A trajetória da cantora que morreu em um trágico acidente de carro em 1977, aos 40 anos
Por Bruno Astuto
Uma das vozes mais marcantes da história da música popular brasileira, Maysa Monjardim Matarazzo – ou simplesmente Maysa – estaria com oitenta anos se não tivesse morrido em um trágico acidente de carro na Ponte Rio-Niterói em 1977, aos 40 anos.
“Era um pouco atormentada, temperamental, mas sempre muito franca, transparente e de grande coração com os amigos. Uma cantora inimitável”, lembra o pesquisador musical Rodrigo Faour.
Maysa iniciou a carreira em 1956, mesmo ano em que deu à luz o diretor Jayme Monjardim, seu único filho, fruto do casamento com o empresário André Matarazzo. O álbum Convite para ouvir Maysa, todo autoral, logo se tornaria um grande sucesso. Mas foi no segundo disco que a cantora e compositora emplacou “Ouça”, um hit definitivo.
Sempre às voltas com a balança, Maysa, que era mais gordinha no começo da carreira, passou a vida inteira fazendo regimes. Sua trajetória também foi marcada por amores violentos, bebedeiras, brigas e escândalos – ela se desquitou do marido em 1958, sendo extremamente prafrentex, como se dizia na época, e também precisou fazer uma cirurgia plástica no rosto após bater de carro embriagada anos depois.
O temperamento forte e os hábitos da cantora, que nunca largava o cigarro nem o copo de uísque, foram imortalizados na música “Demais”, de Tom Jobim, um clássico do repertório da diva. Detalhe: a música havia sido lançada por Sylvia Telles anos antes, sem o mesmo impacto. Mas nenhuma se compara a seu maior sucesso, a fossa “Meu mundo caiu”.
Depois de flertar com a bossa nova no começo da década de 1960, Maysa se mudou para a Europa, onde se apresentou em grandes capitais, como Paris, Madri, Londres e Roma. Ela voltaria ao Brasil em 1968, com um show que ganhou registro em LP no ano seguinte, Maysa – Ao vivo no Canecão, em que revisitava todos os sucessos e ainda contava com suas versões, hoje clássicas, para “Light my fire”, do The Doors, e “Ne me quitte pas”, conhecida na voz de Jacques Brel.
Nos anos 1970, a cantora chegou a trabalhar como atriz – ela atuou na novela O cafona, na Globo – e amargou momentos de ostracismo: chegou a cantar em churrascarias e se isolou com o ator Carlos Alberto, seu namorado na época, em Maricá, lugar que escolheu para viver. Foi numa dessas viagens do Rio para a cidade, na região metropolitana, que ela sofreu o acidente que lhe tirou a vida precocemente. Em 2009, a trajetória da artista foi documentada na minissérie Maysa – Quando fala o coração.
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