sexta-feira, 16 de agosto de 2019

DA LAMA A FAMA: DISSECANDO O MOVIMENTO MANGUE BEAT (1994-2004) - PARTE 05

Por Marcilo José Ramos da Silva



RESUMO: O trabalho a seguir, pretende analisar a temática Mangue Bit, também conhecido como Mangue Beat, movimento artístico-musical criado no inicio dos anos 90 na cidade do Recife-PE por jovens músicos, jornalistas e artistas da periferia local. Tal movimento pretendia alertar a população para a ociosidade cultural a qual a cidade se submetia na época, como também conscientizar a comunidade para os problemas sociais dos quais a população sofria. O Movimento Mangue Beat serviu para dar vez e voz a quem até então vivia a margem sócio-econômica da cidade. Com o surgimento da cena Mangue, o subúrbio passou a ser visto não só como um lugar de violência e desprezo, mas sim, também como um lugar de produção cultural de qualidade. Foi a partir do Mangue Bit que os tidos, classe “B” e “C” puderam se expressar artisticamente marcando assim um novo recorte no campo cultural recifense. Entretanto, os mentores da cena não estavam preocupados só com a produção musical, mas também com a questão ambiental, pois o processo de modernização da cidade aterrou os mangues para dar lugar a avenidas e prédios, ou seja, o movimento ao mesmo tempo que se preocupou com a estagnação musical, denunciou a degradação do ecossistema local, tendo em vista que o mangue é considerado berçário da maioria das espécies marinhas. Para isso se muniram de um documento, o manifesto Mangue, é dividido em três partes e nelas podemos notar a presença dos discursos culturais, ambientais e de identidade. Para a difusão do Manifesto Mangue, seus criadores utilizaram-se tanto da mídia impressa quanto da mídia digital, além do que, criaram uma linguagem própria, baseada em metáforas e gírias ligadas ao ecossistema manguezal. O Mangue Beat esteticamente rompe com a dita tradição musical, se utilizando de fusões rítmicas para fomentar outro gênero que tem como característica a junção do moderno com a tradição, o lúdico com o político, diversão e preocupação. 


PALAVRAS-CHAVE: Mangue Beat. Maracatu. Manifesto. Chico Science




2.1 O Movimento 

A primeira vez que o nome Mangue Bit apareceu foi em 01/06/91 no Jornal do Comércio, na matéria o ritmo era definido por Science como: “[...] a mistura de samba- reggae, rap, ragafuffin e embolada”. Em 1992 uma espécie de coletânea é lançada, o disco continha músicas demo (demonstrativas) das bandas Chico Science & Nação zumbi e Mundo Livre S/A (a MLSA tinha a frente o ex-punk e jornalista Fred Rodrigues Montenegro, mas conhecido como Fred 04). Em 1993 a CSNZ faz uma mini Turner com três apresentações nas cidades de Belo Horizonte (casa de show Drosophilia) e em São Paulo, show para 700 pessoas no espaço Aeroanta. São Paulo e Belo Horizonte costumavam revelar grandes talentos musicais e era pela região sudeste que girava a efervescência do circuito musical nacional. Em um destes shows estavam alguns artistas e produtores artísticos já consagrados do cenário nacional, como Jorge Davidson (Warner), Pena Schimidt e os ídolos de Chico, Edgar Scandurra e Nazi, ambos da banda IRA. Apesar das 48hs de viagem, dentro de um ônibus sem o menor conforto, a 1ª “Mangue Tour” (turnê Mangue) foi sucesso de público e críticas na mídia. Como jogada de marketing os “Mangue-musicos” em suas apresentações ofereciam o “kit Mangue”, que consistia em; camiseta, pau-de-índio (bebida composta de raízes, ervas e cascas), um chip colar, fita demo e um glossário de gírias. O Brasil começava a descobrir o novo som, o som que vinha dos mangues do Nordeste. Não veio com sangue e lagrimas, mas com muito suor e esforço. Estava assim se expandindo o Mangue Beat, uma cooperativa contra o marasmo (contra a homogeização da produção artística vinculada pela grande mídia), ou seja, estava ganhando afirmação (dentro dos grandes meios de comunicação) um movimento alternativo que fez com que o jovem da periferia tivesse sua vez. Segundo Hermano Vianna: “A cena Mangue deu voz a quem não tinha como se expressar em um nordeste calejado dos mandos (ou desmandos) da tradição autoritária de origem agrária”. Era o começo de novos tempos, o fim do analógico e o inicio do digital. Estava acontecendo na música brasileira o que na França de 1922 aconteceu com a história através da escola dos Annales. A mudança estava ali e era notável, faltava uma maior lapidação daquele diamante bruto chamado Mangue Beat. 

O tempo ia passando e o Mangue Beat se consolidando. Em 1993 o jornalista José Teles escreve um artigo chamado: Recife inventa o Mangue-Beat. Lenine lança o disco Olho de Peixe, sucesso de critica por misturar elementos rítmicos pop’s e locais. Em Março de 1993 a banda Chico Science & Nação Zumbi ganha projeção nacional ao aparecer na revista Bizz. Em 25 de Abril do mesmo ano, estréia o festival Abril Pro Rock, organizado por Paulo André (produtor e futuro empresário da banda CSNZ). Ainda em 93, a MTV elabora um especial para apresentar o novo ritmo, com o titulo: Especial CSNZ, o programa deu retorno a emissora em forma de audiência e aos Malungos em forma de convite para se apresentarem no festival Wollywood Rock, transmitido pela mesma emissora. O grupo fez seu show poucas horas antes da banda Nirvana (a atração mais esperada da noite). Daí então, as aparições na mídia se tornaram freqüentes. O renomado produtor musical Carlos Eduardo Miranda, na época jornalista da revista Bizz, visita Recife e elogia a cena Mangue. Fato que fez com que o mercado musical se voltasse para a cidade, atraindo assim alguns estúdios e a rádio Rock 89 FM por exemplo. 

Na TV Cultura, participaram do Especial Mangue Beat (Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A), como também dos programas Fanzine e Metrópole. Já no SBT, participaram do Programa Livre e na Globo do Domingão do Faustão. A partir daí vieram convites para festivais como o Festin Bahia, etc. No mês de Agosto ocorre um fato marcante, fazem uma visita ao Recife, vindo de São Paulo, toda diretoria e a presidência da gravadora Sony Music, visita feita no intuito de assistir a um show da Banda Chico Science & Nação Zumbi, tudo estava se encaminhando para a contratação da banda, e foi isso que aconteceu, assinaram contrato com o selo Caos e a gravadora Sony, Liminha foi o produtor do disco e Paulo André se torna empresário da banda. Nessa mesma época, Mundo Livre S/A toca no III Festival de Inverno de Garanhuns. Jorge Ben os convida para participar do seu show com publico estimado em 3.500 pessoas. Pouco tempo depois, no dia 17 de Janeiro de 1994, a MLSA assina contrato com o selo Banguela (posteriormente Excelente Discos) e a gravadora Warner Music. Com a efervescência batendo a porta da Veneza Brasileira, Fred 04 chegou a afirmar na época: “Recife é muito mais rica em música do que Seattle”, alusão feita por, Seattle até então ser considerada (pela mídia mundial) como berço criativo alternativo, sendo o movimento grunge seu nicho. Segundo relatos de amigos, Chico sempre dizia; “Faça o que você quer que dá certo” e foi graças ao empenho de artistas como o próprio Chico Science, Fred 04, Jorge Du Peixe, Lucio Maia, Renato Lins, Dokctor Mabuse e Elder Aragão (Dj Dolores) que o Mangue Beat se tornaria um gênero musical conhecido não só no país como pelo mundo a fora. 

Em Agosto de 1994 é realizado o Rec Beat, festival proposto para divulgar a cena Mangue. É dentro do contexto de difusão musical que, praticamente uma “invasão nordestina” acontece no sudeste, com 12 bandas Mangues se apresentando durante 3 dias no Aeroanta-SP. Sucesso de publico e critica. Os caminhos estavam abertos e o gênero se tornaria conhecido e apreciado pelo Brasil a fora... Na primeira turnê internacional Chico Science & Nação Zumbi dividiram o palco com Gilberto Gil, se apresentando em alguns países da Europa. Nos Estados Unidos da América se apresentaram no festival Summerstage realizado no Central Park em New York, os Malungos em nota, receberam elogios do The New York times. Já na segunda turnê, participaram as Bandas Mundo Livre S/A e a Banda de Pífanos de Caruaru. A segunda turnê consistiu em cinco apresentações nos E.U.A e Europa. 

No ano de 1995, estréia na rádio Caetés FM o programa Mangue Beat. Em 1996, com a cena já consolidada, as bandas Mundo Livre S/A e Chico Science & Nação Zumbi lançam respectivamente Guetando a Ôia e Afrociberdelia. O segundo disco da banda CSNZ veio mais moderno, com pitadas de hip hop, misturando assim elementos tribais e high-tech. O leque de possibilidades aumentava, assim como o conceito Mangue, acarretando assim no surgimento de novas bandas, as bandas Mangues se destacavam cada vez mais e no ano de 1997 as bandas Jorge Cabeleira e Mestre Ambrósio assinam com a Sony e gravam os discos O Dia em que Seremos Todos Inúteis e Fuá na Casa de Cabral. produzido por Lenine. Após dez anos de “estrada” a independente Devotos do Ódio (hoje Devotos) grava pela BMG (Plug) o disco Agora Tá Valendo. 

O disco Afrociberdelia, tem inicio com a música Mateus Enter, uma espécie de apresentação inicial, pois o Mateus é um dos personagens do cavalo marinho. Ele chega para brincar. Na musica Mateus Enter, o Mateus é mais tecnológico, o “enter” (tecla de computador) tem relação com sua entrada na brincadeira, anunciando assim a chegada (entrada) da banda Chico Science & Nação Zumbi. Com esse simples gesto, Chico Science se apropria de um dos signos de identidade folclórica local, ou seja, se utiliza de uma estética já formada para fomentar outra utilizando o tradicional e o tecnológico. 

Saia então do Recife, esgoto pós-industrial dos anos 90, a musicalidade que mais tarde iria ser considerada por críticos do ramo tão importante quanto a Tropicália foi na história do Brasil. Segundo o jornalista Lulu Carabina, o Mangue Beat é uma mistura de cultura popular, história e modernidade. Podemos também enquadrar o Mangue Beat no conceito de Peter Burke e analisar o Mangue Beat como uma cultura de hibridismo, não esquecendo porém que, foi (e é) produto e produtor das condições sócio-culturais do seu tempo, classifico assim como “Cultura Glocal”, ou seja, ao mesmo tempo o gênero incorpora em suas praticas e signos globais, porém, também se utiliza das lendas e musicalidade local para formar uma espécie de “salada sonora”. Sendo assim os “Mangueboys” (indivíduos que seguem a temática Mangue) transitavam entre as dualidades tradição/modernidade, centro/periferia, nacionalismo/cosmopolitismo, etc. Não esquecendo claro, da questão social, pois o discurso Mangue propiciou uma consciência político-social, transformando assim o campo cultural em um agente problematizador, questionador e explicador, porém sem ligação com os mecanismos políticos institucionais, foi um movimento feito por civis para civis. Usaram como embasamento teórico principalmente as obras de João Cabral de Melo Neto e Josué de Castro, obras consideradas verdadeiros clássicos regionais nos estudos sociais de caráter político- humanista. Como metáfora maior, a cena tem a temática mangue, ecossistema esse que faz parte da geografia local. Entre os vários exemplos metafóricos que o movimento Mangue Beat utilizou, podemos citar o Homem Caranguejo, metáfora iniciada nas obras de Josué de Castro e retomada para a cena Mangue. Na “filosofia Crustaciana” o caranguejo é o personagem principal, algumas vezes se metamorfoseando com o Homos Sapiens. Tanto nas obras de Josué como no movimento Mangue, podemos notar a presença do homem-caranguejo e do homem-gabiru. Para Josué de Castro o Homem Gabiru é um sujeito mau e aproveitador, para o Mangue Beat o Homem Gabiru é uma pessoa omissa e socialmente marginalizada. No conceito do Mangue Beat, os homens caranguejos são humanóides inspirados em ficção cientifica e histórias em quadrinho. Os homens caranguejos são indivíduos que sofreram mutação após tomarem cerveja feita com água (contaminada) do mangue. No encarte do disco de estréia da banda Chico Science & Nação Zumbi, Da Lama ao Caos – 1994, contém uma história em quadrinhos explicando a metamorfose. Para Josué de Castro, o Homem Caranguejo é o próprio sujeito que vive nas palafitas, nos mangues catando crustáceos para sua sobrevivência. Apesar dos mentores da cena Mangue, tratarem Josué de Castro como um “guru” intelectual, como podemos notar, há pequenas divergências nos conceitos de Homem Gabiru e Homem Caranguejo. 

Nos anos 90 o processo de redemocratização no Brasil foi orientado pelo discurso da redução de gastos [...]” (Moisés, 2001) e quem mais sofreu com isso foram os incentivos culturais, é remando contra a maré que a cena Mangue surge, fazendo com que a periferia recifense trocasse as tristes paginas policiais pelas paginas dos cadernos culturais. Ganhando voz (mesmo que por muitas vezes abafada) e denunciando a exclusão social, a violência urbana, a degradação do ecossistema manguezal, a fome e a pobreza, problemas comuns em países subdesenvolvidos, outrora chamados “terceiro mundo”. O Mangue Beat foi o movimento pop mais importante dos anos 90, antes dele as bandas brasileiras seguiam a tendência produzida fora. O Mangue beat instigou os artistas a criarem um pop brasileiro. E, pensar que tudo começou meio que sem pretensão e que freqüentando lugares como a praça da independência, mas conhecida como Praça do Diário, por se encontrar ao lado do jornal mais antigo em circulação das Américas (Diário de Pernambuco), onde os mangue boys tinham contato com a cultura popular, a exemplo podemos citar os repentistas Pinto e Rouxinol e emboladores como Siriema e tantos outros, que os Caranguejos com cérebro despertaram para a cultura popular. Mas também poderia ter sido na praia de Del Cifre, lugar muito freqüentado pelos Malungos ou no apartamento da irmã Goretti. Mas quem garante que também não foi? 

“Assim como os tropicalistas pegaram o baião que era esnobado na época da bossa nova para mostrar o que é brasileiro. A turma do Mangue Beat nos anos 90 pegaram os ritmos típicos de Pernambuco; ciranda, coco e embolada e misturaram com o que tem de mais atual como rap e rock pesado para fazer uma coisa diferente. Uma síntese do que seria o muito nacional com o que seria o muito internacional.” (CALADO, 2008).


Havia ainda projetos paralelos que devido à morte de Chico Science, não foram tocados em frente. Por exemplo; em 1997 estrearia uma novela pela internet chamada Os 12 Caranguejos do Apocalipse, onde os personagens que combatiam a massificação cultural e dominavam o campo nas pesquisas da expansão química da mente eram Caranguejos. Além da futura trilha do filme de Kátia Mesel: Recife de Dentro para Fora, baseado em textos do poeta João Cabral de Melo Neto. Na música, Chico Science além das parcerias feitas com Arnaldo Antunes, Fernanda Abreu e Syung, havia a intenção por parte de Chico de consolidar parcerias com Herbert Viana (líder dos Paralamas do Sucesso) e com Max Cavalera (na época líder do Sepultura), Chico pretendia montar um projeto paralelo chamado Sebosa Soul. As bandas Nação Zumbi e Mundo Livre tinham um projeto não executado chamado Orquestra Manguefônica, consistia na fusão de todos os integrantes em pró de uma única banda, sendo as músicas executadas com arranjos diferenciados das originais. O que anos depois da morte de Chico se consolidaria. Herbert Viana musicou uma letra inédita de Chico Science chamada Scream Poetry, além de regravar no acústico MTV Paralamas do Sucesso, em 1999 a música Manguetown. 

A seguir analisarei a importância de alguns textos, discos e músicas representativas do movimento Mangue Beat. 



2.2 O Manifesto


Para uma maior legitimação da cena, foi publicado em alguns jornais o Manifesto Mangue, posteriormente impresso no CD de estréia da banda Chico Science & Nação Zumbi (Da Lama ao Caos, 1994). O manifesto “Caranguejos com Cérebro” é dividido em três partes e tem como temas o ecossistema manguezal, a geografia e o crescimento destrutivo em pró do progresso da cidade do Recife e por ultimo a cena Mangue, o perfil dos Mangueboys e Manguegilrs e o que era preciso fazer para estimular a cultura local. Abordando ainda o crescimento histórico desordenado da cidade do Recife, o aterramento dos mangues, rios, lagos, lagoas e estuários. Além das mudanças geográficas local, abordava ainda às condições sociais da população e o “resgate” das tradições culturais que estavam quase esquecidas. A inspiração do manifesto veio das obras Geografia da Fome (1946) e Homens Caranguejos (1967), ambas escritas pelo Sociólogo e geógrafo Josué de Castro, as obras foram de fundamental importância na metáfora do “Homem-Caranguejo”, onde a vida dos habitantes das margens do mangue da cidade de Recife é comparada com a vida de um caranguejo. No manifesto há até uma nomenclatura para tal ser, denominado de Chamagnathus Granulatus Sapiens. O documento se torna bem completo ao frisar questões históricas, geográficas, sociais e culturais. 


(Mangue: o conceito)

Estuário: parte terminal de um rio ou lagoa, em suas margens se encontram os manguezais, comunidades de plantas tropicais ou subtropicais inundadas pelo movimento das marés. Pela troca de matéria orgânica entre a água doce e a água salgada, os mangues estão entre os ecossistemas mais produtivos do mundo. Os estuários fornecem área de desova e criação para dois terços da produção anual de pescados do mundo inteiro. Apesar das muriçocas, mosquitos e mutucas; inimigos das donas-de-casa, para os cientistas, os mangues são tidos como símbolos de fertilidade, diversidade e riqueza. 


(Manguetown: a cidade)

A planície costeira onde a cidade do Recife foi fundada é cortada por seis rios. Após a expulsão dos holandeses, no século XVII, a (ex) cidade Maurícia passou a crescer desordenadamente as custas do aterramento indiscriminado e destruição dos seus manguezais. Uma cínica noção de progresso, que elevou a cidade ao posto de metrópole do nordeste, não tardou a revelar sua fragilidade. Bastaram pequenas mudanças nos ventos da história para que os primeiros sinais de esclerose econômica se manifestassem no início dos anos 60. Nos últimos trinta anos, a síndrome da estagnação, aliada à permanência do mito da metrópole, só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano. 


(Mangue: a cena)

Emergência! Um choque rápido, ou Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruir suas veias. O modo mais rápido também, de enfartar e esvaziar a alma de uma cidade como Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife. Os Mangueboys e Manguegirls são indivíduos interessados em: Quadrinhos, TV interativa, antipsiquiatria, artismo, música de rua, sexo não virtual, conflitos étnicos e todos os avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência. 

Vimos que o manifesto se faz presente no sentido literal da palavra, pois, expõe os problemas (o caos) e propõe melhorias. Tais melhorias seria a não poluição ambiental, poluição essa que degrada de maneira irreversível o ecossistema natural. Porém no parágrafo final, o manifesto se detém a explicar o perfil de um Mangue boy ou uma Mangue Girl, indivíduos preocupados com a poluição em nome do progresso. 


FONTES E BIBLIOGRAFIA 

1. Discografia. 
Mundo Livre S/A. Samba Esquema Noise. Warner, 1994. 
Chico Science e Nação Zumbi. Da Lama ao Caos. Sony Music, 1994. Chico Science e Nação Zumbi. Afrociberdelia. Sony Music, 1996. 
Chico Science e Nação Zumbi. CSNZ. Chaos/Sony Music, 1998. (Cd póstumo) 


2. Videografia. 
ALENCAR, Alexandre. De malungo pra malungo. 1999. (42 min. Cor) ASSIS, Cláudio. Texas Hotel. 1999 ( 14 min. cor). 
.Um passo à frente e você já não está no mesmo lugar. 2000 (50 min. Cor) 
. Amarelo manga. 2003 ( 100 min. Cor). 
CALDAS, Paulo. & LUNA, Marcelo. O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas. 2000. (75 min. Cor). 
. & FERREIRA, Lírio. Baile Perfumado. 1997 (93 min. Cor) FERREIRA, Lírio. Árido Movie. 2003 (115 min. Cor) 
GOMES, Marcelo. Maracatu, Maracatus. 1995 (14 min. Cor) 
. et al. A perna cabiluda. 1997. (19 min. Cor) 
MAHEIRIE, Kátia. Sete mares numa ilha: a mediação do trabalho acústico na construção da indentidade coletiva. 2001. 
QUEIROZ, Bidu. & BARROSO, Cláudio.O mundo é uma cabeça. 2004 (17 min. Cor) TENDLER, Sílvio. Josué de Castro, cidadão do mundo. 1995. (52 min. Cor) 


3. Bibliografia. 
ABREU, Martha. Cultura Popular: um conceito de várias histórias. São Paulo: Nova Fronteira,1999. 
ALMEIDA, Candido José Mendes de. O que é Vídeo. São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 1985. (col. Primeiros Passos). 
ANDRADE, Mario de. Compêndio sobre a música brasileira. 2 ed. São Paulo:Chiarato, 1929. 
. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1962. 
. Música, doce música. São Paulo; Martins Fontes, 1963. 
BERNARDET, Jean-Calude. O que é Cinema. São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 185. (col. Primeiros Passos). 
BORDIEU. Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. São Paulo: Ed. 34, 1997. 
CARMO, Paulo. Sérgio do. Culturas da rebeldia: a juventude em questão. São Paulo: Ed. do SENAC, 2001. 
FOUCAULT, Michel. Ditos e Escritos. Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Rio de Janeiro: Forense, 2001. v. 3 
NAPOLITANO, Marcos. História cultural de música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 
NEGUS, Keith. Los gêneros musicales y la cultura de las multinacionales. Barcelona: Paidós, 2005. 
NETO. Moisés. A rapsódia afrociberdélica. Recife: Comunicarte, 2000. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. 
REZENDE, Antonio Paulo. O Recife: histórias de uma cidade. 2 ed. Recife: Fund. De Cultura do recife, 2005. 
RODRIGO, Moisés Gameiro. & CARVALHO, Cristina. O Movimento Manguebeat na mudança de realidade sócio-política de Pernambuco. In: Anais do 6º Congresso português de Sociologia. Universidade Nova Lisboa, 25-28 de junho de 2008. 
TELES, José. Do Frevo ao Mangue Beat. São Paulo: Ed. 34, 2000. 


4. Internet. 
FRITH, Simon. A indústria da música popular. University Press. Coleções Cambridge on line, 1996. Disponível em: http://www.popup.mus.br/.../industria.pdf Acesso em: 20 jul. 2009. 
JUSTINO, L. B. A vanguarda intelectual. In: Estudos literários e sócio-culturais. 1. Campina Grande: EDUEPB, 2006. Disponível em: http://ppgli.uepb.edu.br/index.php Acesso em 20 jul. 2009.















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