Por Joaquim Macedo Junior
MEUS MELHORES BREGAS – NEGUE
Brega é estado de espírito
Ouço “Negue”, do português Adelino Moreira e do paulista Enzo de Almeida Passos, desde a gravação de Nelson Gonçalves.
Aliás, na casa de vovô, no Recife, só tinha uma vitrola para vários moradores e seus gostos musicais. Um chegava com Orlando Dias, outro com Genival Lacerda, outros com Lana Bittencourt.
Os integrantes do fã-clube de Nelson Gonçalves, o maior cantor do Brasil abasteciam nosso acervo. Eram “Flor Do Meu Bairro”, “Deusa do Asfalto”, “A Volta do Boêmio”, e a insuperável “Negue”, na época, digamos, ainda num limbo entre um grande bolero, samba-canção e um brega envergonhado. A confusão fazia parte do enquadramento careta dos ‘experts’ da música, então. Ou é bom e MPB. Ou é brega, de qualidade duvidosa.
Na verdade, era tudo questão de estado de espírito: quando cheguei um dia com “Pedro Pedreiro”, de Chico, perguntaram: quem fez essa coisa sem graça. Isso vinha acompanhando de um “então, não ouça mais nossos bregas, tá!”.
Meu problema era Nelson. Tive que voltar aos bregas tradicionais para restabelecer minha relação com Nelson:
Numa terceira via, cantores extraordinários, como Cauby Peixoto, são forçados a sair de seu repertório comum para gravar, por imposição de produtores e gravadoras, músicas como “Bastidores”, que seria linda na voz de qualquer um, numa tentativa de elevar o music-status do grande intérprete. Imaginem com Cauby. Tentaram a fraude com Nelson e Ângela Maria também. Não deu certo!
A gravação que elevou “Negue” ao patamar de clássico da MPB foi a de Maria Betânia, que, de resto, sempre cantou tudo o que quis e como quis.
Agora, para finalizar, gostaria que observassem como se destrói uma música, seja ela de que gênero for e com qual estado de espírito seja ouvida. Vejam que porcaria:
Sem mais, semana que vem tem mais…
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