Por Joaquim Macedo Junior
Os três grandes de Pernambuco
O futebol e a música sempre andaram de mãos dadas ou de pés juntos (ops). São maravilhas de Pixinguinha, 1 x 0 – instrumental, a versos elaborados de Chico Buarque, até o maior clássico de todos, “Que Bonito É’, de nosso Luiz Bandeira. Carlinhos Vergueiro, Jorge Ben Jor, Gil entre outros estão no elenco. Além de Bandeira, Jackson do Pandeiro enveredou por muitas vezes na zona do agrião, com seu ritmo único, repudiando o 1 a 1 ou enquadrando os árbitros do esporte bretão.
Começo esta série com Jackson, composição de Edgar Ferreira, o delicioso 1 a 1. Sobre esta composição, acabei de assistir outra vez o DVD produzido a partir do programa “Ensaio”, da TV Cultura, realizado por Fernando Faro. Em determinado momento, Faro (oculto) pergunta se aquelas cores referiam-se aos clubes pernambucanos. Jackson dá uma paradinha: “é veja, hoje em dia, em todo estado, tem um time encarnado, branco e preto (Santa), encarnado e branco (Náutico) e encarnado e preto (Sport), né não?” Driblando o mestre Jackson, como ritmava seu pandeiro.
O compositor pernambucano Edgar Ferreira foi um dos criadores do ritmo rojão, próximo do coco. Ainda adolescente, fundou a Escola de Samba Turma Brasileira, do Recife, em 1937. Depois, foi fundador do primeiro Sindicato da Indústria Metalúrgica de Material Elétrico de Recife.
Em 1941, demitido por participar de uma greve na Fábrica Matarazzo, onde trabalhava, passou a vender livretos de cordel com as letras de suas músicas, no Largo da Paz, em Recife.
Mais tarde, ajudou a fundar o Sindicato dos Compositores, do Rio, onde fixou-se em 1942, conseguindo que suas músicas aos poucos fossem gravadas por nomes como Carlos Galhardo, Joel de Almeida e Luiz Wanderley.
Entretanto seu maior incentivador e porta-voz de suas músicas para o sucesso foi Jackson do Pandeiro, que lançou várias de suas composições a partir do início dos anos 50, como “Um a Um” (1953) e “Forró em Limoeiro” (54), além de “17 na Corrente”. O compositor recebeu um prêmio pela trilha sonora da peça “O Rei da Vela” (1967), de Oswald de Andrade, e um Kikito no Festival de Cinema de Gramado, em 1983, na sua versão cinematográfica (dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa, que também encenou a versão teatral).
Suas músicas já foram gravadas por Beth Carvalho, Martinho da Vila, Gilberto Gil, João Bosco, Genival Lacerda, Cascabulho, Zé Ramalho e Os Paralamas do Sucesso. Edgar também compôs “Tempo de Menino” e “Vou Gargalhar” (campeã do carnaval de 1955) e musicou a carta-testamento de Getúlio Vargas no rojão “Ele Disse”.
* * *
Composição de Edgar Ferreira, interpretação de Jackson do Pandeiro
Esse jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Ah olhe o Jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
O meu clube tem time de primeira
Sua linha atacante é artilheira
A linha média é tal qual uma barreira
O center-forward corre bem na dianteira
A defesa é segura e tem rojão
E o goleiro é igual um paredão
Esse jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Mato um mais o Jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco
É encarnado e preto e branco
É encarnado e preto
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco
É encarnado e preto e branco
É encarnado e preto
O meu clube jogando, eu aposto
Quer jogar, um empate é pra você
Eu dou um zurra a quem aparecer
Um empate pra mim já é derrota
Mas confio nos craques da pelota
E o meu clube só joga é pra vencer
O meu clube tem time de primeira
Sua linha atacante é artilheira
A linha média é tal qual uma barreira
O center-forward corre bem na dianteira
A defesa é segura e tem rojão
E o goleiro é igual um paredão
Esse jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Mato um mais o Jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco
É encarnado e preto e branco
É encarnado e preto
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco
É encarnado e preto e branco
É encarnado e preto
Esse jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Mato um mais o Jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Mas rapaz uma coisa dessa tambêm
tá demais
O juiz ladrão rapaz
Eu vi com esses dois olhos que a terra
há de comer
Quando ele pegou o rapaz pelo calção
O rapaz ficou sem calção
Ah olho o jogo não pode ser um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
Mato um mais o Jogo não é um a um
(se o meu clube perder é
zum-zum-zum)
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