sábado, 21 de janeiro de 2017

NÓ EM PINGO D’ÁGUA ENSINANDO O SAMBA


Por José Teles



O veterano Nó em Pingo D’água (nascido em 1979) entra na festa do centenário do samba, com uma didática antologia, ou Sambatologia (Biscoito Fino), o título. Formado atualmente por Celsinho Silva(percussão), Márioi Séve (sopros), Rodrigo Lessa (bandolim e violão de aço), Rogério Souza (violão), com participação especial de Rômulo Duarte (contrabaixo), o grupo passeia pela evolução do samba, do seminal Pelo Telefone (Donga e Mauro de Almeida), até O Morro Não Tem Vez (1962, Tom Jobim/Vinicius de Moraes).

Salta de Pelo Telefone (que é na verdade um maxixe), para Se Você Jurar (de 1931, Ismael Silva, Nilton Bastos, e Francisco Alves, que certamente entrou na parceria como “comprositor”). Um dos sambas que definiram o gênero. Daí para a malemolência do baiano Dorival Caymmi do Samba da Minha Terra (1940), e para Último Desejo, de Noel Rosa e Vadico, samba canção de 1938, com um leve melancolia de fado.

Da bossa nova ao samba de enredo ou de latada(este último uma variante nordestina ausente do disco, assim como o de enredo), tudo é variação da matriz. O Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça), manifesto não oficial da bossa nova, aqui vira sambão, cujo arranjo recria este clássico,. Quase todos os arranjos são de Rodrigo Lessa, também diretor musical do projeto.

Todas as nove faixas do CD são bem manjadas. Mas, como assinala o professor Carlos Sandroni, no texto do encarte, “o uso de sambas originalmente cantados como standards para recriações instrumentais, é um caminho cheio de possibilidades”. Argumento ratificado, por exemplo, na interpretação de Nanã (1963, Moacir Santos/Mario Telles), no original, como diria Jorge Ben, um samba misto de maracatu, vira um samba meio jazzy, com variações de bandolim, e sax soprano. Homenagem descontraída, e requintada, ao gênero que se tornou, oficialmente, centenário em 2016.

Confiram o Nó em Pingo d’Água, ao vivo (2011), em Pelo Telefone:

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