quarta-feira, 10 de outubro de 2018

MÚSICA DE BRINQUEDO 2 APOSTA EM VERSÕES INUSITADAS PARA SUCESSOS POPULARES


O show de Pato Fu e Giramundo traz versões de clássicos do pop interpretados com a ajuda de instrumentos em miniatura e monstros cantantes 

Por Ana Clara Brant



Tocar clássicos brasileiros e estrangeiros em instrumentos destinados às crianças pode parecer infantiloide. Mas não é nada disso. Criado em 2010, Música de brinquedo, do Pato Fu, deu tão certo que ganhou outra versão depois de o projeto conquistar pequenos e adultos. O segundo disco foi lançado no ano passado, mas só agora o espetáculo tomou forma. 

"A escolha das canções é o primeiro passo para qualquer projeto decolar. Se ainda temos arranjos benfeitos e sonoridade inusitada, já ganha mais valor. O Pato Fu e o Grupo Giramundo transitam no universo pop. Queremos nos aproximar das pessoas por meio de linguagens menos óbvias, porém extremamente cativantes", afirma a cantora Fernanda Takai, referindo-se à parceria de sua banda com a trupe dedicada ao teatro de bonecos.

O show traz versões de clássicos do pop interpretados com a ajuda de novos brinquedos, instrumentos em miniatura e monstros cantantes. O repertório reúne Severina Xique-Xique, de Genival Lacerda, Kid Cavaquinho, de João Bosco e Aldir Blanc, conhecida na voz de Maria Alcina, Datemi un martelo (sucesso de Rita Pavone), Livin' la vida loca (hit de Ricky Martin) e Every breath you take (The Police), além de Mamãe natureza (Rita Lee) e Não se vá (Jane e Herondy).


O show traz a íntegra do disco, com o adendo de algumas canções do Pato Fu que ainda não tinham versão 'de brinquedo' (foto: Dudi Polonis/Divulgação)

"As músicas devem ser bem conhecidas e com instrumental interessante, que fique bom ao passar para os brinquedos. Procuramos outras línguas além do português. Além disso, não pode ser sucesso muito recente, pois tem que pegar os pais pela memória emocional. Com esses filtros aí, a gente vai garimpando até achar as pepitas musicais", explica o guitarrista John Ulhoa, compositor e produtor do Pato Fu.

Inspirado nos desenhos da mineira Anna Cunha para o projeto gráfico do álbum, o cenário foi idealizado pela designer Andrea Costa Gomes e o arquiteto Fernando Maculan. Adriano Vale assina o desenho de luz. No palco estarão Fernanda, John, Ricardo Koctus, Glauco Mendes, Richard Neves, Thiago Braga e Camila Lordy, manuseando os mais variados tipos de brinquedos e miniaturas. 

Os vocais de apoio cabem a Groco e Ziglo, monstrinhos criados pelo Giramundo, "comandados" pelos manipuladores Marcos Malafaia, Beatriz Apocalypse e Ulisses Tavares. "Fernando Maculan e Andrea Costa Gomes têm estado com frequência ao nosso lado nos últimos anos. Entregamos o figurino ao Rodrigo Fraga, que trabalha com alfaiataria, tudo sob medida", conta Fernanda. O show traz a íntegra do disco, com o adendo de algumas canções do Pato Fu que ainda não tinham versão 'de brinquedo'. 

"É bem diferente do primeiro Música de brinquedo, mas, ao mesmo tempo, há unidade. Tem também o Groco e o Ziglo, que ganharam versões novas. Eles estão cantando mais, há um número só deles. A parceria com o Giramundo é muito produtiva e afetuosa. Nossas histórias se misturam há alguns anos", celebra Fernanda.


TURNÊ

De acordo com a cantora, a maior dificuldade do projeto é circular pelo país, devido ao tamanho da trupe. "Hoje, muitos artistas reduzem formatos para viabilizar as turnês. Porém, Música de brinquedo não existe em formato pocket. Ele é coletivo. Precisamos mostrar ao país que nossa força é justamente o coletivo", destaca Fernanda.

Para John, o grande desafio é apresentar tudo ao vivo, devido à dificuldade técnica de "tocar" os brinquedos. "Mas a gente vai pegando o jeito. Quanto mais dominamos, mais divertido fica para podermos brincar mais durante o show", explica o guitarrista, destacando o sucesso da empreitada junto ao público de todas as idades. "É por causa do repertório, que cria pontes entre pais, filhos, sobrinhos, netos..."

John avisa: Música de brinquedo não é infantiloide. "Não tem a afetação que muitas vezes vemos em produtos infantis, deixando tudo intragável para os adultos, obrigados a suportar aquilo para entreter os filhos. Ainda não sei se há fôlego para um terceiro volume, mas, com certeza, há para desdobramentos do projeto como um todo", afirma. "Estamos só começando o que pretendemos para submergirmos no mundo audiovisual com esse projeto", antecipa o fundador do Pato Fu.

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