violonista, musicoterapeuta, compositora e intérprete, Carmem Di Novic transita como poucos entre o erudito e o popular
Por Bruno Negromonte
O violão, instrumento tão marcante na música popular brasileira, tem uma história longa. Há quem diga que o mesmo tenha surgido a aproximadamente dois mil anos antes de Cristo. Segundo alguns arqueologistas, placas de barro encontradas na antiga Babilônia e que trazem figuras seminuas tocando instrumentos musicais comprovam isto, pois tais desenhos registrados são muito similares ao violão como hoje conhecemos e que teve a sua origem a partir da lira, instrumento de cordas usado pelos antigos Gregos e Egípcios. No Brasil, o primeiro instrumento de cordas que se tem notícias foi a viola de dez cordas ou cinco cordas duplas, muito popular entre os lusitanos. Precursora do violão, dizem que tal viola chegou aqui em nosso país por intermédio dos jesuítas portugueses que utilizavam o instrumento ao longo das celebrações de catequese e desde então o "pinho" vem contabilizando anos de história. Nas grandes cidades ganhou o nome de violão e vem com o decorrer do tempo acompanhando os mais distintos gêneros musicais existentes como, por exemplo, as modinhas, os chorinho entre outros. Já ao adentrar pelos rincões do país ganhou outras denominações tal qual o de viola caipira, sendo instrumento imprescindível na execução de alguns temas da região. Nessa longa jornada, vários foram os nomes que contribuíram para tornar o violão um instrumento referencial dentro da música popular brasileira, e dentre eles pode-se citar figuras como Américo Jacomino, Quincas Laranjeira, Villa Lobos (através do seus 12 Estudos para violão), Gismonti, Baden, Yamandu, Henrique Annes, João Pernambuco, Dino 7 Cordas, Zé Menezes, Canhoto, Raphael Rabello e tantos outros que corroboraram e continuam a contribuir de modo relevante para escrever a história do violão em nosso país, tornando-o uma das grandes marcas de nossa música ao redor do planeta.
Sua discografia ainda conta com os refinados títulos “Carmem Di Novic interpreta Urany Larangeira”, onde a partir de treze faixas a artista presta mais que uma justa homenagem àquele que além de seu professor foi um exímio compositor e intérprete. Músico virtuoso, o itaperunense Urany Larangeira, deixou como legado composições dos mais diversos gêneros, dentre eles, choros e valsas, como os os que Carmem apresenta ao grande público. Lançado em 2011 sem muito alarde, o álbum ultrapassa a simples intenção de homenagem e chega como um dos grandes álbuns instrumentais dos últimos anos onde se é possível atestar tal afirmação a partir de interpretações diversas tais quais "Choro à Helena" (1976), a valsa "Carmem" e o choro "Pagão", composto em 1963, sendo esta a composição mais antiga presente no disco. Recentemente a musicista lançou o álbum “Recital de Violão - ll Carmem Di Novic”, disco que contou com o apoio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC/MS) e é composto por 27 faixas, entre composições da lavra da artista e interpretações de grandes nomes da música instrumental brasileira como Canhoto, Dilermano Reis, João Pernambuco, Zequinha de Abreu, Heitor Villa Lobos entre outros, atestando em definitivo o seu talento tanto como compositora assim também como intérprete.
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Vendas do álbum:
Expressando sempre seu amor e dedicação à arte, Di Novic expressa um virtuosismo que inebria e envolve àqueles que tem a oportunidade de conhecer o seu trabalho e atuação. Intercambiana nos Estados Unidos, chegou a realizar naquele país inúmeras apresentações musicais em diversa cidades de Wisconsin-USA, mostrando-se uma virtuosa representante de nossa música instrumental e atestando em definitivo que o talento não tem fronteiras nem barreiras. Em um universo musical predominantemente masculino, o violão executado por Carmem quebra tal estigma destacando-se de modo sobrepujante entre os grandes instrumentistas nacionais da atualidade. Seja autora, cantora ou intérprete dos grandes mestres da música, Di Novic mostra um trabalho bastante condizente com aquilo a que se propõe desde o início de sua carreira: reunir, de modo coerente, autores populares e clássicos de diferentes épocas, estilos e nacionalidades, que marcaram a história do instrumento e nessa fusão não apenas deixar-se influenciar em suas composições, mas também dá o seu toque na obra dessas influências. Talvez essa condição possibilite-a expressar a história da música popular em dualidade com os notórios e grandes compositores de âmbito mundial de modo contagiante e envolvente, fazendo daqueles que tem a oportunidade de conhecer o seu trabalho fiéis admiradores de uma arte que por si só já faz-se bastante expressiva, e que nas mãos habilidosas de Carmem Di Novic ganha características ainda mais relevantes. Ela sabe o que faz e de modo arguto, alia a sensibilidade feminina à sua arte.
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