O Pátio do Terço, às segunda-feira de carnaval, transforma-se no grande palco do maracatu
Por Bruno Negromonte
Seguindo um verdadeiro rito, a Noite dos Tambores Silenciosos tornou-se um evento que já faz parte do calendário carnavalesco da capital pernambucana. A cada novo ano o evento reforça-se com mais adeptos, que agregam forças não apenas para a manutenção da cerimônia de origem africana e que tem por objetivo louvar a Virgem do Rosário, padroeira dos negros, mas principalmente na propagação de uma cultura bastante peculiar, uma vez que reúne nações de maracatus de baque-virado oriundas de diversos municípios do estado de Pernambuco que buscam reverenciar os ancestrais africanos, que sofreram durante a escravidão no Brasil Colonial.
Tradição
Esses ritos que reverenciam os antepassados é um costume que os escravos trouxeram para o Brasil durante o período colonial. Algumas cerimônias daquela época são bem semelhantes as praticadas na atualidade como a do Coroação do Congo, onde os escravos elegiam seus reis e rainhas, lamentavam seus mortos e pediam proteção aos Orixás. Aqui no Brasil, escravos, os negros tinham o seu direito de manifestar suas crenças e tradições cerceados, sendo obrigados a realizar tais cerimônias às escondidas. Os cortejos de lamentações passaram então a ser em silêncio e sem que fossem percebidos, vem daí o nome dado a tradicional manifestação artístico-cultural recifense: Noite dos Tambores Silenciosos. A festa que antes era realizada no pátio da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada na Rua Estreita do Rosário, no bairro de Santo Antonio, hoje é celebrada tradicionalmente na segunda-feiras de carnaval por ser o dia das almas nas religiões de origem africana e também em memória dos escravos que nunca tiveram direito de brincar o carnaval.
A cerimônia
Como tradicionalmente ocorre todos os anos a cerimônia tem início com a apresentação das nações de maracatus de baque-virado, tendo os tambores lugar de destaque neste momento, pois trata-se do principal instrumento da orquestra dos Xangôs e tem uma função mágica nas religiões africanas.
O ápice da cerimônica acontece à meia-noite quando as luzes do tradicional bairro de São José são apagadas e o público presente no pátio silencia. Neste momento são acessas tochas que são levadas até a porta da Igreja pelos líderes dos maracatus. Uma voz entoa loas (verso de louvor, louvação em versos improvisados ou não) em louvor a Rainha dos negros, Nossa Senhora do Rosário. O silêncio é interrompido apenas pela batida intermitente dos tambores de todas as nações de maracatus, que entoam cânticos de Xangô (um dos mais populares, prestigiosos e divulgados orixás dos candomblés, terreiros, macumbas). A marcha dos dançarinos é marcada pela batida de tambores. Estandartes trazem o nome dos maracatus e são seguidos por uma corte de reis e rainhas africanas devidamente caracterizadas. Nesse momento, o babalorixá responsável pelo ritual, alinha os batuques e rege um coro de mães-de-santo que rezam com ele, e termina o culto abençoando os membros dos maracatus e o público presente na cerimônia.
Um dia antes acontece a Noite dos Tambores Silenciosos mirim.
Programação Oficial
A partir das 20h:
Noite Dos Tambores Silenciosos
Maracatu Nação De Luanda
Nação Do Maracatu Elefante
Nação Do Maracatu Encanto Do Dendê
Maracatu Encanto Da Alegria
Nação Do Maracatu Estrela Dalva
Maracatu Nação Axé Da Lua
Maracatu Nação Sol Nascente
Maracatu Nação Estrela Brilhante De Igarassu
Maracatu Nação Almirante Do Forte
Nação Do Maracatu Porto Rico
Maracatu Nação Cambinda Estrela
Maracatu Nação Leão Da Campina
Maracatu Nação Raízes De Pai Adão
Maracatu Nação Encanto Do Pina
Maracatu Nação Oxum Mirim
Maracatu Nação Aurora Africana
Maracatu De Baque Virado Cambinda Africano
Maracatu Nação Tigre
Maracatu Nação Leão Coroado
Maracatu Nação Tupinambá
Maracatu Nação Rosa Vermelha
Maracatu Nação Estrela De Olinda
0h - Cerimônia Noite Dos Tambores Silenciosos com o Babalorixá
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