Ao lembrar o centenário de Dalva de oliveira, álbum renova a força interpretativa de Gonzaga Leal que, ao lado de Áurea Martins, enaltece a expressividade de uma das maiores intérpretes do país

Norteadora de toda uma geração artística que cresceu ouvindo a sua voz nas ondas radiofônicas dos mais distintos rincões do nosso país, Dalva de Oliveira também estava presente em Serra Talhada, cidade localizada a 415 km da capital pernambucana. No rádio da sala de sua casa, Gonzaga Leal, dentre várias audições, lá estava a consagrada cantora que foi eleita "Rainha do Rádio" em 1951. Pode-se dizer que tais reminiscências musicais corroboraram significadamente por seu interesse pela música e para o avanço dos seus estudos em canto lírico e popular, teoria e técnica de canto com diferentes profissionais a exemplo de nomes como Geny Katz, Madalena de Paula, Andréa Azevedo, Vinicius Bacarelli e dos maestros José Renato e Nenéu Liberalquino. Com 45 anos de carreira, Leal hoje é destaque relevante na cena musical pernambucana ao desenvolver trabalhos musicais ao lado de instrumentistas como Canhoto da Paraíba, Henrique Annes, Naná Vasconcelos, Dalva Torres, Kelly Benevides, Mônica Feijó, Geraldo Maia, Teca Calazans entre outros. Além disso, sua carreira ao longo desse tempo cruzou o caminho com representativos nomes da música brasileira a exemplo de Edu Lobo, Boca Livre, Joyce, Cauby Peixoto, Milton Nascimento, Alaíde Costa, Cida Moreira, Luiz Melodia, Eliana Pittman, Eduardo Dusek, Marília Medalha, Cristina Buarque e Zé Miguel Wisnik buscando sempre a excelência em suas produções tanto fonográficas quanto cênicas a partir de características singulares e indubitáveis que hoje chancelam a sua carreira. Já Áldima Pereira dos Santos, ou popularmente conhecida por Áurea Martins, é uma das grandes cantoras em atividade no Brasil. Advinda de uma família de músicos profissionais autodidatas, foi galgando o seu espaço a partir de programas de rádios a exemplo do “Tribunal de Melodias”, programa da Rádio Nacional comandado por Mário Lago e Paulo Gracindo, que a incentivaram a adotar o nome artístico. No entanto a visibilidade maior se deu a partir da sua participação no programa de TV comandado pelo apresentador Flávio Cavalcanti em 1969 quando ganhou a terceira edição do concurso "A grande chance". Com cinco décadas de carreira, a cantora tem uma discografia espaça, mas compostas por discos primorosos como "O amor em paz" (1972); "Até Sangrar" (2007), "Iluminante" (2012) entre outros. Recentemente biografada por Lúcia Neves, Áurea é aquela carta na manga que todo brasileiro deveria ter consciência que possui ao referir-se àquilo que melhor há em nossa música popular brasileira. Cantora de marca maior, sua voz é bálsamos aos ouvidos mais atentos; Seu canto traz concisão, precisão e incisão. Uma incisão aprazível, anestésica.
Para celebrar Dalva de Oliveira, o projeto conta com a participação especial de nomes como Cida Moreira, Isadora Melo, Marília Barbosa, André Brasileiro, Roque Neto, Maestro Spok e Tonfil para abrilhantar ainda mais esse projeto festivo, além de Maurício Cezar (piano), Aristide Rosa (viola), Caca Barreto (baixo), Rafael Marques (bandolim), Alexandre Rodrigues (clarinete), Ítalo Sales (Violão) Cláudio Moura (violão), Júlio César Mendes (acordeon), Fabiano Menezes (violoncelo), Renato Bandeira (viola e violão) e as percussões de George Rocha e Tomás Melo em faixas que podem ser consideradas o supra sumo do repertório da artista. Entrelaçando-se com depoimentos da própria Dalva e textos de nomes como Socorro Lira, o álbum apresenta canções como "Hino ao amor" (apresentada aqui de modo instrumental), "Palhaço", "Segredo", "Tudo acabado", "Neste mesmo lugar", "Que será", "Kalu" entre outras que somadas a composições como "Atiraste uma pedra" e "Cabelos brancos" não apenas adorna o repertório do álbum como fazem parte de uma das mais profícuas brigas musicais da história da música popular brasileira de todos os tempos e que neste projeto é tão bem retratada por esses dois grandes intérpretes que não fazem concessão para a sua arte.
Pode-se afirmar que o já conclamado "Olhando o céu, viu uma estrela" é um projeto arrojado para um mercado fonográfico em descendimento e um país que não tem por hábito conservar viva a memória daqueles que em dado momento contribuíram, de algum modo, para a sua cultura. Longe do obtuso, nele Gonzaga Leal mostra-se ciente que preservar a memória de um relevante nome do cancioneiro brasileiro não significa atrelá-lo ao passado; pelo contrário, ourives da canção, o artista pernambucano por conhecer bem os meandros do nosso cancioneiro popular sabe usar isso a seu favor ao imergir no legado de uma artista absoluta que tem como marca não apenas um vibrato pungente, mas uma carga emotiva arraigada em suas interpretações. Ao emergir em disco e nos palcos, o astuto Gonzaga personifica-se em uma espécie de Chronos, Deus do tempo da mitologia grega, ao saber conduzir e dar continuidade a atemporalidade da obra de Dalva de Oliveira tendo por auxílio luxuoso a presença de Áurea Martins e toda uma nova geração de artistas da cena musical pernambucana. Aliás, mitológico se faz também cada detalhe desse projeto rebuscado (desde a escolha do repertório e arranjos até o projeto gráfico), um requinte inerente a este artista que sempre pautou a sua carreira no esmero, um refinamento digno desta estrela fulgurante, nossa estrela Dalva.
Maiores Informações:
Site oficial - http://www.gonzagaleal.com.br/
Passa Disco - https://www.passadisco.com.br/produtos/cd-aurea-martins-gonzaga-leal-olhando-o-ceu-viu-uma-estrela-independente/ (Fone: 81 3268-0888)
E-mail: leal-producoess@hotmail.com
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Twitter: @GonzagaLeal
Leal Produções Artísticas Ltda.
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