Repertório de peças de autores nacionais ou de estrangeiros que viveram e produziram no país estão no novo trabalho dos gêmeos Paulo e Ricardo Santoro
Por João Paulo
O violoncelo tem uma das mais belas sonoridades entre os instrumentos de orquestra. É lindo solo, em duo com piano e compondo o naipe no quarteto de cordas. No entanto, a formação em duo, com dois violoncelos, é rara. No Brasil, para ser exato, existe apenas uma no gênero, o Duo Santoro, integrado pelos irmãos gêmeos, com atuação reconhecida no cenário da música erudita brasileira há mais de 20 anos.
O duo acaba de lançar o disco Bem brasileiro, com repertório de peças de autores nacionais ou de estrangeiros que viveram e produziram no país. Com arranjos sofisticados e peças escritas especialmente para o Duo Santoro, o disco mostra como o virtuosismo dos irmãos permite interpretações que dão aos instrumentos a capacidade de cumprir tanto o acompanhamento como o solo, em generosa troca de papéis entre os irmãos.
Fazem parte do programa O trenzinho do caipira, de Villa-Lobos; Choro, de Waldemar Szpilman; Três temas do folclore, de Ricardo Medeiros; Três duetos modais, de Ernst Mahle; Modinha, de Francisco Mignone; Nazareteando, de José Alberto Kaplan; Duo, de Alexandre Schubert; Choro seresteiro, de Osvaldo Lacerda; Seis duetos, de Ernani Aguiar; A 7ª folha do diário de um saci, de Edmundo Vilani-Côrtes; Cantiga e desafio, de João Guilherme Ripper; e Bis, de Sergio Roberto de Oliveira.
Os temas mostram, além das possibilidades do instrumento e da formação em duo, vários estilos e linguagens da arte brasileira contemporânea. Para ouvidos menos treinados, a sonoridade, ainda que intensa, pode afigurar-se pouco variada. Para isso, nada melhor que ouvir com atenção cada peça para perceber, nas nuances da interpretação, a riqueza rítmica, harmônica e melódica da música brasileira e a qualidade técnica e expressiva do Duo Santoro.
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