realizar este projeto, é muito vibrante, grandiosa, a minha relação com o público, e com o carnaval pernambucano.

Sempre ouvi os mestres Claudionor Germano, Expedito Baracho, já regravei música de Capiba, Luis Bandeira, Zé Michiles, compositores importantes da história do frevo. E sou um compositor de frevo, fiz muitos com Carlos Fernando, e continuo fazendo. Agora mesmo fiz um com Maciel Melo, com Zamma, e mais umas canções conhecidas transformadas em frevo, que é o nosso rock, a nossa música mais energética, e eu sempre vou trabalhar com ele. Gostaria que se tornasse mais nacional, um ritmo com que o Brasil inteiro vibre e dance.

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