Em Pedreiras, sua cidade de origem, há pouco de memória do artista.
João do Vale transformou o cotidiano de sua gente em poesia musicada.
Este ano completa-se duas décadas da morte do cantor e compositor João do Vale. O Poeta do Povo, como era conhecido, ficou famoso nacionalmente, se apresentou ao lado de grandes nomes da música popular brasileira e imortalizou seu nome com músicas gravadas por vários intérpretes.
Mas, apesar de toda essa importância, na cidade onde nasceu João do Vale, Pedreiras, há poucas lembranças do poeta que foi escolhido o maranhense do século. Na cidade, a estátua, em tamanho natural, logo na entrada, é a única referência concreta ao compositor. As lembranças do Poeta do Povo estão apenas na memória das pessoas que entenderam a importancia da sua obra.
"João do Vale pra Pedreiras, nós temos que conservar ele como um mito da história musical brasileira, o que a gente vê falar muito é joão do vale fora, no sul do país, e esse meu livro joão do vale,maranhense do século eu resgato a parte de fora onde ele fazia mais sucesso, e resgatar também a história dele aqui em pedreiras, e é isso que eu quero fazer juntando as fotografias, os depoimentos das pessoas que conviveram com ele aqui em Pedreiras', disse o escritor Filemon Krause.
O prédio onde funcionava a prefeitura foi doado para a implantação do Memorial João do Vale. O Governo do Estado liberou para a prefeitura R$ 1 milhão, que deveriam ser destinados à reforma do prédio.
Depois de reformado, o prédio chegou a ser inaugurado, no dia 31 de dezembro de 2012. A partir daí, deveria ser entregue à Fundação João do Vale, que ficaria encarregada de implantar o memorial.
A informação é de que Riva Vale, filho de João do Vale e presidente da fundação, não quis receber o prédio, porque a reforma não teria atendido às especificações do projeto. A reforma parece inacabada: tem problemas na instalação elétrica, no forro, no piso, há infiltrações e vidraças quebradas.
"Nós recebemos esse prédio com uma reforma incompleta. Faltando muitas coisas", explicou o secretário de Cultura de Pedreiras, Augusto Cajueiro.
O ex secretario de Cultura diz que a obra foi gerenciada pela Secretaria de Infraestrutura da época. E reconhece que houve falhas. "Coube à própria Secretaria de Infraestrutura contratar empresa, mas nós sabemos de um relatório, existem algumas lacunas a serem preenchidas. Eu falei com o ex prefeito. Ele falou que esteve reunido com a Secretaria de Cultura, o atual prefeito também esteve lá para buscar soluções pra estas lacunas", afirmou Weskley Brito, ex-secretário de Cultura do município.
Além de um acervo permanente sobre do Vale, o memorial deveria abrigar a escola de música do município, a biblioteca e o espaço dos artesãos. Só os dois últimos espaços estão funcinando.
Mais paralisações
Na comunidade de Lago da Onça, onde João nasceu, outro projeto está parado. A construção do Centro Cultural João do Vale começou há mais de um ano. A obra, financiada com recursos do Ministério do Turismo, está pela metade.
Seu Salvador, primo de João do Vale, mostrou uma outra tentativa de preservar a história de João do Vale, que também ficou pela metade: uma casinha de taipa, coberta de palha, com portas de talo de coqueira. Como tantas outras pelo Maranhão a fora, foi construída com todas as características e no mesmo lugar onde João do Vale nasceu. Deveria ser parte de um roteiro turístico.
A ideia era construir um espaço que fosse a réplica da casa onde João do Vale nasceu e viveu até os 10 anos de idade, para que quando as pessoas viessem em busca da história dele, soubessem como nasceu,em que condições, e onde cresceu o Poeta do Povo. Mas, infelizmente, o espaço que era pra ser guardião da história do poeta, está abandonado.
O projeto do roteiro turístico não saiu do papel. A Casa Memória está caindo aos poucos. "Infelizmente, João do Vale, em Pedreiras, se tornou um mito depois de morto. João do Vale não fazia questão de dinheiro. O que ele queria era tomar a cachacinha dele, jogar o dominó dele e visitar os amigos. Isso é que ele gostava. Quer com dinheiro, quer sem dinheiro. Isso aí não fazia falta pra ele", concluiu o escritor Filemon Krause.
Por enquanto, é a memoria oral dessa gente que conta a história do poeta popular, que como poucos cantou suas raízes, e transformou o cotidiano de sua gente em poesia musicada.
Fonte: G1 MA, com informações da TV Mirante
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