CAPÍTULO 40
No Brasil, a Warner seguia muito bem até as 23h de uma noite tranquila de dezembro de 1980, quando tocou o telefone em casa e a voz conhecida do Mo Ostin , presidente do selo Warner, me deu a triste notícia:
— André, John Lennon has been fatally shot... (André, atiraram mortalmente em John Lennon...). A gente tinha acabado de lançar o que seria o último disco dele... Era também o prenúncio simbólico da derrocada da minha companhia no Brasil, que se estenderia por três longos anos... Surgia uma crise econômica mundial de grandes proporções, que pioraria, e muito, no Brasil, por causa do fracasso de mais um plano econômico que assolava o país ciclicamente. Duas crises simultâneas com efeito cumulativo foram fatais para a nossa economia.
De repente, o mercado de discos, que vinha crescendo ao ritmo de 10% ao ano, caiu repentinamente em 30%.
Na Warner, havíamos previsto um crescimento, naquele ano, de uns 20%. E ficamos 50% abaixo das nossas previsões. Todos os investimentos haviam sido efetuados dentro daqueles parâmetros. A situação da Warner, que tinha menos de cinco anos de existência no mercado brasileiro, ficou tão grave que, de um dia para o outro, estávamos tecnicamente quebrados. As soluções eram poucas: ou eu conseguia um aporte de capital da matriz, em Nova York, ou encontrava uma solução mágica localmente, ou eu fechava a companhia.
A minha velha amiga Odeon, em situação igualmente difícil, me propôs fazermos uma joint venture temporária, até a crise amainar. Eles precisavam abastecer sua fábrica e seu depósito, proteger as contas a receber, e garantir a sobrevivência da rede de vendas no interior do país. Eu precisava simplesmente sobreviver. Portanto, fechei a fábrica recém-comprada, e entreguei os estoques, as contas a receber e o departamento de vendas do interior do país para a Odeon. Reduzi drasticamente os investimentos em gravações e promoção, e, dos 150 funcionários, ficaram 45. Até o Gil pensou em sair da Warner — logo ele, nosso porta-estandarte!
— Gilberto, se você sair, eu paro de trabalhar com discos. Porque a sua saída seria meu segundo fracasso neste momento. E esse fracasso, eu juro que não teria força nem coragem de encarar e suportar...
O Gil ficou em silêncio durante longos minutos, olhou para mim seriamente e, com gravidade, respondeu:
— Está bem. Eu fico.
Fui e serei sempre grato a ele por esse gesto de amigo e cavalheiro, que me socorreu num momento tão desastroso. Foi o início de três anos que deixaram marcas por um longo tempo. Eu vivia momentos de profunda tristeza e profundo desamparo.
— Não quero mais, não posso mais — confidenciava ao meu amigo, o publicitário Washington Olivetto, num sábado à tarde, num boteco da rua Oscar Freire.
Outras vezes, eu pensava: “Não posso nem me demitir porque a gente não sai quando está mal. Só se sai quando se está com sucesso, e de cabeça erguida!” Eu me sentia como um boxeador ao sofrer seu primeiro knockdown no primeiro round de uma luta... Esse primeiro knockdown transforma a vida de um boxeador, porque, a partir desse momento, o medo se instala na alma do sujeito ao descobrir que pode cair na lona, e que, a qualquer hora, poderá sofrer o temido knockout. Eu tinha caído espetacularmente na frente de todos. Mesmo que o meu comportamento perante meus colaboradores, meus artistas e meus competidores indicasse plena confiança quanto ao futuro, lá dentro de mim instalou-se o medo de errar, de arriscar... O ciclo da ousadia entusiasta, que me tinha trazido tantas alegrias profissionais, estava se encerrando. A partir dali e por muito tempo, se e quando houvesse ousadia de minha parte, seria fruto de hesitação, apreensão e noites mal-dormidas.
Querendo retomar a dianteira sobre nossos concorrentes, ainda no início da década de 1980, chamei o Liminha, que eu acabara de promover a diretor artístico da Warner, e o Pena Schmidt, contratado para a mesma posição em São Paulo, para traçar um plano de ação. Decidimos fazer o que melhor sabíamos: ir para a rua e descobrir novos talentos aos quais ninguém prestava atenção, e, assim, surpreender e reconquistar um lugar decente no mercado. Eles saíram à luta, visitando os botecos da vida, os bares e os galpões de São Paulo e do Rio. Liminha, por ser um extraordinário músico, e Pena, por ser um “rato da noite”, encontraram rapidamente o que estava diante dos olhos de todos, mas ninguém via: roqueiros de nomes estranhos, como Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Ultraje a Rigor, Titãs do Iê-Iê, Ira!, Camisa de Vênus, Kid Vinil, e, posteriormente, o Barão Vermelho. Kid Abelha e Lulu Santos foram os primeiros sucessos que deram à companhia uma nova alma e a confiança de haver descoberto artistas para uma nova geração de público jovem.
Eu adorava a esplêndida sátira “A gente somos inútil”, do Ultraje a Rigor, tão adequada na época, e tão adequada ainda hoje, e carregava uma fita cassete com a gravação para todo lugar — a trabalho ou para a casa de amigos. Lembro-me, em particular, de uma noite de aniversário na casa do Thomaz Souto Corrêa, que reunia um ótimo grupo. Lá estavam Walter Clark e outros que não acharam a menor graça ao ouvir o incrível discurso do Roger, líder da banda. Eu percebia em seus olhares: “ Coitado do André, realmente perdeu a cabeça... Dessa vez, ele se fodeu de verdade...” Só o Washington me pediu uma cópia da gravação e a entregou ao radialista Osmar Santos, que dirigia o comício das “Diretas Já” em 1984.
Depois de meses de trabalho frustrante, a música começou a tocar em Porto Alegre. Logo depois, estourou em Curitiba. Nesse ínterim, Osmar Santos fez de “Inútil” a trilha sonora de seu programa de rádio e, um belo dia, entregou a fita nas mãos do Ulysses Guimarães , que, com a sensibilidade estranhamente jovem para um homem de sua idade, entendeu o que pessoas mais sofisticadas não perceberam: a importância do discurso do Roger. Ulysses tocou a fita em plena sessão do Congresso Nacional e fez dela um dos seus mais virulentos discursos contra a apatia dos políticos e do sistema. Afinal, como por milagre, todos entenderam. E a música estourou pelo país inteiro!
Em seguida, foi a vez de os Titãs se tornarem a maior banda de rock nacional. Conviver com eles era compartilhar uma viagem ao real universo da democracia: os Titãs amam, brigam, gritam, cantam, compõem, choram, riem, discordam, exultam, discutem, suam, reclamam, duvidam e afirmam até as últimas consequências, e incansavelmente. Depois, tomam uma decisão e vão em frente. Eram oito personagens heterogêneos que formavam um todo homogêneo. E, além do mais, existia o Arnaldo Antunes ... que considero o maior poeta de sua geração.
Contratamos os meninos do Casseta & Planeta, que lançaram, com muito sucesso, dois discos, um dos quais Preto com um buraco no meio. A capa reproduzia simplesmente o desenho de um LP preto com o buraco para enfiar o disco na vitrola. Um dia, de manhã cedo, o Tim Maia me aparece ao telefone com uma voz muito alterada (era sempre um mau sinal o Tim dar as caras cedo), gritando:
— Midani, que negócio é esse de preto com um buraco no meio?! Se você não retirar logo esse disco do mercado, você vai ver! Vai ter é um francês com um buraco no meio da testa... Entendeu? Na sua testa!
A minha relação com Tim havia começado na década de 1970.
Uma noite, jantando com os Mutantes, lhes perguntei se não conheciam um artista genial que estivesse à espera de ser descoberto, e eles falaram de um tal de Tim Maia, muito louco porém genial.
Semanas depois fiz a mesma pergunta ao Erasmo e recebi a mesma resposta:“ Tim Maia, muito louco porém genial!” O produtor Manoel Barenbeim descobriu o Tim a partir da notícia de que ele tinha se hospedado na casa do Wanderley Cardoso. Manoel chegou lá e Tim não estava mais. Assim foi o Manoel procurar aquele misterioso artista de casa em casa, até que um dia Tim apareceu, assinou contrato conosco e entrou no estúdio para entregar o seu primeiro sucesso, “Primavera”.
Uma noite que eu o encontrei num barzinho da rua Augusta, Tim me confessou que o seu sonho era gravar com os J.B.’s, que era a tremenda ban-203 da que acompanharia James Brown até sua morte em 2006. Por acaso eu conhecia bem o manager do James Brown, a quem telefonei em NovaYork, expliquei o caso e dois dias depois ele me deu as datas de gravação para o Tim naquela cidade.
Lá se foi o Tim entusiasmado e começaram a gravar umas quatro canções sob o olhar admirado dos gringos... “Que vozeirão tem este teu artista”, diziam. Dias depois, toca o telefone às nove horas da manhã: era o Tim que ligava de Nova York. Tim estar acordado tão cedo de manhã era sinal de noites não dormidas e prenúncio de problemas.
Midani, você acha que eu vou botar voz em cima dessas bases? Não vou botar não, a não ser que você me dê dinheiro para ficar uma temporada nesta terra...
Tim , esta gravação era um desejo seu, era para lhe agradecer pelo sucesso que você trouxe para a companhia que a gente concordou que você gravasse em NovaYork! — respondi.
Pode ser, mas se não me der esse dinheiro eu não ponho voz nenhuma e você pode fazer o que quiser com essas bases, inclusive...
—Vamos com calma, Tim . Quanto tempo você quer ficar? — perguntei, já sabendo que o Tim estava fora de si.
— Já disse, Midani, uma temporada... Três, quatro meses ou mais... Depende. Evidentemente não dei o dinheiro e nunca mais apareceram as tais bases da banda J.B.’s, o que realmente foi deplorável.
A nossa relação seguiu com altos e alguns baixos por muitos anos, porém nunca foi tão baixo a ponto do Tim destruir meu escritório, como contou Nelson Motta em seu livro, pura fantasia de alguma viagem de sua fértil cabeça.
Os Discos de Ouro choviam dentro da Warner. O Rock in Rio veio coroar nossa volta ao top do mercado, em 1985. Trabalhamos bastante com Roberto Medina, assessorando-o na escolha dos artistas estrangeiros e brasileiros, facilitando seus contatos com os empresários através da Warner Communications etc. Talvez por termos sido a gravadora que primeiramente entendeu a importância desse evento, logramos que nossos contratados representassem a metade de todos os artistas do festival.
Pedi ao Claude Nobs que viesse passar os 15 dias do festival no Rio, para dividir comigo o atendimento aos artistas estrangeiros. Reservamos o restaurante do hotel Marina durante a semana do festival, das 15h às 19h, e convidamos a cada dia dois artistas — um brasileiro e um estrangeiro — para uma feijoada com a imprensa, o pessoal de TV e do rádio, para se conhecerem de maneira informal. Foram almoços muito agradáveis pela relação que se estabelecia, também, entre o artista brasileiro e seu companheiro estrangeiro — com exceção da dobradinha Rod Stewart e Lulu Santos.
Nos convites, nesse caso, constavam os dizeres: “Rod Stewart e Lulu Santos convidam...” Ao receber o convite, me telefona enfurecido o manager do Rod:
— Você não sabe que Rod Stewart é uma estrela mundial? Que ele é o artista mais importante na Warner Music mundial? Não sabe? Então, saiba que um convite feito em seu nome tem que ser impresso em alto-relevo! E, além do mais, o Rod tem que ser homenageado sozinho! Pode tirar esse brasileiro que ninguém conhece. Aliás, nem precisa tirar esse brasileiro porque o Rod não irá a esse seu almoço.
Umas três horas depois, o empresário me telefona outra vez:
— O Rod não quer deixar você na mão e vai dar uma passada de cinco minutos, na hora do café.
— Já é tarde — respondi. — O almoço já foi cancelado e todos os participantes já foram avisados. Rod ficou enfurecido e, no dia seguinte, Mo Ostin — presidente do selo Warner americano — me telefonou de Los Angeles:
— André, o que aconteceu? O Rod está pedindo a rescisão do contrato dele ou a sua cabeça... Ou você sai, ou ele sai... Contei o que havia acontecido.
— Eu vou falar com Nesuhi para ver como a gente resolve essa história. O problema era que Rod estava no auge da carreira, vendendo muitos milhões de discos pelo mundo.
Rod Stewart e eu já éramos velhos conhecidos em situações de conflito, pelo fato dele ter quebrado, sete ou oito anos antes, a suíte presidencial do hotel Copacabana Palace. A brincadeira lhe custou uns US$100 mil, além da expulsão do hotel no dia seguinte, rumo a Los Angeles.
A história começou com um telefonema do agente dele, que me solicitava arranjar uma boa quantidade de cocaína para alegrar a estada do artista no Rio. No dia em que chegou, a encomenda foi entregue, e recomendei a maior discrição:
— Rod, você tem que tomar muito cuidado. Se te pegarem com isto no bolso, você vai preso — adverti.
— Sou Rod Stewart. Ninguém vai se meter comigo!
De madrugada, uma colaboradora nossa, designada para acompanhá-lo aonde quer que ele fosse, me telefonou apavorada:
— André, estamos na boate Regine’s e o Rod está batendo uma montanha de coca na mesa. E todo mundo está vendo.
As paredes e o teto do Regine’s eram cobertos de espelhos, e a coca do Rod se via de todos os lados!
— Fale com a direção para botar ele para fora — respondi.
No dia seguinte, a Warner tinha organizado, a pedido de Rod Stewart, uma festa na suíte presidencial do hotel, para a qual convidamos umas sessenta pessoas do jet set carioca. Saí da festa por volta da uma da manhã, e tudo parecia correr tranquilamente. No dia seguinte, chegando ao escritório, encontrei vários recados do Luiz Eduardo Guinle, pedindo que eu fosse urgentemente até o hotel, onde fiquei sabendo dos estragos... Haviam jogado futebol na suíte, quebrando quadros e mobília. A festa tinha sido interrompida às cinco da manhã, pelos seguranças e pela polícia... E, para coroar, o guarda-costas de Rod havia estuprado uma convidada!
Poucas semanas depois do Rock in Rio terminar, o Nesuhi se dedicou a promover uma reconciliação entre Rod Stewart e mim — para não perdê-lo nem me despedir. Voei para Genebra e fui ao jantar de reconciliação, para o qual Nesuhi havia convidado o Pelé — ídolo do Rod — para amansar a fera com sua presença. Estávamos frente a frente, a cara dele superemburrada, e eu fingia que não tinha nada com isso. Nesuhi falando com Pelé , até que Rod e eu começamos a rir da nossa situação ridícula: dois marmanjos, de cara feia, feito crianças que o professor obrigava a se reconciliarem… Fizemos as pazes e ficamos nós dois na gravadora ainda por muitos anos. E todos festejamos com muito champanhe.
Bem mais tranquilas — mas não menos peculiares — foram as curtas férias que o Prince passou no Rio.
— André, estas são as primeiras férias da vida dele e a segunda vez que ele sai dos Estados Unidos... Acontece que a primeira foi quando ele foi a Londres para receber o prêmio de melhor disco daquele ano no Brit Awards. Porém, a cerimônia foi suspensa por causa de uma ameaça de bomba.
Prince ficou tão apavorado que jurou nunca mais sair dos Estados Unidos… Portanto, eu te peço o maior cuidado, pelo amor de Deus! Essas férias têm que dar certo! Ele quer ficar completamente incógnito... Por favor, arranja um piano meia cauda para a suíte e organiza uma pequena reunião para ele conhecer umas pessoas legais… Ah, eu já ia me esquecendo, nunca se dirija a ele. Espere que ele se dirija a você. E lembre-se, André, ele quer ficar incógnito mesmo! A gente se vê no Rio. Tchau!
Essas foram as recomendações do empresário do Prince, Steve Fagnoli.
No dia da chegada dele, fui ao aeroporto, entrei na primeira classe do avião e lá vejo um diminuto personagem, vestido com uma camisa de seda cor-de-rosa, paletó e calças de veludo cor de sangue, e, para coroar, botas vinho… Era o Prince em pessoa, acompanhado de dois guarda-costas de tamanho mais do que respeitável...
— Steve! Você estava brincando comigo...Vestido assim, não vai dar para ele ficar incógnito!
No trajeto até o hotel, Prince olhava fascinado a fotografia de uma menina nuazinha publicada em página dupla na revista Playboy brasileira; tinha encontrado a revista na primeira classe da Varig.
Virava, virava as páginas de frente para trás, de trás para a frente, mas sempre voltava àquela página dupla com ares de profunda inquietação.
André... você sabe quem é esta menina?
Não sei, não.
— Quero muito conhecê-la — disse Prince, quase suplicando. — Me faz este favor, arruma o telefone dela. Prince não saiu da suíte durante os dois primeiros dias. No terceiro, fomos jantar — Prince, Steve, eu e os guarda-costas —, e realmente o jantar foi muito original: ninguém conversava, aguardando que Prince se dirigisse a um de nós. E ele não falou uma só palavra. Sorriu para mim um par de vezes e foi só. Prince subiu para a suíte e fiquei sozinho com Steve, tomando um drinque no bar.
— Steve, ele é realmente esquisito...
— André, você não sabe o quanto... Outro dia, estávamos voando para Los Angeles; ele estava lendo uma reportagem na revista de bordo sobre o Taj Mahal. Aí, perguntou quanto custaria construir um Taj Mahal para a mãe dele. Respondi que hoje não haveria dinheiro que bastasse. Era todo de mármore... Prince ficou em silêncio por alguns minutos, refletindo, e depois perguntou:“E se a gente o construísse de plástico?”
Na manhã seguinte, Prince foi à praia e, pela primeira vez na vida, caiu no mar. Ficou lá durante uns 15 minutos, voltou para sua suíte e continuou compondo ao piano o dia inteiro.
Para que Prince chegasse até a boate Hippopotamus, que eu tinha fechado para uma festa com convidados, foi montada uma operação estratégica extraordinária: um dos guarda-costas dele ficou na primeira esquina da rua que levava até a Hippopotamus e um outro ficou na segunda. E bloquearam o trânsito. Dali a pouco, chegou o Prince dentro da limusine, no sentido contrário ao da rua de mão única. Entrou na boate e foi sentar-se no canto mais afastado da casa, com um guarda-costas à direita, outro à esquerda. E dali só saiu para dançar com Dedé, mulher do Caetano. Voltou para seu canto, ficou ali por mais alguns minutos, ninguém podendo se aproximar dele, e foi-se embora. No dia seguinte, voltou para Minneapolis, porque não aguentava mais ficar de férias. Semanas depois, Steve me telefonou, me agradecendo em nome do Prince, que tinha gostado muito dos dias passados no Rio.
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