domingo, 6 de julho de 2014

DUO CALAVENTO - ENTREVISTA EXCLUSIVA

Exímios músicos, Diogo Carvalho e Leonardo Padovani formam o Duo Calavento, harmonizando de modo ímpar o inusitado encontro entre o violão e o violino

Por Bruno Negromonte




De um neologismo surge o inusitado encontro entre um violino e um violão. De dois talentos surgem a perfeita sincronia entre dois instrumentos e alguns dos maiores autores da música mundial. Eis o Duo Calavento, dupla formada pelos músicos Diogo Carvalho e Leonardo Padovani e que vem conquistando plateias por todos os lugares onde tem passado, seja no Brasil ou no exterior. Após serem apresentados aqui mesmo no Musicaria Brasil como pode-se conferir a partir da pauta O ERUDITO E O POPULAR EM VERSÕES PARA VIOLÃO E VIOLINO, eles agora voltam ao nosso espaço cedendo esta entrevista exclusiva para o deleite dos nossos leitores. Nesta agradável conversa os músicos falam sobre como surgiu a ideia de formar o duo, como vem sendo a divulgação deste primeiro álbum da dupla, a escolha do repertório dentre outras curiosidades. Boa leitura!


Diogo, aos cinco anos de idade você começou sua formação musical ao piano. Posteriormente ganhou um violão e conseguiu alinhar os dois instrumentos por um dado momento. O que o fez decidir de vez pelo violão como instrumento de trabalho?


Diogo Carvalho - Minha decisão pelo violão aconteceu simultaneamente a meu maior interesse pelos estilos relacionados ao instrumento, como choro, rock, violão clássico e a canção brasileira. Esse processo se deu a partir de meus 11 anos. Depois disso, aos 14, iniciei minha vida profissional, como violonista, tocando em bares e casas noturnas. O interessante é que minha relação com o violão sempre foi pela música, e não pelo instrumento em si, ou seja: eu não sou do tipo que só escuta música para violão.



E você Leonardo? Em sua biografia consta que o envolvimento com a música deu-se desde os nove anos de idade. O violino foi sua primeira opção? Houve alguma influência para a opção deste instrumento?

Leonardo Padovani - Sim, me apaixonei pelo violino desde muito cedo. Tive influência da igreja que minha família frequentava e à qual me levava desde que nasci. Lá existem orquestras e eu passei minha infância ouvindo todos os instrumentos. Apesar da paixão pelo violino, me lembro de ter um certo fascínio pela “linha do baixo” em tudo o que ouvia, que era quase sempre executada por tubas, eu gostava de cantar o que eles tocavam.


Como se deu o encontro musical de vocês?


LP - Nos conhecemos na USP em 2002. Em 2005 Diogo me convidou para fazer parte de um trabalho de palestras musicadas para empresas, que fazemos até hoje. A partir daí fomos descobrindo muitas afinidades musicais, o gosto pelos compositores impressionistas, pela mesma estética musical, harmônica, e em 2008 resolvemos criar o “Duo Calavento”, que no início era apenas “Duo Leonardo Padovani e Diogo Carvalho” – o nome Calavento veio com o tempo, quando descobrimos nossa identidade musical, mas a verdade é que ainda a estamos descobrindo... 

DC - Além das afinidades artísticas, existe a afinidade profissional. Sem ela acredito que nenhum conjunto sobrevive, pois o dia a dia é muito trabalhoso (como em qualquer profissão) e o que o público ouve nos concertos ou no CD é só a “ponta do iceberg”. Nós dois gostamos de trabalhar com a mesma intensidade, de fazer nossa arte chegar às pessoas do nosso jeito, com a maior qualidade possível. No caso dos concertos, por exemplo, temos um cuidado especial com a sonorização, para proporcionar ao público um som envolvente, claro e emocionante.


A ideia de formar o duo surgiu a partir de alguma ocasião em especial?

DC - Não houve uma ocasião especial, e sim uma série de ocasiões. Conforme o tempo foi passando, a partir de 2005, nossas afinidades foram tomando força e isso ficou nítido em nossas performances. A formação do duo acabou sendo “automática”, embora tenha ocorrido em longo processo. Contribuiu decisivamente também a resposta do público, que mostrou interesse em nosso jeito de tocar, e nos incentivou muito a desenvolver nosso trabalho.



Mesmo já estando há alguns anos reunidos, só agora vocês apresentando o primeiro projeto discográfico. O que fez vocês protelarem por tanto tempo esse registro?

LP - Nossa ideia inicial para o duo era fazer apenas música erudita, transcrever obras que gostamos para violino e violão. Transcrevíamos tudo juntos, mas no meio do processo começamos a compor e percebemos um mundo mais vasto para desbravar. O processo se deu de forma gradual, fizemos muitos shows e aos poucos descobrimos qual era o formato da nossa arte. Irreverência, pitadas de humor e contrastes que levem a plateia à uma viagem de diferentes sensações e imagens. Creio que esse foi o tempo necessário para essa busca de identidade musical.

DC - Exatamente. Na verdade o disco só foi gravado quando o Duo Calavento se sentiu pronto para registrar sua obra.




A música instrumental brasileira é notoriamente conhecida por sua qualidade. No entanto, muitas vezes a valorização e o reconhecimento de alguns artistas do gênero se dá longe do Brasil. Haveria, na opinião do vocês, alguma justificativa plausível para isso? 

DC - Este é um assunto é bastante controverso, e precisaria de muitas páginas de comentários... Sendo assim, destaco apenas três pontos que acho relevantes:
- a falta do ensino de música é um fator decisivo, pois as pessoas estão muito distantes da arte musical, do ato de tocar um instrumento e também do ato de ouvir música.
- no Brasil infelizmente não existe o enorme gosto pela música instrumental que existe na Europa, parte da Ásia e EUA.
- o pouco profissionalismo dos músicos no Brasil também contribui para a pequena valorização do gênero. Basta lembrarmos do caso de João Pernambuco, por exemplo, nome importantíssimo da música brasileira do início do século XX, já reconhecido em sua época, que por amizade foi contratado como funcionário público para deixar de trabalhar com serviços pesados, e poder se dedicar apenas ao violão.



No álbum há sete faixas que não são da autoria de vocês como, por exemplo, “Bangzália” do Tom Jobim e “Czardas”, do italiano Vittorio Monti. Sem contar que há também uma canção do Piazzolla e outra do Tchaikovsky. Como se deu a escolha desses compositores para fazer parte do álbum? 

LP - Czardas é uma música que fez parte da minha infância, numa fase de deslumbre com as possibilidades sonoras do instrumento. Creio ter ouvido pela primeira vez num disco de vinil do meu tio. Além disso, para nós ela é sinônimo de diversão, alegria, o que nos levou à escolha de tocá-la sempre ao final dos shows, como última música, e à nossa maneira. Quanto a Piazzolla, fiz parte da Orquestra Típica de Tango “De Puro Guapos” por 5 anos, e nesse período me apaixonei por Piazzolla, ele está na minha “bagagem” musical e é mais um gosto em comum entre mim e Diogo.

DC - Bangzália me foi sugerida por Ulisses Rocha, um de meus mestres. Parte importantíssima das aulas de Ulisses são as sugestões musicais – ele conhece muito, de muitos estilos, e indica sempre as músicas e gravações mais especiais. Tom Jobim tem uma obra instrumental maravilhosa, e espero que nossa gravação estimule as pessoas a conhecer mais da obra dele. Em relação a Tchaikovsky, a peça é uma maravilha, um clássico dos clássicos, divertidíssimo.

LP - E nós nos divertimos muito fazendo nossa versão do Tchaikovsky com o violino tocando em pizzicato quase que o tempo todo da música.



Dentre esses autores escolhidos chamou minha atenção uma certa abrangência quanto à música produzida na França. Afirmo isto porque ao mesmo tempo em que há uma aproximação do impressionismo francês a partir de Debussy vocês trazem Satie, mentor do Les Six, grupo que à época reagiu contra a influência do impressionismo na música. Vocês poderia explicar um pouco melhor acerca da escolha desse repertório francês? 

DC - Me lembro de quando ouvi Debussy pela primeira vez. A obra dele me mostrou aonde música pode chegar, mudou minha vida. Eu tinha por volta de 13 anos. Conhecia muito Beethoven, Mozart, Bach, etc. É claro que eu já gostava muito dos autores antigos, mas Debussy tinha algo a mais: ele reunia uma música inventiva, cheia de sensações e imagens, a uma técnica composicional brilhante, onde tudo tem um sentido próprio, e se relaciona a uma linguagem quase mágica. 
Debussy comentava que gostava de compor “de ouvido”, ou seja, livre de regras e limitações pré-concebidas. Isso não quer dizer que ele não tivesse sólida formação teórica, e sim que ele não se limitaria apenas à sua formação teórica! A música impressionista traria climas, atmosferas, imagens, além de frases musicais e formas clássicas. Nós nos identificamos muito com este pensamento, e também com a resposta maravilhosa que os músicos franceses deram aos problemas da composição musical no final do século XIX e começo do XX. 
O impressionismo também é o tema de meu primeiro disco solo: “Impressionism - Acoustic Guitar Solo”, no qual interpreto minhas transcrições para violão solo de obras de Debussy, Ravel e Satie.

LP - O gosto por esse repertório foi o primeiro, de muitos em comum, que nos motivou a criar o Duo Calavento.



No disco há oito composições da autoria de vocês, sete em parceria. Dentre essas faixas “Janelas ao Sol”, que rendeu a vitória no Botucanto Instrumental 2009. Outras que chamam a atenção pelo inusitado título é a “Suíte da Sogra”. Como se dá o processo de composição de vocês? 

DC - Nosso processo composicional é um tanto caótico. Normalmente apenas ficamos tocando e improvisando, até que surja algo a ser desenvolvido. Não conheço muitos autores de música instrumental que trabalhem em parceria – acho que porque é bastante complicado! Um caso notório é Tom Jobim e Newton Mendonça, que decidiam cada nota e acorde juntos, e também a letra. 
O interessante é que cada música é construída por um processo diferente: “Janela do Sol”, por exemplo, foi composta quase que de forma matemática, parte por parte, sequencialmente. Já “Ponte das Cordas” foi fruto de uma longa depuração de uma série de ideias sobre nossa viagem para Goiás.
A “Suíte da Sogra” começou em um encontro para compor uma música nova, e no meio do processo não muito produtivo desse primeiro dia surgiu a ideia de falar sobre este tema tão irritante e tão universal. A partir deste ponto, em que tivemos a ideia inicial, a música foi construída aos poucos, e a história se desenrolou. Nunca revelaremos de onde veio a ideia!



Como estão vendo a divulgação deste álbum? A agenda para o segundo semestre se restringirá ao Brasil ou vocês já começarão trabalhar o álbum no Exterior também?

DC - A divulgação do álbum no Brasil é realizada pelo super Matias José Ribeiro, um profissional excelente, divertido e atencioso. Os veículos de imprensa tem sido receptivos, e estamos muito contentes com o público que alcançamos com este lançamento. No segundo semestre tocaremos pelo Brasil. Temos propostas para alguns locais, e estamos trabalhando para realizar uma turnê no Nordeste. Para o Exterior iniciaremos a divulgação depois da Copa, e em 2015 provavelmente faremos uma turnê europeia, principalmente para levarmos o disco para a Alemanha, onde já tocamos antes, e onde a “Suíte da Sogra” mostrou ser realmente um “tema universal”!




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Você pode encontrar o álbum nos seguintes endereços:


Livraria Cultura - http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=42200943

Itunes - http://itunes.apple.com/us/album/id815435192

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