Por Xico Bizerra
UMA VALSA E UM SORVETE
Ele chegou na estação muito antes da chegada do trem que o levaria. Nem seu barulho nos trilhos se ouvia. Além de sempre apressado, a vontade de chegar era maior que o tempo que lhe sobrava naquele lugar distante e sem flor. Queria chegar logo no País dos Duendes cor do Céu. Um deles o aguarda para levar-lhe à praça central, onde também ela estará a espera-lo, com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar e um sorvete de umbu cajá. Daqueles de casquinha. Nem importa ter ou não açúcar. Irrelevante para ele: às favas a glicose. De mãos dadas e corações alegres, seguirão até o coreto onde anjos entoarão a Valsinha de Chico. Suas mãos desconhecem o verbo se soltar. Seus pés se entrelaçarão num dançar alegre e feliz, bem-dizendo a vida. Marcarão para o dia seguinte. Mesmo local, mesma hora, mesmo tudo. Menos o sorvete: amanhã o sorvete será de felicidade plena com cobertura de alegria e paz. Muito melhor que o de mangaba. Tão bom quanto o de umbu cajá.
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