quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

LAUDIR DE OLIVEIRA, 80 ANOS

Se vivo, o percussionista estaria completando 80 anos.

Laudir durante show, com instrumentos de percussão.

Ainda pequeno, Laudir viveu próximo às casas de Pixinguinha e de Moacir Santos, na zona norte do Rio de Janeiro. Ali também frequentavam outros grandes expoentes da música brasileira da época, como João da Baiana e Donga.

Jovem de criação católica, teve por acaso o primeiro contato com o candomblé e quis voltar depois. Como ele mesmo disse, o candomblé foi uma “escola” para sua formação como artista, pelos instrumentos e pelas danças.

“Toda a minha criação, toda a minha influência são os toques de candomblé. São 16 deuses, e cada deus tem três ritmos, então é uma riqueza impressionante de ritmos. É uma base que me serviu pra vida toda, eu nunca estudei música”

Começou tocando atabaque, acompanhando Mercedes Batista, primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio e que, além do balé, também estudou danças de matriz africana. Não demorou para Laudir, que já gostava de dança, receber um convite para deixar os instrumentos de lado.

Antes de se reconhecer como músico, foi dançarino. Com a companhia de dança Brasiliana, se apresentou em diversos países, tendo os ritmos e danças brasileiras como eixo. Passou mais de três anos viajando pelo mundo, até ir aos Estados Unidos e largar o grupo. Laudir havia recebido um convite de Moacir Santos, que já morava no país, para ficar por lá como músico.


Rumo aos Estados Unidos

Nos EUA, entrou na banda de Sérgio Mendes, a Brasil 66. Vivendo e trabalhando no maior mercado de música do mundo, em pouco tempo começaram a surgir muitas oportunidades profissionais para Laudir, que se tornou um percussionista requisitado.

Tocou com diversos astros da música internacional, entre eles Nina Simone, Jackson Five, Wayne Shorter, Santana, Joe Cocker e Herbie Hancock. Entre os brasileiros, trabalhou com Milton Nascimento, Hermeto Pascoal, Gal Costa e João Bosco, entre outros.

Em 1969, de passagem rápida pelo Brasil, foi um dos fundadores do grupo Som Imaginário, mas deixou a banda no ano seguinte, sendo substituído pelo também renomado percussionista Naná Vasconcelos.

Por oito anos, a partir de 1973, Laudir fez parte da banda Chicago, um dos grandes sucessos na época, inclusive ganhando em 1976 um Grammy, maior prêmio da indústria americana da música.

“Meu ídolo [o músico cubano] Armando Peraza encontrou comigo e disse: ‘Laudir, como é que tu conseguiu, todo mundo querendo esse trabalho [na banda Chicago], você chegou e eles convidaram’. Eles gostaram lá. É que eu gravei com eles esse disco, e eu sou diferente, nunca tive escola nenhuma. Antes, nos Estados Unidos, rock’n’roll e jazz eram os cubanos que dominavam, qualquer coisa era cubano. Então eu cheguei, eu fiz uns desenhos que eu mesmo que criava, que eles [cubanos] não sabiam fazer”

Em 2010, voltou a se apresentar com o grupo durante uma passagem do Chicago pelo Brasil. A banda entrou para o Hall da Fama do Rock em 2016, e Laudir tocou mais uma vez ao lado do grupo, dessa vez em Nova York.


De volta ao Brasil

Depois de morar quase duas décadas no exterior, Laudir voltou ao Brasil no fim dos anos 1980, à sua cidade natal, o Rio de Janeiro.

Continuou atuando na música pelo resto da vida, em diferentes ofícios. Foi produtor musical, tocou em shows, gravou faixas ou discos com outros músicos, atuou na direção musical de espetáculos, deu aulas de música.

Laudir costumava expressar a vontade de juntar nomes de peso, como Sérgio Mendes e Santana, para um álbum que levasse o seu nome e marcasse a sua carreira de sucesso. Mas ele nunca chegou a gravar um disco solo.



Fonte: https://www.nexojornal.com.br

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