terça-feira, 18 de março de 2014

A REINVENÇÃO DE ANTÚLIO MADUREIRA

Além de canções inéditas, disco apresenta novas versões de músicas já conhecidas

Por Camila Estephania


Depois de sete anos sem lançar disco novo, Antúlio Madureira apresenta o trabalho “Carnis Valles”. Nem todas as músicas de “Carnis Valles” são novas, mas até mesmo as que já são velhas conhecidas trazem um traço de ineditismo consigo. Isso porque, neste trabalho, Antúlio se aventura ao fazer versões populares dos eruditos, como na faixa de abertura, intitulada “Beethoven no passo”, em que executa as 5ª e 9ª sinfonias do compositor alemão ao som de caboclinhos, frevo e maracatus de baque solto e virado. O mesmo acontece em “Melodia Sentimental”, de Heitor Villa-Lobos, que transformou em uma ciranda, por considerar a letra de Dora Vasconcelos, que celebra a natureza, semelhante às temáticas do ritmo nordestino. A assinatura de Antúlio sob esses clássicos fica ainda clara quando o artista usa instrumentos criados por ele próprio, como a cabala e a marimbaça, além de explorar de forma particular outros, como o marimbau e a gaita do caboclinho.


“Essa foi a linguagem que usei para traduzir os clássicos para a nossa cultura, além disso, o disco traz também uma nova linguagem para os ritmos de Carnaval”, explica o músico. O trabalho ainda traz nove músicas que nunca foram gravadas, entre elas uma versão musicada do poema “Olinda”, de Carlos Pena Filho. A experiência musical foi possível graças ao incentivo da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, que cobriu os custos do trabalho pela primeira vez na carreira de Antúlio. A arte do CD ainda faz uma homenagem aos carnavais de Veneza, o que remete às festas do século XI, chamadas de Carnis Valles, que deram origem ao título da obra e à folia como é conhecida hoje.

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