Na tarde da última terça-feira (14), o prefeito Geraldo Julio anunciou os dois homenageados do Carnaval 2020, que carregam em suas tradições o compromisso com a cultura popular e com o frevo, o mais recifense de todos os ritmos do nosso Carnaval. São eles o maestro e compositor Edson Rodrigues e o Bloco das Flores. O prefeito Geraldo Julio recebeu os homenageados em seu gabinete e fez o convite em nome do folião recifense.
Para o prefeito, os escolhidos representam a força da diversidade cultural do Recife. “Estamos começando o nosso carnaval 2020, que vai ser o maior da história, com o anúncio dos homenageados: o maestro Edson Rodrigues e o Bloco das Flores. Estou muito feliz, eles mostram muito da nossa história, da nossa cultura, da força que o Recife tem nessa diversidade. Uma homenagem bonita que dá início ao Carnaval do Recife 2020”, afirmou.
Dono de uma história de mais de 60 anos dedicada aos carnavais e ao frevo, o maestro Edson Rodrigues destacou a emoção de receber a homenagem do povo do Recife. “É sempre bom quando as coisas acontecem sem que a gente espere. Eu sempre trabalhei no Carnaval. Este ano eu comemoro 63 anos de música e folia. A música e o Carnaval me deram grandes alegrias, por causa deles eu conheci o mundo, tocando o Frevo, mostrando a nossa cultura. É uma emoção muito legal, temos que estar prontos para as coisas boas da vida, e essa é uma das coisas legais que aconteceram ainda vivo”, ressaltou o maestro.
Representando o folião e seus corações, pernas e vozes nas ruas do Recife, o Bloco das Flores recebe também uma justa homenagem. Zenaide Araújo, 78 anos, presidente da agremiação falou sobre a emoção de ser homenageado no ano em que o bloco completa 100 anos. “Não é todo dia que se faz 100 anos. Nada paga a emoção de hoje, o que vamos passar ainda no Carnaval, o trabalho que nós estamos tendo, nossa fantasia, que está muito bonita. É uma sensação inexplicável. Gostaria de agradecer e dizer que é muito gratificante esse reconhecimento”, afirmou a presidente.
MAESTRO EDSON RODRIGUES - Maestro, arranjador, saxofonista e compositor, Edson Rodrigues escreveu de próprio punho uma parte importante da história recente do frevo. Um dos sete corações reunidos no filme homônimo de Dea Ferraz, que fazem a mais recifense das músicas pulsar, viva e bulindo, nas ruas e entre as mais importantes tradições culturais da cidade e da humanidade, Rodrigues pertence à chamada segunda geração do frevo, a quem coube a gloriosa missão de continuar o que compositores como Capiba e Nelson Ferreira fizeram pela cultura pernambucana.
Devotado à música desde muito moço, estreou no Carnaval com a Orquestra Itapoã, de João Santiago, nos idos de 1957. Além do frevo, muitos outros ritmos embalaram a sua carreira. Rodrigues foi pioneiro na introdução do jazz em Recife, além de ter fundado a Banda Municipal de Recife, da qual foi regente entre 1979 e 1983. Mas não aprendeu tudo que sabe nos palcos. Estudou muito e ensinou ainda mais. Graduou-se em jornalismo, geografia e música na universidade. Depois se tornou professor do Conservatório Pernambucano de Música por muitos anos e nunca mais parou de compartilhar saberes e prazeres musicais
BLOCO DAS FLORES - Primeiro Bloco Carnavalesco Misto criado no Recife, o Bloco das Flores surgiu em 1920, a partir da reunião de um grupo de intelectuais, amigos e foliões, entre eles jornalistas, artistas e compositores de carnavais saudosos, como Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon e Raul Morais, nomes imortalizados no coro das ruas suadas e coloridas da festa pernambucana. O Bloco das Flores, no seu primeiro desfile, veio com 100 componentes que participavam de pastoris do Bairro de São José e sua orquestra de Pau e Corda com 50 músicos.
O bloco chegou a encerrar suas atividades por alguns anos, em virtude do falecimento do seu benfeitor Pedro Salgado e também de Raul Moraes, compositor e regente da orquestra. No ano de 2000, outros amantes da brincadeira de rua, também intelectuais e artistas, resolveram resgatar o bloco lírico. Desde então, o Bloco das Flores se apresenta anualmente, arrastando multidões atrás da orquestra e da história que seu estandarte carrega, evoca e perpetua pelas ruas da folia.
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