Reprodução de música online vem ganhado cada vez espaço e tomando o lugar do download
Por Valentine Herold
Na internet, no tocador de MP3, no celular, na radiola, no iPod, na TV, no HD e no tablet. No carro, correndo no parque, no som de casa ou no ônibus. Sob todas as formas e em todo canto se ouve e se armazena música. Apesar de parecer para as gerações mais novas que é assim, desde que o mundo é mundo, essa facilidade contemporânea de escutar o artista desejado na hora em que lhe der vontade, por streaming – isto é, online –, não tem nem dez anos. O Youtube e Soundcloud são os mais conhecidos, mas os novatos do Deezer, Terra Napster, Grooveshark, Rdio e Spotify não ficam para trás e vêm investindo em homes personalizadas, playlists, podcasts e sugestões para seus usuários.
Essa é mais uma revolução na história da indústria da música. Assim como a maneira de compor e tocar, o jeito de consumir também evoluiu ao longo do tempo. A partir do final do século 19 e início do século 20, as pessoas não se viram mais obrigadas a sair de cada para apreciar um concerto. O rádio e, posteriormente, os discos de cera, acetato e vinil foram importantes transformações musicais. Na segunda metade da década de 1950, o compacto foi popularizado pelo preço acessível a um público jovem, quase que simultaneamente ao aparecimento do rock’n roll e às histerias de fãs adolescentes. Cerca de 30 anos depois, o CD surpreendeu a todos com a mídia digital e levou ao abandono de velhos formatos, ainda mais no final da década de 1980 com a facilidade do walkman. Aquele velho tocador de CDs portátil se tornou objeto obsoleto ainda no início na década de 2000, com o lançamento do iPod pela Apple – outra revolução.
Assim a indústria da música foi executando suas melodias, oferecendo cada vez mais comodidade ao público. E aí veio o download gratuito, muitas vezes ilegal, considerado por muitos o fim da cadeia sustentável da indústria fonográfica, mas por outro lado permitindo a democratização do acesso. Nos últimos anos, contudo, tornou-se mais comum apenas dar um “play” para ouvir o que bem entender, através de reprodução em streaming – em tempo real –, do que baixar faixas e discografias. Ao contrário do rádio, no qual não se pode interferir na escolha e ordem das músicas, no serviço de streaming quem escolhe a sequência da música é o próprio ouvinte. A empresa de pesquisas germânico-americana Nielsen apontou essa mudança ao divulgar em setembro de 2013 que o faturamento com downloads caiu em 2,6 % na primeira metade do ano e que os consumidores estariam migrando para a plataforma de execução online.
Sucesso desde que desembarcou no território virtual brasileiro no ano passado, o site francês Deezer surgiu em agosto de 2007 e está presente em 183 países. “Acabamos de completar um ano no Brasil e o resultado é fantástico. O brasileiro é conhecido por adorar coisas novas, redes sociais e música. Nosso sucesso advém de reunirmos esses três fatores”, analisa o diretor do serviço para a América Latina, Mathieu Le Roux. A grande novidade tanto do Deezer quanto do Terra Napster é seu formato de aplicativo para celular: o usuário seleciona enquanto está online playlists e artistas e, mesmo sem internet, offline, consegue acessá-las.
A cantora pernambucana Lulina, radicada em São Paulo, é dupla usuária do Deezer e do Soundcloud. Além de disponibilizar suas produções, o hábito de ouvir músicas através dessas plataformas fazem parte de sua rotina. “Primeiro me cadastrei no Soundcloud, o site que mais uso. Disponibilizo minhas músicas e minhas gravações caseiras por lá. Entrei no Deezer mais recentemente, meu último álbum foi lançado por lá e eles colocam em destaque, então dessa forma posso chegar a um público que nem nunca ouviu falar de mim”, conta.
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