segunda-feira, 29 de abril de 2019

INHANA, 100 ANOS

Por Ari Donato


Mesmo já trazendo um vasto material biográfico na reportagem anterior nunca é demais lembrar que enquanto Inhana começava como solista em um conjunto formado com seus irmãos, o Cascatinha já se havia deixado Marília, no interior de São Paulo, para seguir com um circo que se apresentou na cidade para se apresentar junto a ele. Aos 18 anos ele já cantava, tocava violão e bateria. E foi se apresentando no Circo com o qual fugiu (o Nova York) ao lado do artista Chopp que veio a conhecer Ana Eufrosina. Inhana rompeu um noivado de mais de um ano e seguiu com Cascatinha. Lógico que foi “contra a vontade dos pais, já que Artista de Circo, no conceito deles, "tinha um amor em cada praça". E, do namoro para o casamento (em 25/09/1941), passaram-se apenas 5 meses. A dupla tornou-se relativamente conhecida em um curto espaço de tempo, transformando-se, em 1941, após o casamento de Francisco com Ana, no Trio Esmeralda.

O trio viajou para o Rio de Janeiro e foi premiado nos programas César Ladeira (Rádio Mayrink Veiga) e Manuel Barcelos (Rádio Nacional). Em 1942, Chopp deixou o grupo; Cascatinha e Inhana ingressaram então no Circo Estrela D’Alva, com o qual fizeram excursão pelo interior dos estados do Rio e de São Paulo. Fizeram shows em circos, em diversas cidades, e se apresentaram em programas de rádio. De volta à São Paulo passaram a atuar no Circo Imperial, onde permaneceram por cinco anos.

Em 1947 cantaram pela primeira vez em rádio como dupla, na Bauru Rádio Clube. Em 1950 Cascatinha e Inhana foram contratados pela Rádio Record, onde ficaram por doze anos. Gravaram o primeiro disco em 1951 na gravadora Todamérica, registrando as músicas "La Paloma" (Iradier - Pedro Almeida) e "Fronteiriça" (José Fortuna). Em 1952 a dupla gravou os dois maiores sucessos de sua carreira, as guarânias "Meu primeiro amor (Lejania)" (H. Gimenez - versão: José Fortuna - Pinheirinho Jr.) e "Índia" (J. A. Flores - M. O. Guerrero - versão: José Fortuna).

Sobre a voz de Inhana, o violeiro e cantador mineiro Téo Azevedo disse à jornalista e pesquisadora Rosa Nepomuceno, no livro Música Caipira da Roça ao Rodeio (São Paulo: Editora 34, 1999, Pág. 147): “Sua afinação era impressionante”. Os dois cantavam em terça, como as duplas caipiras, mas a imprensa especializada destacava, na época, a facilidade com que Inhana “passa pelas notas agudas” e a “segunda voz” Cascatinha e chamou-os de “Os sabiás do sertão”.

Em 1980, em entrevista ao apresentador Moraes Sarmento, no programa Viola Minha Viola, da TV Cultura, o cantor dá sua versão: ainda criança, quando residia na cidade de Garça (SP), recebeu o apelido por gostar de tomar banho em uma pequena cascata local.

Para o nome da companheira, também deu a versão, confirmada por ela no mesmo programa de televisão: para reforçar a imagem de dupla sertaneja, ele deu-lhe o nome Inhana, uma corruptela de sinhá (senhora) Ana, denominação muito comum dada pelos escravos às patroas.

Os últimos discos gravados pela dupla, antes da morte de Inhana, em 1981, foram: Dueto de amor (1970), Olhos tristonhos (1972), Olhos tristonhos (1972), Mensagem de artista (1976) – na oitava faixa deste disco, está a canção Eu quero apenas, de Roberto e Erasmo Carlos) – Dois Corações (1977), Casinha pequenina (1977),Cascatinha e Inhana, Edição limitada (1978), Cascatinha e Inhana (1979).

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