Filha de Carlos Espíndola, chorão da velha guarda, foi vizinha de Pixinguinha no bairro do Catumbi onde passou a infância no Rio de Janeiro. Aos 17 anos de idade, deixou a família para trabalhar em circo. Foi descoberta por Luís Peixoto, que a levou ao teatro de revista, quando cantava e dançava maxixes no Democrata Circo. O nome artístico lhe foi dado por Mário Magalhães, crítico teatral do jornal "A Noite" , quando passou a atuar teatro de revista em inícios dos anos 1920. Era irmã da também atriz e cantora Dalva Espíndola.
Primeira grande cantora popular brasileira, foi praticamente a única a fazer sucesso na década de 1920, quando, até então, os grandes nomes eram de vozes masculinas. Projetou-se através do teatro de revista que na época reunia a nata do meio artístico. Interpretou em primeira audição composições de Ary Barroso, Benedito Lacerda, Assis Valente, entre outros, tendo se apresentando com os Oito Batutas, lendário conjunto de Pixinguinha. Começou a carreira artística apresentando-se no Democrático Circo.
Estreou no Teatro Recreio em dezembro de 1921 na revista de J. Praxedes, "Nós pelas costas", com música de Pedro Sá Pereira. Dois anos mais tarde, já era nome consagrado ao atuar na revista "Que pedaço", de Sena Pinto, com música de Paulino Sacramento, onde se destacou com o samba "Ai, madama".
Lançou seu primeiro disco em 1925, pela Odeon, onde gravou inicialmente "Serenata de Toselli". Em seguida, lançou as canções "A casinha" e "Petropolitana", de autores desconhecidos. Em 1928, gravou pela Parlophon o samba "Jura...!", de Sinhô, que já havia sido lançado por ela na revista "Microlândia".
Em 1929, gravou o samba-canção "A polícia já foi lá em casa", de Olegário Mariano e Júlio Cristobal, e os sambas "Quem quiser ver?!", de Eduardo Souto; "Tu qué tomá meu home", de Ary Barroso e Olegário Mariano, e "Zomba", de Francisco Alves. No mesmo ano, atuou na revista "Laranja da China", de Olegário Mariano, apresentada no Teatro Recreio, onde lançou o samba "Vamos deixar de intimidade", de Ary Barroso, e na revista "Comigo é na madeira", de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes, levada à cena no teatro Recreio, onde lançou "O amor vem quando a gente não espera", de Ary Barroso. Ainda no mesmo ano, gravou em dueto com Francisco Alves o samba " É no toco da goiaba", de Eduardo Souto e José Jannyni, e a marcha "Vão por mim (Harmonia, harmonia)", de Francisco Alves. Também em 1929, realizou uma das gravações mais famosas da discografia da música popular brasileira, o samba-canção "Ai, ioiô" (no disco com o título de "Iaià") de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto, e por ela lançado na revista "Miss Brasil".
Em 1930, atuou na revista "Concurso de beleza", de Afonso de Carvalho, apresentada no Teatro Recreio, na qual, lançou com sucesso o samba de Ary Barroso "O tabuleiro da baiana". No mesmo ano, gravou os sambas "Meu senhor do Bonfim", de Pedro de Sá Pereira, Marques Porto e Luiz Peixoto; "Bem-te-ví sem vergonha", de Freire Jr. e Luiz Iglesias; "Samba de São Benedito" e "Juramento", estes dois, de Ary Barroso, Marques Porto e Luiz Peixoto. Também no mesmo ano, gravou em dueto com Augusto Vasseur o batuque "No morro (Eh! Eh!)", de Ary Barroso e Luiz Iglesias, e na revista "É do outro mundo", lançou o samba-canção "No rancho fundo", de Ary Barroso, ainda com o título de "Esse mulato vai ser meu" (Na grota funda), com letra do caricaturista J. Carlos.
Em 1931, gravou na Odeon, as marchas "Sou boa prá xuxu", de Osvaldo Santiago, e "Cada macaco no seu galho", de Luperce Miranda e Osvaldo Santiago. No mesmo ano, gravou na Columbia, os sambas "A La Aracy", de Júlio Cristobal, e "Reminiscências", de Jota Soares e Carlos Medina.
Em 1932, atuou com Sílvio Caldas na revista "Angu de caroço", de Carlos Bittencourt, Luiz Iglézias e Jardel Jércolis, no Teatro Carlos Gomes. No mesmo ano, gravou na Odeon, de Freire Jr., a marcha "Tô te espiando" e o samba "Mulher do regimento". Também no mesmo ano, gravou na Columbia, os sambas "Verde e amarelo", de Orestes Barbosa e J. Thomaz, e "A minha dor", de Oscar Cardona, e gravou com sucesso o samba "Tem francesa no morro", de autoria de Assis Valente. Ainda na Columbia no mesmo ano, gravou em dueto com Alberto Ribeiro a cena típica "Velha baiana", de Napoleão Tavares e Alberto Ribeiro.
Foi a primeira estrela de revista a excursionar ao exterior, quando em 1933 o empresário Jardel Jércolis levou uma companhia de revistas, da qual ela era estrela, à Europa.
Em 1934, gravou duas composições de Benedito Lacerda, o samba "Quando meu amor partiu", e o samba-canção "Um sorriso". No ano seguinte, gravou a marcha "Neném", de Ary Barroso e Luiz Peixoto, e o samba "Não convém", de L. Miranda e I. de Morais.
Por volta de 1935, montou sua própria companhia de teatro. No mesmo ano, foi homenageada no Teatro Recreio por Luiz Iglezias e Freire Jr. com uma placa como a "Rainha do Teatro". Ainda no mesmo ano, foi proclamada em festa realizada no Teatro Carlos Gomes, como "a melhor artista do Rádio", num concurso promovido pelo jornal Gazeta de Notícias.
Em 1937, atuou na revista "Rumo ao Catete", encenada no Teatro Recreio, contracenando com grandes nomes como Eva Tudor e Oscarito, com libreto e direção musical de Custódio Mesquita e Mário Lago. Em 1939, atuou na revista "Entra na faixa" na qual foi a primeira a cantar o samba "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. Passou quase vinte anos sem gravar.
Em 1953, retornou às gravações e lançou pela Odeon, o samba-canção "Flor do lodo", de Ari Mesquita, e o samba "Hino à vida", de Vicente Paiva, Max Nunes e J. Paiva. No mesmo ano, gravou sua única composição, o samba "Denguinho", feito em parceria com César Cruz.
Em 1954, gravou os sambas "As cadeiras de Iaiá", de Nelson Castro e Armando Maciel, e "Um sorriso", de Benedito Lacerda e Felisberto Martins.
Em 1957, foi a grande atração da revista "Quem pode pode", de Geisa Bôscoli, J. Maia e Max Nunes, apresentada no Teatro Jardel. Na ocasião, assim se referiu a ela o jornal O Globo: "Aracy mostra que, apesar dos anos, a sua categoria de atriz de teatro musicado permanece a mesma".
Em 1958, participou da revista "Bom mesmo é mulher", de J. Maia, Max Nunes e Meira Guimarães, interpretando duas músicas de Lamartine Babo, o samba "Xamego" e a marcha-rancho "Os rouxinóis".
Em 1961, atuou na revista "É por aqui sinhô", seu último musical decidindo a partir de então afastar-se da carreira artística. Voltou a atuar em 1965, no espetáculo "Rosa de Ouro", promovido por Hermínio B. de Carvalho e Kleber Santos, onde atuavam Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento e Nescarzinho do Salgueiro. Nesse espetáculo interpretou as músicas "Ai ioiô", de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, e "Os rouxinóis", de Lamartine Babo, além da música de encerramento com os outros integrantes do espetáculo. O show rendeu o LP "Rosa de ouro" lançado pela Odeon.
Em 1976, apresentou-se no Teatro Glauce Rocha, e em 1978 no Teatro Dulcina.
Em 1984, foram lançados pela Funarte um LP "Aracy Cortes", uma coletânea com depoimentos da cantora e um livro de autoria de Roberto Ruiz, comemorativos de seus 80 anos. Também nesse ano, a Sala Sidnei Miller da Funarte, homenageou-a com um show biográfico, interpretado pela cantora Marília Barbosa, que revivia sua vida e suas canções, e no qual ela tinha uma rápida participação especial. Ao morrer, seu corpo foi velado no saguão de entrada do Teatro João Caetano, na mesma Praça Tiradentes em cujos teatros obteve grandes sucessos.
Em 2006, foi homenageada com o espetáculo "Aracy Cortes - A rainha da Praça Tiradentes", musical estrelado pela cantora Marília Barbosa, escrito por Alexandre Guimarães e dirigido por Rogério Fabiano e Cláudio Lins, e que estreou no Teatro Vanucci.
Em 2009, por ocasião das comemorações dos 105 anos de seu nascimento foi recolocada no hall do Teatro João Caetano uma placa de bronze em sua homenagem lá inaugura em 1952 e retirada durante uma obra feita na década de 1970.
Fonte: Dicionário da MPB
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