sábado, 14 de dezembro de 2019

SILVIO CÉSAR E SUAS HISTÓRIAS (80 ANOS)

Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias



COPOS TROCADOS


Hebe Camargo, sem dúvida, uma personalidade fora de qualquer padrão.

Mesmo tendo se tornado um ícone da televisão, uma “ Superstar “, nunca se deixou levar pelo orgulho ou pelo egoismo. 

Manteve-se fiel a si mesma e aos seus amigos. 

Consuelo Leandro, Nair Belo, Lolita Rodrigues e Ornella Venturi eram algumas das amigas mais constantes. 

Estavam sempre juntas.

Ornella era uma das primeiras amigas que fiz quando fui morar em São Paulo.

Um dia combinamos um almoço e ela me disse que iria me levar a um lugar muito especial.

Quando chegamos ao restaurante, fomos para uma sala reservada, onde estavam a Hebe e suas amigas de sempre.

A Ornella, então, me explicou que aquele almoço acontecia uma vez por mês, somente entre elas e hoje, excepcionalmente, eu seria o convidado de honra. 

Como eu já conhecia a Consuelo, a Nair e a Lolita, me senti bem à vontade.

Elas brincaram comigo, ameaçaram tirar minha roupa, me chamaram de “bendito fruto entre as mulheres“ e outras brincadeiras.

Tudo dentro de um clima de descontração, amizade e respeito.

O almoço foi uma maravilha não só pelo ambiente, mas também pela comida incrivel e, principalmente, pela bebida, que foi uma descoberta pra mim.

Explico:

Como o almoço era organizado a cada vez por uma delas e nesse dia coube a uma senhora japonesa, que eu não conhecia, a bebida principal era o saquê, que eu nunca havia experimentado e a Hebe me ensinou a beber, “rebatendo“ com cerveja. 

Adorei e exagerei.

Fiquei “torto“ como um gambá.
A Hebe, firme como uma rocha.


Essa história me fez lembrar um programa seu em que fui pra lançar um disco e como o patrocinador era um fabricante de vinhos, a Hebe, numa forma de divulgar o produto, costumava brindar com os convidados.

Nesse tempo eu quase não bebia vinho. Preferia cerveja e, conforme a ocasião, uma boa cachacinha.

Então sugeri a ela que eu colocasse no meu copo um pouco da minha cachaça, que era da mesma cor do vinho branco servido nessa noite e, assim, ninguém notaria a diferença. 

Ela concordou.

No hora do brinde, a Hebe pegou, por engano, o meu copo, brindou e bebeu com vontade.

Ficou olhando pra mim com a boca cheia, as bochechas vermelhas, os olhos brilhando, arregalados, com aquela expressão: “E agora? “

Eu, completamente sem ação, fiquei imaginando o que ela iria fazer.

O programa era ao vivo, não dava pra editar. 

Ela, então, mostrou toda a sua categoria. 

Sem perder a pose, engoliu a cachaça e continuou a fazer o programa com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido. 

Eu quase não acreditei.

Hoje, relembrando esses dois momentos, rendo todas as minhas homenagens a essa mulher incrível, rara, amiga e companheira.

Insuperável.

Insubstituível.



O ALMOÇO

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