Produção mostra a trajetória de Sinistro, jovem da favela que encontra no amor e na arte o caminho para uma vida melhor
Por Pedro Galvão
A relação de Marcelo D2 com as câmeras não fica só na cinebiografia Legalize já!. Seguindo a tendência apresentada por Beyoncé em Lemonade (2016), o rapper lançou o álbum-filme Amar é para os fortes. Disponível na plataforma Apple Music, tem 30 minutos, foi dirigido por ele e mostra a trajetória de Sinistro, jovem da favela que encontra no amor e na arte o caminho para uma vida melhor.
Stephan Peixoto, filho de Marcelo D2, faz o papel de Sinistro (foto: YouTube/reprodução)
No papel principal está Stephan Peixoto, filho mais velho de D2. Ele contracena com Beatriz Alves (Chloë). Com poucos diálogos, o roteiro traz as nove faixas do disco em que o cantor teve a companhia de Gilberto Gil e Rincon Sapiência, entre outros. Mesclando ritmos e batidas, a “ópera rap” traz temas delicados que remetem à polarização política do país, mas prevalece como uma história positiva sobre o amor.
A faixa de abertura, Prelúdio em rimas cariocas, mostra as influências que nortearam D2. “Eu tenho sangue suburbano, a camisa velha de 2Pac/ Tenho a alma de favela/ E a estrada de Kerouac”, diz a rima. Em Alto da colina, a velocidade do rap aumenta para falar da violência cotidiana nas periferias. Sinistro passa por tiroteios. Momentos de medo e tensão vão se intercalando com representações de elementos de cultura afro, presentes na melodia embalada por atabaques.
A ambientação sai da favela e ganha outros cenários cariocas à medida que Sinistro vai conhecendo novas possibilidades. Skate, punk rock e a cultura canábica, marcas da obra de D2, estão presentes em Febre do rato, com batida dançante a cargo do teclado de Money Mark, ex-Beastie Boys. Os versos falam sobre oportunidades e dificuldades na juventude. Nesse momento, Sinistro começa a trabalhar numa galeria onde conhece a artista Chloë, com quem vive um romance. As cenas do casal são embaladas por samba-jazz, bossa nova e ritmos mais cadenciados.
Em Resistência cultural, o Nordeste entra no som, com a sanfona de Marcelo Jeneci e a voz de Gilberto Gil. A mensagem final do “disco-filme” chega com Amar é para os fortes e Filho de Obá, parceria de D2 com Rincon Sapiência. A parte musical do projeto pode ser ouvida no Spotify e em outras plataformas digitais.
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