sábado, 11 de janeiro de 2020

ALMANAQUE DO SAMBA (ANDRÉ DINIZ)*

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Prefácio à segunda edição


O papa do modernismo brasileiro, o escritor, pesquisador e musicólogo Mário de Andrade, dizia que colocamos um ponto final em um livro justamente para saber onde estão os possíveis erros. Esta nova edição do Almanaque do samba incorpora parte das críticas que o livro recebeu, extremamente procedentes.

Assim, dentre outras coisas, o capítulo “O samba das escolas” foi ampliado, dando maior espaço à história do Salgueiro e examinando em mais detalhes as escolas de samba paulistas. Com isso, as informações socioculturais sobre a cidade de São Paulo foram redimensionadas.

A cronologia e a bibliografia tiveram correções e inclusão de novos dados.

Organizei ainda comentários sobre os instrumentos do samba e fiz uma nova seção, “O que ver?”, com indicações de filmes, abrindo o universo da sétima arte para o leitor conhecer mais sobre o samba e a música popular.

Quanto à iconografia, acrescentei novas fotos, como as de Donga, Gonzaguinha, Grupo Fundo de Quintal, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, e compositores da escola de samba Salgueiro. E, claro, incluí também os músicos da “terra da garoa” que agora estão aqui retratados, como Paulo Vanzolini, Germano Mathias e Toquinho.

Felizmente, com cerca de cinco meses de vida, este Almanaque do samba recebe a revisão para a segunda edição. A receptividade da imprensa e dos amantes do gênero possibilitou que o livro chegasse mesmo à lista dos mais vendidos no país; portanto, eu não poderia terminar este novo prefácio sem agradecer àqueles que contribuíram com críticas e observações para torná-lo mais completo. São eles: os jornalistas Luiz Fernando Vianna, Carlos Calado, André Luiz Mansur e Ailton Magioli; as pesquisadoras Leide Câmara, do Rio Grande do Norte, e Eulália Moreno; os leitores que contribuíram com observações pertinentes e, finalmente, mais uma vez, Diogo Cunha, vulgo Pagodinho, Rita Jobim e Juliana Lins, seis mãos que representam minha borracha e minha escrita. A todos, obrigado.


André Diniz




 • PREFÁCIO •
O SAMBA, A PRONTIDÃO E OUTRAS BOSSAS




Uma viagem ao mundo do samba, com direito a parar em todas as estações ligadas direta ou indiretamente ao gênero, é o que o leitor vai encontrar nesta importante obra de André Diniz. O Almanaque do samba navega do lundu ao pop-rock, passando pela canção de protesto, pelos festivais, pelo pagode paulistano e por outras tantas bossas. Ninguém escapou da profunda pesquisa que fez o autor.

As mais importantes figuras do samba foram objetivamente biografadas: compositores, intérpretes e personagens. Antológicas histórias, revelações e curiosas análises também serão encontradas nesta obra. E, claro, não há de faltar polêmica. Os puristas do gênero podem até chiar aqui e ali. Nada que um “samba bom”, um botequim e uma loura gelada não curem. Assim é o espírito do samba, objeto de muitas opiniões. E opinião é o que não falta a André Diniz.

Um autêntico pensador, contestador e militante do samba. Escreve com a propriedade de quem entende suas vísceras. Presença assídua em todas as rodas, vai a todos os pagodes da cidade. Há até quem diga tê-lo visto simultaneamente em várias rodas de samba. Fidelidade partidária de verdade! 

Mas o Almanaque do samba não pára por aí. Além de apresentar uma ampla abordagem do tema, contém uma belíssima bibliografia (com direito a comentários do autor), com indicação de dicionários, revistas, teses e ensaios, uma relação de lugares onde o samba acontece – não só no Rio de Janeiro, como também em várias cidades do Brasil –, e uma série de outras informações que farão do leitor um verdadeiro conhecedor do assunto. Trata-se de um estudo completo e bem cuidado, que inclui, ainda, uma apaixonada discografia, elaborada pelo colecionador e amante do samba Flavio Torres. É luxo só!

Pontuando o texto, o leitor encontrará “boxes” recheados com deliciosas curiosidades, pérolas do nosso cancioneiro, histórias, lendas e informações sobre contextos históricos e costumes de época. Tem até a receita original de rabada com agrião! O livro ainda inclui uma primorosa seleção de imagens que ajudam a completar a viagem.

Com todo esse material e com o amplo roteiro apresentado neste Almanaque do samba, ficará fácil encontrar, ouvir e desfrutar o melhor do universo do gênero. E com uma grande vantagem: sem precisar de muito dinheiro no bolso. 

O que explica a inclusão da palavra “prontidão” colocada no título deste prefácio.

Para quem não sabe, é uma antiga gíria carioca que significa estar sem dinheiro, estar na pindaíba. Noel Rosa tinha toda a razão quando afirmou que o samba, a prontidão e outras bossas são nossas coisas, são coisas nossas.

João Carlos Carino*
Rio de Janeiro, novembro de 2005

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* João Carlos Carino é produtor musical e apresenta o programa Roda de Choro na Rádio MEC do Rio de Janeiro.





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