sábado, 10 de dezembro de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA: LENINE, MAIS UM ESPETÁCULO ESPECIAL – AGORA COM MARTIN FONDSE

Por Joaquim Macedo Junior


Lenine e seus encontros especiais, desta vez com o ótimo Martin Fondse


Tenho tanta afeição ao trabalho de Lenine e a sua própria pessoa que vou abrir esta coluna – sobre o trabalho “The Bridge” – com o que há de mais formal e sisudo entre as apresentações de nosso grande artista. Sei que é uma vã tentativa de distanciar-me da confusão inevitável: colunista-fã! Mas farei assim.

Bem, Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, mais conhecido como Lenine, nasceu no Recife em 2 de fevereiro de 1959. É cantor, compositor, arranjador, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico e ecologista. Ah, criador de orquídeas também.

Possui cinco troféus “Grammy” latino, dois prêmios da APCA e ganhou por nove vezes o Prêmio da Música Brasileira.

Estima-se que Lenine tenha composto, gravado e produzido mais de quinhentas canções, algumas registradas nas vozes de Elba, Milton e Gil, entre outros. Atualmente, ocupa a 38ª cadeira da Academia Pernambucana de Letras.


O disco vem com o seguinte repertório (*)

01. Abertura – Maurício de Nassau Bridge (Martin Fondse)
02. A ponte (Lenine e Lula Queiroga)
03. A rede (Lenine e Lula Queiroga) / Eendracht Bridge (Martin Fondse)
04. Chão (Lenine e Lula Queiroga) / Loopbrug Bridge (Martin Fondse)
05. O universo na cabeça do alfinete (Lenine e Lula Queiroga)
06. O dia em que faremos contato (Lenine e Bráulio Tavares) / Ravelin Bridge (Martin Fondse)
07. Paciência (Lenine e Dudu Falcão) / Rio-Niterói Bridge (Martin Fondse)
08. Hoje eu quero sair só (Lenine, Mu Chebabi e Caxa Aragão) / Iran Foot Bridge (Martin Fondse)
09. Miragem do porto (Lenine e Bráulio Tavares)
10. Relampiano (Lenine e Paulinho Moska) / Tyne Bridge (Martin Fondse)
11. A causa e o pó (Lenine e João Cavalcanti)
12. Martelo bigorna (Lenine) / Golden Gate Bridge (Martin Fondse)
13. Rosebud (O verbo e a verba) (Lenine e Lula Queiroga)
14. Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro)
15. O silêncio das estrelas (Lenine e Dudu Falcão) / Stargate Bridge (Martin Fondse)
16. Jack soul brasileiro (Lenine) / Vecchio Bridge (Martin Fondse)
17. Do it (Lenine e Ivan Santos) / Rock Bridge (Martin Fondse)

(*) Importante registrar que a escolha das músicas que aqui reproduzo foi absolutamente aleatória. Ao escolher duas, terei deixado 15 lindas outras de lado.

Semana passada, foi a vez de Lenine no Recife: fez show, dia 04/11, no Teatro Guararapes, com a turnê “Carbono” e participou de noite de autógrafos na Passa Disco, onde lançou o CD e DVD “The Bridge”.

Habituado a adquirir tudo de bom que a Passa Disco comercializa já havia me antecipado ao pedido do novo trabalho de Lenine – atualmente ESGOTADO – e o recebi na sexta-feira. Foi ligação à primeira vista. É simplesmente imperdível, magnânimo, a se ouvir sem fim. Ah, Martin Fondse e demais músicos solistas virtuosos.


The Bridge:

“A ponte” arquitetada pelo ‘cantautor’ Lenine com os arranjos do premiado maestro holandês Martin Fondse e sua orquestra.

A Martin Fondse Orchestra é formada por um prestigiado conjunto de músicos europeus como Dirk-Peter Kölsch (Alemanha) na bateria, Eric van der Westen (Holanda) no baixo, Mete Erker (Holanda) no saxofone e clarone, Irma Kort (Holanda) no oboé, Søren Siegumfeldt (Dinamarca) como tenor saxofone, Annie Tangberg (Noruega) no violoncelo e Vera van der Bie e Herman van Haaren (Holanda) no violino. Martin dirige e toca piano e vibrandoneon.

Trata-se de uma sinfonia de instrumentos de cordas e sopros que, desde 2013, acompanha Lenine na jornada de suas “comemórias” por atravessar três décadas no exercício da música. Após apresentações de sucesso na Alemanha, Áustria, Holanda, Portugal, Estados Unidos e Brasil entre 2013 e 2014, The Bridge está sendo visto novamente no Brasil.



Martin Fondse e sua orquestra

Sejam pontes conotativas ou as denominadas sobre o Rio Capibaribe, em Recife, ou o Amstel, em Amsterdã, a música “A Ponte” – uma parceria dos conterrâneos Lenine e Lula Queiroga – dá título ao show The Brigde: um belo cruzamento musical transatlântico da arte dos dois insulares de nascimento.

Traz um conceito novo da obra de Lenine, definido em arranjos de Martin Fondse, numa combinação de instrumentos e sons que transitam pelo jazz, pela música clássica e outros gêneros. O repertório inclui o mais recente trabalho do compositor, “Carbono”.

– Minha opção de abrir esta coluna da maneira mais formal possível foi mesmo para fugir a qualquer possibilidade de excessos e elogios hiperbólicos.

É fácil entender: ainda quando no Recife, por sorte, tive alguns poucos contatos com o “Oswaldo Lenine” na sua casa de Boa Viagem. Era coisa de quem conhecia amigo do amigo.

O fato me foi marcante e já estava claro, ali, que tínhamos um novo grande talento da música brasileira.

Pois, então, desde “Baque Solto” e “Olho de Peixe”, conheço cada evento musical de Lenine, desde a magnífica apresentação no “Cité de La Musique”, passando pelo ‘Quanta Ladeira’, que ajudou a fundar, até a participação em programas de TV, com a saudosa d. Selma do Coco.

O que mais me impressiona nele é a extrema qualidade em todos os discos, gravações e produções, além de uma uniformidade poucas vezes vista em nossos compositores populares. Que não se confunda uniformidade com repetição ou monocórdia, por favor.

A mim, me emociona, a capacidade de agregação desse grande artista. Estando com maiores (por idade, tempo, fama etc) ou menores (por critérios semelhantes), Lenine é sempre o mesmo: vai até a boca do gargarejo e volta para se esconder na “cozinha” e ser mais um músico em prol de um grande show ou uma performance melhor.

Lenine é um cara que me passa extrema sinceridade, firmeza de posições e uma paz e uma suavidade pouco vistas nesse ambienta competitivo.

Salve Lenine, que continue fazendo pontes!!

Parabéns.

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