Protagonista de uma das maiores "disputas" do rádio brasileiro, os fãs da artista esperaram quatro anos para ir à forra
Por Bruno Negromonte - @brunonegromonte
Dando continuidade à série referente as Rainhas do Rádio brasileiro, hoje trago o nome desta artista carioca da gema, nascida no bairro da Mangueira, no dia 31 de agosto de 1922 e que faleceu no dia 03 de outubro de 2005. Ainda muito jovem, aquela que viria a se tornar uma das cantoras mais populares da música brasileira, mostrava uma personalidade muito forte. Mesmo contrariando a vontade de sua mãe, apresentava-se em diversos programas de auditório e de calouros, dentre eles, um existente na Rádio Cruzeiro do Sul cujo título era “A Hora Juvenil”, e também no programa do temido Ari Barroso, onde obteve a façanha de conquistar a nota máxima ao interpretar impecavelmente o samba “O X do Problema“, de autoria de Noel Rosa. Já vem dessa época a certeza de que a vida artística era algo da qual a jovem não poderia mais fugir. O destino já conjurava de modo favorável para isto e a artista perseverantemente procurava fazer a sua carreira acontecer, cantando de emissora em emissora de rádio daquela época, assim como também procurando alternativas para a sua carreira artística deslanchar, como foi no curto período em que formou a dupla musical “As Moreninhas”, com Bidú Reis. Vem do período de formação da dupla o seu primeiro registro fonográfico, um disco 78 rpm voltado para o público infantil: “A História da Baratinha”, numa adaptação de João de Barro.No entanto, a dupla se desfez no ano seguinte e Emilinha preferiu não formar mais dupla alguma. A partir dali, seguiria sozinha. Com esta decisão tomada, obteve um contrato com a Rádio Mayrink Veiga, recebendo do radialista Cesar Ladeira (criador de diversos nomes artísticos com os quais alguns cantores passaram a ser identificados) o slogan de “Garota Grau Dez”. Sua participação no casting da Mayrink Veiga propiciou um convite de João de Barro (Braguinha) para participar com destaque, em 1939, da gravação da marcha “Pirulito“, cantada por Nilton Paz. No mesmo ano, através da Columbia Discos e com o nome de Emília Borba, grava seu primeiro disco 78 rpm solo, com as faixas “Faça o Mesmo” (da autoria de Erastóstenes Frazão e Antônio Nássara) e “Ninguém Escapa” (composta apenas por Erastóstenes Frazão).
Em 1949 Emilinha grava a marcha “Chiquita Bacana“, canção que viria a alcançar o primeiro lugar nas paradas de sucesso em diversas emissoras do país. Naquele ano, com o tremendo sucesso que fazia devido à gravação da canção composta por João de Barro e Alberto Ribeiro, era dada como certa sua vitória para Rainha do Rádio de 1949. Entretanto, Marlene, uma cantora que não alcançava nem de longe a popularidade de Emilinha, apareceu e venceu o concurso, como vimos aqui nesta série algumas semanas atrás. Foi a partir daí que surgiu a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha, uma rivalidade que, de fato, se devia muito mais ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas as cantoras pelo país afora. Só quatro anos depois, em 1953, Emilinha finalmente recebeu o título de Rainha do Rádio, unicamente com o apoio popular, como costumam frisar os fãs da artista. Quando vencedora, sua votação foi tão expressiva que a quantidade de votos obtida era maior que a das outras concorrentes somadas. Outra briga na biografia de Emilinha aconteceu na década de 1940 quando o cineasta norte-americano Orson Welles, que estava filmando no Brasil, namorava a cantora Linda Batista. Naquela época Linda era a cantora mais popular do país e Emilinha ainda galgava o seu espaço junto ao grande público. Ao conhecer Emilinha, o cineasta não leva em consideração a sua relação com Linda – nem muito menos que a jovem Emilinha já possuía namorado -, e começa a assediá-la, prometendo, inclusive, levá-la para Hollywood. Linda, ao saber de tudo o que estava acontecendo, descarregava suas frustrações na mãe de Emilinha, camareira no Cassino da Urca, local onde era estrela absoluta. Até que, numa noite em que ambas se apresentariam no mesmo espaço, Linda cerca Emilinha nos bastidores, chega a lhe agredir com alguns tapas e rasga seu melhor vestido, com o qual ela se apresentaria dali a pouco. Desse dia em diante, Linda e Emilinha nunca mais se deram bem. O cantor Jorge Goulart chegou certa vez a dizer que Linda usava todo o seu prestígio como grande estrela do Cassino da Urca para dificultar a ascensão de Emilinha Borba por lá.
0 comentários:
Postar um comentário