Um dos mais produtivos compositores da música brasileira ainda em atividade, Bráulio de Castro não pára de produzir nos mais variados gêneros da MPB, em especial a pernambucana
Por Bruno Negromonte
Se há uma única palavra que poderia ser associada a história do compositor dentro da música popular brasileira seria ressentimento. Salvo os compositores/intérpretes, poucos são aqueles que tem o seu trabalho por trás das canções reconhecido. Infelizmente é uma questão erroneamente cultural, e que com o passar dos anos e o advento das novas tecnologias tem se acentuado essa hábito de modo que em rádios, sites, aplicativos e programas de TV só há destaque para o intérprete. No entanto é preciso reconhecer a importância e o valor de tais profissionais que conseguem através de inspiração e transpiração produzirem canções pontuadas pelas mais distintas características. Pensando nisso, em 2013, o então deputado federal paulista João Paulo Cunha apresentou o projeto de lei n.º 5.985, onde dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de compositor e dá outras providências. Neste projeto de lei o autor buscou o reconhecimento da atividade de compositor como profissão artística, pois os considera de suma importância na formação cultural de um povo. Segundo o mesmo projeto as emissoras de rádio devem, obrigatoriamente, divulgar o nome dos compositores das obras musicais veiculadas em sua programação e o descumprimento do disposto sujeitará as emissoras infratoras em um primeiro momento ao pagamento de multa, e caso haja reincidência, os canais de comunicação poderão sofrer interdição em sua programação por período de até trinta dias. No entanto o que se ver rotineiramente nos mais distintos espaços é a omissão daqueles que compõem. Raramente há a divulgação dos autores e isso acaba por privar o grande público de conhecer expressivos nomes que ficam no anonimato por trás de versos e melodias.
É neste adverso contexto que Bráulio de Castro se encontra. Natural de Bom Jardim, município localizado no Agreste pernambucano a pouco mais de cem quilômetro da capital do Estado, Bráulio traz em seu gene essa aptidão para a música a partir do seu avô paterno que, no ano de 1932, fundou a Banda de Música Grêmio Litero-Musical Bonjardinense. Sendo assim é válido frisar que o seu interesse por música vem desde a infância como o próprio Bráulio recorda em entrevistas cedidas, mas apesar de algumas incursões pelo universo da composição, foi só ao mudar-se para o Recife que o pretenso compositor resolveu investir na carreira de modo mais sério. Esse fato ocorreu quando o bonjardinense, por volta dos dezoito anos, teve a sua primeira composição, um frevo, gravada pelo músico Martins do Pandeiro. Posteriormente, outros intérprete do gênero vieram a gravar suas composições, dentre eles Claudionor Germano. O nome mais expressivo do frevo chegou a fazer três registros fonográficos compostos por Bráulio: dois na década de 1970 e um outro em 1990. Ao mudar-se para o Sudeste a sua carreira como autor deslanchou. Fixando morada em São Paulo, o autor pernambucano teve como primeiro intérprete o saudoso Noite Ilustrada, que gravou uma marcha carnavalesca (já atestando ao grande público sua verve criativa a partir de outros gêneros e ritmos). Daí em diante o leque de intérpretes e parceiro vem se estendendo até os dias de hoje, pouco mais de cinco décadas depois de sua primeira composição gravada. Dentre seus intérpretes, Bráulio pode enumerar expressivos nomes dos mais variados gêneros dentro da música popular tais quais o Grupo Tradição (que acompanhados por Zeca Pagodinho eternizaram um samba que Benito de Paulo tinha lançado duas décadas antes: "Bendito Seja"), Wilson Simonal (que fez em 1976 a gravação da canção "30 dinheiros"), Nando Cordel e Fafá de Belém (que registraram "Meu bombom"), Maria Alcina ("O aperto"), Miltinho, Genival Lacerda (com Rock do jegue), Jair Rodrigues, Germano Mathias, Elza Soares, Jackson Antunes (que gravou "Vai Devagar, Conceição"), Luiz Gonzaga, Luiz Américo e Alcione ("Desafio (Cuca cheia de cachaça)"), Alcymar Monteiro, Flávio José entre outros tantos nomes da música popular brasileira de expressão local e nacional que emprestaram as suas respectivas vozes para cantar e decantar a obra de Bráulio de Castro a partir dos mais distintos ritmos e gêneros musicais existentes em nosso país sempre de modo desenvolto e muito original.
Criador nato, o autor desdobra-se em confetes, serpentinas, zabumbas, sanfonas, pandeiros, e tantos outros instrumentos que representam os mais variados ritmos existentes em todo o território nacional. São frevos (de bloco e canção), forrós, sambas e maracatus que vem adornando a cultura nacional e pernambucana ao longo dos últimos cinquenta anos a partir dos mais distintos temas. Para ser mais preciso, desde 1964, quando o próprio gravou pelo Selo Verdi o frevo "Além de mim" e o saudoso "formigão" Cyro Monteiro gravou o samba "Maria Luiza". Sem contar a participação em diversos festivais, onde apresentou composições como "Cem anos de Monteiro Lobato - Antes Que Acabem As Flores", "Recado de Adoniran para Arnesto", "Maracatu Quilombo" e "Bloco para Getúlio Cavalcanti" (composições que alcançaram o 1º lugar respectivamente nos concursos "Frevança" e Festival "Recifrevo"). Soma-se ainda a esta exitosa trajetória o primeiro lugar no Festival de Carnaval em comemoração ao centenário do Frevo com o Maracatu "Pátio do Terço", defendido magistralmente por Walmir Chagas, assim como também a mesma posição, no no último Festival de Carnaval realizado pela prefeitura do Recife com "Lá Vem Cabela", parceria sua com a cantora, instrumentista e compositora Fátima de Castro. Dentre alguns de seus registros, há três que merecem significativo e merecido destaque. São os discos "Meu Bom Jardim", "Minha Terra" e "Bom Jardim, Terra da Música e das Flores de Ouro", trabalhos dedicados ao seu torrão natal, onde Bráulio teve a oportunidade de unir em disco a fina flor da música pernambucana a partir de nomes como Genival Lacerda, Dominguinhos, Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Nádia Maia, Expedito Baracho, Caju e Castranha. Tais projetos o coloca no rol dos compositores que mais enaltecem sua terra dentro da música popular brasileira. São, entre vinis e cd's, 55 músicas em homenagem ao município de Bom Jardim.
Bráulio de Castro assemelha-se a uma fonte que parece nunca secar. São mais de 300 composições gravadas e tantas outras ainda inéditas que permite-nos compará-lo a um grande rio sonoro onde a musicalidade brasileira a partir dos mais distintos gêneros são verdadeiros afluentes que alimentam a criatividade do artista e este, concomitantemente, devolve aos ouvidos presentes nas margens ribeirinhas uma rica e inebriante sonoridade que alcança os mais variados rincões a partir de uma gama de ritmos e uma luta diária. Um embate onde a falta de qualidade a princípio até acha-se sem vantagem agora, mas ao longo do tempo tudo se esvai restando apenas aquilo que atemporaliza-se por sua qualidade tal qual o trabalho de nomes como o de Bráulio e tantos outros que escreveram e continuam a escrever a história da MPB. Uma luta onde o reconhecimento dessa imprescindível profissão perpassa por uma série de fatores que já deveriam estar maturados na cultura musical brasileira, mas infelizmente até então deixa-se muito a desejar. Uma luta diária para que contexto atual seja revertido, onde haja uma reestruturação profunda no modo como se ver a produção cultural em nosso país a partir da figura do compositor, profissionais estes, que como o próprio projeto de lei citado ao longo do texto diz "atuam como peça fundamental para um dos nossos mais consumidos e exportados produtos: a música brasileira".
Criador nato, o autor desdobra-se em confetes, serpentinas, zabumbas, sanfonas, pandeiros, e tantos outros instrumentos que representam os mais variados ritmos existentes em todo o território nacional. São frevos (de bloco e canção), forrós, sambas e maracatus que vem adornando a cultura nacional e pernambucana ao longo dos últimos cinquenta anos a partir dos mais distintos temas. Para ser mais preciso, desde 1964, quando o próprio gravou pelo Selo Verdi o frevo "Além de mim" e o saudoso "formigão" Cyro Monteiro gravou o samba "Maria Luiza". Sem contar a participação em diversos festivais, onde apresentou composições como "Cem anos de Monteiro Lobato - Antes Que Acabem As Flores", "Recado de Adoniran para Arnesto", "Maracatu Quilombo" e "Bloco para Getúlio Cavalcanti" (composições que alcançaram o 1º lugar respectivamente nos concursos "Frevança" e Festival "Recifrevo"). Soma-se ainda a esta exitosa trajetória o primeiro lugar no Festival de Carnaval em comemoração ao centenário do Frevo com o Maracatu "Pátio do Terço", defendido magistralmente por Walmir Chagas, assim como também a mesma posição, no no último Festival de Carnaval realizado pela prefeitura do Recife com "Lá Vem Cabela", parceria sua com a cantora, instrumentista e compositora Fátima de Castro. Dentre alguns de seus registros, há três que merecem significativo e merecido destaque. São os discos "Meu Bom Jardim", "Minha Terra" e "Bom Jardim, Terra da Música e das Flores de Ouro", trabalhos dedicados ao seu torrão natal, onde Bráulio teve a oportunidade de unir em disco a fina flor da música pernambucana a partir de nomes como Genival Lacerda, Dominguinhos, Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Nádia Maia, Expedito Baracho, Caju e Castranha. Tais projetos o coloca no rol dos compositores que mais enaltecem sua terra dentro da música popular brasileira. São, entre vinis e cd's, 55 músicas em homenagem ao município de Bom Jardim.
Bráulio de Castro assemelha-se a uma fonte que parece nunca secar. São mais de 300 composições gravadas e tantas outras ainda inéditas que permite-nos compará-lo a um grande rio sonoro onde a musicalidade brasileira a partir dos mais distintos gêneros são verdadeiros afluentes que alimentam a criatividade do artista e este, concomitantemente, devolve aos ouvidos presentes nas margens ribeirinhas uma rica e inebriante sonoridade que alcança os mais variados rincões a partir de uma gama de ritmos e uma luta diária. Um embate onde a falta de qualidade a princípio até acha-se sem vantagem agora, mas ao longo do tempo tudo se esvai restando apenas aquilo que atemporaliza-se por sua qualidade tal qual o trabalho de nomes como o de Bráulio e tantos outros que escreveram e continuam a escrever a história da MPB. Uma luta onde o reconhecimento dessa imprescindível profissão perpassa por uma série de fatores que já deveriam estar maturados na cultura musical brasileira, mas infelizmente até então deixa-se muito a desejar. Uma luta diária para que contexto atual seja revertido, onde haja uma reestruturação profunda no modo como se ver a produção cultural em nosso país a partir da figura do compositor, profissionais estes, que como o próprio projeto de lei citado ao longo do texto diz "atuam como peça fundamental para um dos nossos mais consumidos e exportados produtos: a música brasileira".
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