sábado, 29 de abril de 2017

ODETE AMARAL, 100 ANOS


Filha caçula do lavrador Alfredo Amaral e de Albertina Ferreira do Amaral, Odete nasceu em Niterói, mas com um ano sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde o pai se tornou chofer de caminhão. Aos seis anos de idade entrou para o Colégio Uruguai, onde fez todo o curso primário. Em 1929, empregou-se na América Fabril como bordadeira. Por sua bonita voz, era sempre convidada a cantar no teatro da escola, além de festas de aniversário. Sua irmã, que muito a admirava, levou-a à Rádio Guanabara em 1935, na época dirigida por Alberto Manes, para que fizesse um teste. Fez a prova acompanhada pelo pianista Felisberto Martins, cantando "Minha embaixada chegou", de Assis Valente. Com o sucesso do teste, a cantora foi logo escalada para participar do programa "Suburbano", onde também se apresentavam Sílvio Caldas, Marília Batista, Noel Rosa, Almirante, Aurora e Carmen Miranda, entre outros. Levada por Almirante, passou a cantar também na Rádio Clube. No mesmo ano, participou da inauguração do Cassino Atlântico e pouco depois, apresentava-se na Rádio Ipanema. Atuou ainda em várias emissoras, dentre as quais a Sociedade, a Philips e a Cruzeiro do Sul. Por essa época atuou no teatro cantando "Ganhou mas não leva", de Milton Amaral, em uma revista levada no João Caetano. Em 1936 gravou seu primeiro disco, na Odeon, interpretando os sambas "Palhaço", de Milton Amaral e Roberto Cunha e "Dengoso", de Milton Amaral. Em seguida, foi levada por Ary Barroso para a RCA Victor, onde estreou com a batucada "Foi de madrugada" e a marcha "Colibri", ambas de Ary Barroso. Paralelamente, cantava em coro, atuando em muitos discos de colegas como Francisco Alves, Mário Reis e Almirante. No mesmo ano, assinou o primeiro contrato de sua carreira, na Rádio Mayrink Veiga. Por essa época , recebeu de César Ladeira o slogan de "A Voz Tropical". Em 1937, participou da inauguração da Rádio Nacional, onde permaneceu por dois anos. No mesmo ano gravou o samba "Sorrindo", de Ciro Monteiro e L. Pimentel, a rumba "Terra de amores", de Gadé e Valfrido Silva, o samba-canção "Só você", de Haníbal Cruz, além da marchinha "Não pago o bonde", (J. Cascata- Leonel Azevedo), sucesso no carnaval. Em 1938, casou-se com o cantor Ciro Monteiro, com quem teve um filho. Ainda em 1938 gravou de Ataulfo Alves e Alcebíades Barcelos, os sambas "Ironia" e "Não mando em mim" e de João da Baiana, o samba "É melhor confessar do que mentir". Em 1939 se mudou para São Paulo SP, contratada pela Rádio Cultura, onde atuou durante uma ano e meio, percorrendo vários estados do Brasil nos intervalos dos programas, acompanhada de Ciro Monteiro. Participou do filme da Cinédia "O samba da vida", de Luís de Barros.



Ainda em 1939 gravou com Ciro Monteiro os sambas "Sinhá, sinhô" e "Bem querer", ambos de Aloísio Silva Araújo. Em 1940 gravou a marcha "O gato e o rato", de Wilson Batista, Arnô Canegal e Augusto Garcez, a batucada "Eu já mandei", de J. Cascata e Leonel Azevedo e o samba "Quando dei adeus", de Ataulfo Alves e Wilson Batista. Em 1941 retornou para a Rádio Mayrink Veiga, no Rio, e lá ficou por seis anos. No mesmo ano gravou a marcha "Serenata", de Felisberto Martins e Sá Róris, o samba "Pode chorar se quiser", de Roberto Cunha e o frevo canção "Não sei o que fazer", de Capiba. No mesmo período passou a gravar na Odeon, onde estreou com a valsa "Minha primavera", de Gadé e Almanir Grego e a fantasia "Minha voz", de Eratóstenes Frazão. Em seguida, gravou "Não quero dizer adeus", samba-choro de Laurindo de Almeida. Em 1942 gravou os sambas "Quem não chora não mama", de Laurindo de Almeida e Ubirajara Nesdem, "Caminhar sem destino", de Felisberto Martins e Henrique Mesquita e "Por causa de alguém", de Ismael Silva. Em 1943 registrou o fox canção "Primavera em flor", com música de Georges Moran sobre versos do poeta J. G. de Araújo Jorge, e os sambas "Favela morena", de Estanislau Silva e João Peres e "Resignação", de Geraldo Pereira e Arnô Provenzano. Em 1944 gravou de Geraldo Pereira e Ari Monteiro, o samba "Carta fatal", com o Quarteto de Bronze, a valsa "Toureador", de Georges Moran e Osvaldo Santiago, e o choro "Murmurando", de Fon-Fon e Mário Rossi, seu maior sucesso que tornou-se um verdadeira clássico da MPB. Em seguida lançou de Haroldo Lobo e Eratóstenes Frazão a marcha "Quem tem mágoa bebe água". Passou um período em que realizou poucas gravações, fazendo alguns registros no pequeno selo Star, entre eles, a marcha "A moleza do faquir", de Dênis Brean e Osvaldo Guilherme e o samba "Por que mentir?", de Luiz Antônio e Ari Monteiro. Atuou na Rádio Mundial de 1947 a 1951, ano em que, contratada pela Rádio Tupi, se apresentou no programa matutino O Rio se Diverte e, à noite, no Rádio Seqüência G-3. Em 1949 chegou ao fim seu casamento com Ciro Monteiro. Em 1951 retornou para a Odeon com os choros "Bichinho que rói", de Dênis Brean e "Mais uma vez", de Cachimbinho e Delore. No mesmo ano, assinou contrato com a Rádio Tupi.


Em 1952 re gravou o clássico samba canção "Ai Ioiô", de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto. No ano seguinte gravou "Carneirinho de São João", marcha de Luiz Vieira. Em 1954 gravou os sambas "Nasceu pra sofrer", de Arnô Provenzano, Isaias Ferreira e Oldemar Magalhães e "Vem amor", de Enésio Silva, Isaias Ferreira e Jorge de Castro. Ainda nesse ano lançou o samba-canção "Quando eu falo com você" (Mário Rossi e Gadé), o choro "Girassol" (Mário Rossi), o ritmo afro "Pai Benedito e Iemanjá" (Henrique Gonçalves), o samba-canção "Divina visão" (Vargas Júnior) e "Cruz para dois" (Chocolate e Jorge de Castro), além da regravação do samba-canção "Carteiro" (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins). Em 1957 assinou contrato com a gravadora Todamérica, na qual estreou com os sambas "Dedo de Deus", de Raul Marques e Ari Monteiro e "Tô chegando agora", de Monsueto Menezes e José Batista. No mesmo ano lançou seu primeiro LP, com arranjos do maestro Guio de Moraes, "Tudo me lembra você". Em 1959 lançou o samba "Enquanto houver Mangueira", de Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr. Em 1962, assinou contrato com a Copacabana. Um de seus trabalhos mais interessantes foi o LP "Do outro lado da vida - Os que perderam a liberdade contam assim sua história", gravado com Cyro Monteiro Jr., no qual interpretou composições de presidiários do então estado da Guanabara e de São Paulo, entre as quais, "Luar de Vila Sônia", valsa de Paulo Miranda, "Nos braços de alguém", samba canção de Quintiliano de Melo e "Silêncio! É madrugada", samba canção de Wilson Silva. Lançou também, com Silvio Viana e seu conjunto, o LP "Sua majestade Odete Amaral - A rainha dos disc jockeys". Em 1968 lançou com sucesso dois sambas clássicos da MPB, "Alvorada no morro" (Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho) e "Sei lá, Mangueira" (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho), além de "Tempos idos" (Cartola e Carlos Cachaça), que ela gravou ao lado de Cartola, todas gravadas no mesmo disco, o histórico "Fala Mangueira", ao lado de Cartola, Clementina de Jesus, Nélson Cavaquinho e Carlos Cachaça. Em 1975, participou da série "MPB 100 ao vivo" irradiada pelo projeto Minerva, Rádio MEC, em cadeia nacional de emissoras. Ao lado de Paulo Marques, cantava os grandes sucessos dos anos 1930. A série de 30 programas deu origem a oito LPs criados por seu produtor Ricardo Cravo Albin. Dois anos mais tarde, participou do show "Café Nice", ao lado de Paulo Marques e Altamiro Carrilho, com direção e narração de Ricardo Cravo Albin. Uma das cantoras populares brasileiras de voz mais pessoal e afinada, nunca chegou a atingir o estrelato de cantoras como Carmen Miranda, Aracy de Almeida ou as irmãs Linda e Dircinha Batista, mas é ainda hoje considerada uma melhores intérpretes brasileiras da década de 30 e de todos os tempos.


Fonte: Cantoras do Brasil

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