Mais um ícone da soul music nacional completa sete décadas de existência ao longo do 2013. Diferente do septuagenário Cassiano, Gerson, que prepara-se para o seu primeiro registro audio-visual, continua na ativa animando bailes em todo o país
Gerson nasceu em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro, iniciou na carreira artística fazendo dublagem , no famoso programa "Hoje é Dia de Rock" apresentado por "Jair de Taumaturgo", em seguida seu irmão Getúlio Cortes (autor de "Negro Gato", um sucesso na voz de Roberto Carlos) o levou para dançar no programa Jovem Guarda, apresentado por nada menos que o próprio Roberto.
Por essa razão, no início da carreira assinava Gerson Cortes, chegando a gravar um compacto duplo com esse nome. Foi coroinha da igreja São Luiz Gonzaga, em Madureira, subúrbio carioca. Aos 17 anos, trabalhou como mímico na Rádio Mayrink Veiga. Trabalhou, também, como dublador no programa "Hoje é Dia de Rock!", de Jair de Taumaturgo. Logo depois, passou a atuar como dançarino, fazendo par com Angélica Maria Galhardo, que mais tarde tornou-se sua esposa e com a qual teve um filho. Pouco tempo depois, seu irmão Getúlio Côrtes o convidou a trabalhar como coreógrafo do programa "Jovem Guarda", apresentado por Roberto Carlos. Mais tarde, foi convidado por Chacrinha para coreografar a dança das chacretes. Seu nome artístico deve-se ao fato de ser admirador do grupo de jazz americano King Curtis Combo.
Influenciado pela música negra, Gerson cantou nas bandas de Erlon Chaves e Wilson Simonal, da banda Fórmula 7 e fez parte do embrião da Banda Black Rio.
Em carreira solo adotou o nome Gerson King Combo (alusão a uma banda de soul music chamada King Curtis Combo). Seu estilo "James Brown" causou sensação e foi aclamado o rei dos bailes blacks cariocas, em 1969 gravou o álbum "Gerson Combo Brazilian Soul" com versões para clássicos da música brasileira como Asa Branca de Luiz Gonzaga, porém seus maiores sucessos foram lançados em meados da década de 1970 "Mandamentos Black, "Jingle Black" e "o Rei Morreu", e seu último sucesso gravado foi em 1984, o compacto "Melô do Mão Branca". Com a queda do movimento Black dos anos 1980 no cenário musical, Combo ficou no ostracismo. Retornou nos anos 1990 fazendo alguns shows e gravando o disco "Mensageiro da paz".
Segundo Gerson, seu interesse pela black music por influência do irmão Getúlio, o pai dos dois não queria que os filhos fizessem amizade com pessoas ligadas ao samba, já que o ritmo era marginalizado na época .
Mesmo tendo regravado clássicos da música brasileira, Gerson é adepto de fusões rítimicas como o Samba funk ou o Samba rock , presente na obra de outros artistas brasileiro de soul como Tim Maia .
Aos 28 anos decidiu ser cantor e passou a integrar vários grupos, como Renato e Seus Blue Caps, Fevers e o conjunto Fórmula Sete, este último formado por integrantes como Márcio Montarroyos e Hélio Delmiro. Pouco tempo depois, fez turnê pelos Estados Unidos com o show "De Cabral a Simonal", ao lado de Wilson Simonal. Ainda nos Estados Unidos, conheceu Stevie Wonder e James Brown.
De volta ao Brasil, em 1972, gravou o compacto duplo "Gerson Cortes", pela gravadora Parlophone, no qual interpretou as faixas "A poluição", "Nunca pensei", "Alguém no meu caminho" e "Pra lá de normal". Neste mesmo ano, imbuído da cultura negra americana, sua carreira tomou um outro rumo, transformando-se em um dos fomentadores do movimento Black Music, ao lado de Carlos Dafé, Don Salvador & Grupo Abolição, Hyldon, Cassiano e Os Diagonais, Tim Maia, Dom Mita, Sandra de Sá e Banda Black Rio.
No ano de 1977, gravou pela Polydor seu primeiro LP, "Gérson King Combo Volume I", no qual incluiu "Mandamentos black" (c/ Pedrinho e Augusto César), "Just for you" (R. Combo e Mário Corrêa), "Esse é o nosso black brother" (c/ Pedrinho e Augusto César) e "Uma chance", de sua autoria em parceria com Pedrinho e R. Combo.
Em 1978, gravou o segundo disco, "Gérson King Combo Volume II". Neste LP, lançado pela gravadora Polydor, interpretou "Pro que der e vier" (Hyldon e Pedrinho), "Good Bye" (D. Luiz e Nixon) e "Meu nome é...", de autoria Carter e, de sua autoria: "Hey, você" (c/ Hugo Belati), "Funk brother soul" (c/ Pedrinho), "Tenho um vulcão dentro de mim" (c/ Messias) e "É melhor pra nós dois", em parceria com R. Combo. O disco ainda contou com a participação do conjunto Super Bacana, muito importante na época como fomentador do movimento nos bailes cariocas.
Em 1986, gravou o disco "Mão Branca".
Lançou 18 discos, sendo três LPs, seis compactos duplos e nove compactos simples. Com o fim da movimento black music, afastou-se da vida artística e passou a trabalhar como Coordenador de Eventos de uma fundação para crianças carentes e excepcionais, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
No ano 2000, a produtora Elza Cohen o inseriu novamente no mercado musical, produzindo shows e apresentações do cantor em vários locais, como a "Feira Zoeira", na Lapa no Rio de Janeiro e no "Lounge do Free Jazz", de São Paulo. Por essa época, gravou com o grupo de rap Artigo 288.
Logo depois, ao lado de Cassiano, Tim Maia, Farofa Carioca e Ed Motta, participou da coletânea "Soul Brasileiro", da gravadora Universal. Neste CD, compilação dos acervos das gravadoras PolyGram e Universal Music, interpretou "Andando nos trilhos", de sua autoria em parceria com R. Combo e Augusto César.
Nos anos 2000 Gerson King Combo voltou a ser reconhecido como um dos principais nomes da música negra brasileira, e por causa de suas falas improvisadas sobre a base funk, é considerado como o grande precursor do rap nacional e reverenciado por grandes nomes da cena hip hop, inclusive Africa Baambata, o criador do gênero, é fã declarado de King Combo.
Em 2001, fez duas participações especiais nas faixas "A mina lá da rua" (Ciro Cruz) e "Quem sabe" (Paulinho Black e Gérson King Combo), ambas no disco "Dançar é bom", CD de estréia da banda carioca Clave de Soul. Neste mesmo ano, a convite de Paula Lima, participou do CD "É isso aí", disco da cantora paulista lançado pelo selo Regata. Ainda neste ano, o titã Charles Gavin relançou, através da coleção "Samba Soul", da gravadora Universal, um CD com seus dois primeiros discos. Neste mesmo ano de 2001, lançou pela gravadora Continental o disco "Mensageiro da Paz", que contou com a participação de Sandra de Sá na faixa-título, do grupo Cidade Negra na música "Força e poder" e do grupo Clave de Soul em "Não avance o sinal". Das 13 músicas do disco, algumas são regravações: "Mandamentos black", "Funk bhoter soul" e "Uma chance". As inéditas são "Eu soul", "Brigas" e "Tudo é possível", entre outras.
Em 2002, participou do show "Sandra de Sá convida" Gérson King Combo, Banda Black Rio, Luciana Mello, Seu Jorge e Rappin' Hood, Canecão. Neste mesmo ano, foi o padrinho do show "A noite da música negra carioca", pelo projeto "Novo Canto", no qual apresentou os novos talentos Marko Andrade e Lúcio Sherman. O show foi apresentado no Espaço Sesc de Copacabana, com direção e roteiro de Euclides Amaral e Sergio Natureza. Ainda neste ano, participou como convidado do grupo mineiro Berimbrown no "Projeto Conexão Telemig Celular de Música", apresentado no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. Também em 2002 com o crescente interesse das novas gerações pela black music brasileira e pelo movimento Black Rio, Gerson king Combo voltou a se apresentar ao vivo, participando de CDs de grandes artistas, como Sandra de Sá, Fernanda Abreu e Paula Lima, além de lançar mais um CD solo “Mensageiro da Paz”.
Em 2003 o rapper Marcelo D2 incluiu no disco "À procura da batida perfeita", pela Sony, sua composição "Mandamentos black". Neste mesmo ano, participou de inúmeros shows, entre eles, "Carlos Dafé Convida" (c/ Preta Gil, Cidade Negra, Copa 7, Sandra de Sá, Dhema, Euclides Amaral, Lúcio Sherman e Marko Andrade), no Teatro Rival BR. Apresentou o show-baile "Gérson King Combo Convida", no qual contou com a participação de Paula Lima, Sandra de Sá, Lúcio Sherman, Hildon, Limousine Negra, Carlos Dafé a da banda Clave de Soul.
Em 2004 foi um dos convidados de Carlos Dafé nos shows de segundas-feira na Dandi Brasil, em Ipanema. No ano seguinte, em 2005 foi um dos convidados da Banda Black Rio no Teatro Odisséia, na Lapa, centro do Rio de Janeiro.
Em 2009 Gerson King Combo lança o CD “Soul da Paz” e recebe o prêmio da Ordem do Mérito Cultural, honraria concedida pelo Ministério da Cultura, sendo o primeiro artista de black music brasileira a receber tal premiação.
Em 2010, Gerson King Combo foi tema do documentário "Viva Black Music" .
Em 2012, ao lado da banda Supergroove e da cantora Lady Zu, apresentou-se em show no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro.
No ano de 2013, ao lado de Carlos Dafé e Hyldon, desfilou no sétimo carro do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela, na Marquês de Sapucaí, em decorrência do enredo da escola que homenageou os bailes e o gênero musical "Black music", dos quais é um dos principais formatadores no Brasil. Neste mesmo ano foi o convidado especial da banda de soul music Funk!Nos!, em show no Studio RJ, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Sensação nos bailes do Rio e São Paulo, com suas extravagantes capas, voz de trovão e dança setentona, atualmente o rei excursiona por todo o Brasil ao lado da banda Supergroove, e também se apresenta com o Gerson King Combo Live P.A, projeto com versões eletrônicas de suas musicas.
Discografia
Gerson Combo Brazilian Soul (1969)
Faixas:
01 - Mulher rendeira / Juliana / Fiz a cama na varanda02 - Aos pés da Santa Cruz
03 - Quero voltar pra Bahia
04 - Eu sonhei que tu estavas tão linda
05 - Na baixa do sapateiro
06 - Demais ninguém me ama / Ternura Antiga
07 - Xote das meninas
08 - Is that law
09 - Prece ao vento nunca mais
10 - Mal me quer jardineira
11 - Teu cabelo não nega / As pastorinhas
12 - Primavera
Gerson King Combo (1977)
Faixas:
01 - Mandamentos Black02 - Just for you
03 - Andando nos trilhos
04 - Esse é nosso black brother
05 - Swing do rei
06 - Hereditariedade
07 - Foi um sonho só
08 - Uma chance
09 - God save the king
10 - Blows
Gerson King Combo - Volume II (1978)
Faixas:
01 - Pro que der e vier02 - Hey você
03 - Funk brother soul
04 - E Moisés Soul
05 - Meu nome é
06 - Na trilha do coração
07 - É melhor pra nós dois
08 - Good bye
09 - Tenho um vulcão dentro de mim
10 - Por isso vou te amando
11 - Aquela Brincadeira
Melô do Mão Branca (Compacto) (1984)
Mensageiro da Paz (2001)
Faixas:
01 - Brigas02 - Mensageiro da paz
03 - Desce ai
04 - Mandamentos Black
05 - Não avance o sinal
06 - Tudo é possível
07 - Força e poder
08 - Problema social
09 - Eu soul
10 - Uma chance
11 - Persornal trainer
12 - Só o tempo
13 - Funk brother soul
14 - Pesornal trainer (play back)
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