sábado, 31 de agosto de 2019

ANDRÉ MIDANI E AS HISTÓRIAS DOS BASTIDORES DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA

Por Amaury Jr. 




O dono da gravadora RGE-Fermata, Lebendiger, figura folclórica, tinha imaginação fértil para farejar novos negócios. Sabendo que os instrumentos de sopro no Brasil eram de péssima qualidade e não podiam ser importados por causa da reserva de mercado, foi à Europa e comprou cerca de 300 saxofones da prestigiosa marca Selmer para importar para o Brasil, onde havia grande demanda reprimida. Para burlar as restrições de importação, solicitou à fábrica Selmer que entregasse as embocaduras dos saxofones no hotel, em Cannes, e despachasse o resto para o Brasil, por navio.

Voltou então para São Paulo com as embocaduras na mala e passou fácil pela alfândega. Um mês depois, chegaram ao porto de Santos as enormes caixas de saxofones. Apreendidas, foram a leilão mais tarde.

Tem um automóvel Mercedes-Benz confiscado.

Preço mínimo, tanto!

Tem um lota de máquinas de costura. 

Preço mínimo, tanto!

Tem um lote de 300 saxofones Selmer confiscados. Sem boquilha. Quem se interessa?

Sem as embocaduras, ninguém se interessou, claro. Porém, o próprio Lebendiger levantou-se e deu um lance diante de uma plateia estupefata. Pago tanto! Ninguém dá mais? Pode levar. Ganhou um dinheirão. Vendeu todos a preço de ouro.

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