domingo, 28 de setembro de 2014

AS RAINHAS DO RÁDIO: SEGUINDO A LINHA DE SUCESSÃO

Depois de mais de dez anos com o título sob sua égide, Linda Batista resolve abdicar do expressivo posto

Por Bruno Negromonte - @brunonegromonte




Primeira intérprete (junto a sua irmã Linda) a gravar "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga na íntegra, Dircinha Batista tem, sem dúvida alguma, assim como a sua irmã, um papel de destaque dentro da música popular brasileira. O enorme sucesso que atingiu ao longo de mais de quatro décadas de carreira a credenciou a ter o seu nome gravado dentro da MPB como uma das grandes intérpretes do século XX. Sua discografia é composta por mais de trezentos registros entre discos em 78rpm e lp's que trazem consigo muitos grandes sucessos, especialmente músicas que animaram os carnavais de outrora. Diferente de Mary Gonçalves (artista abordada ao longo da semana passada que deu início a sua carreira no cinema), Dircinha, que chegou a trabalhar em dezesseis filmes, iniciou a sua carreira artística na música de modo muito precoce, pois Dircinha começou a se apresentar em festivais aos seis anos de idade assim como também a acompanhar o pai em diversas apresentações musicais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Uma criança prodígio que era capaz de demostrar a sua afinidade com a música na mais tenra idade. Anos depois, quando a sua carreira como cantora já estava alinhando-se, a artista começa a fazer incursões pela sétima arte participando, aos treze anos, do filme "Alô, Alô, Brasil" e, no ano seguinte, de "Alô, Alô, Carnaval" (ambos de Wallace Downey). Outros títulos que contaram com a participação da cantora foram "Futebol em Família", "Bombonzinho" e "Banana da Terra", filme musical produzido também por Wallace Downey e que tem como roteiristas João de Barro e Mário Lago eque conta com a direção de Ruy Costa. Neste filme Dircinha atua ao lado de Oscarito e de outros grandes nomes da música popular da época como as irmãs Aurora e Carmen Miranda, Orlando Silva, Bando da Lua, Emilinha Borba, Carlos Galhardo entre outros. Esse longa-metragem conta ainda com a participação de sua irmã Linda Batista. Em 1930, aos oito anos, gravou seu primeiro disco, para a Columbia, com duas composições de Batista Júnior, "Borboleta Azul" e "Dircinha" e já no ano seguinte tornou-se membro do programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti. Neste programa permaneceu até seus dez anos, quando então mudou-se para outra emissora, a Rádio Clube do Brasil, emissora que também contribuiu para a sedimentação e popularização do seu nome junto ao grande público. Três anos depois da gravação do seu primeiro 78 rpm ela registra "A Órfã" e "Anjo Enfermo", de Cândido das Neves, que contou com o acompanhamento do compositor ao violão juntamente com Tute. Em 1936, gravou dois discos pela Victor.




O ano era 1948 o concurso passaria por duas modificações: a primeira referente ao posto de Rainha, uma vez que após mais de uma década de reinado absoluto Linda Batista resolve abdicar do posto para favorecer a irmã, e a segunda era referente a organização do evento, que passaria agora a ser feita pela ABR (Associação Brasileira de Rádio). O concurso daquele ano dava como certa mais uma vitória de Linda, quando ela surge com a surpreendente notícia de que não concorreria ao posto naquele ano. Para alívio dos fãs a família seria representada por sua irmã Dircinha, que representando as emissoras Tupi-Tamoio sagrou-se campeã, arrecadando um total de 25.914 votos estendendo por mais um ano a hegemonia da família Batista junto ao concurso de maior prestígio e popularidade do rádio brasileiro de todos os tempos. Ao longo de sua carreira além das rádios citadas anteriormente chegou a atuar também na Rádio Nacional, foi contratada pela TV Tupi na década de 1960 e chegou atuar no teatro em duas peças. Uma curiosidade acerca da carreira de Dircinha se deu em 1937 quando o compositor e maestro Benedito Lacerda a convidou para gravar uma composição de sua autoria, o samba "Não Chora". A cantora registra tal canção no entanto o compositor esqueceu da outra faixa que faria parte do labo B do 78 rpm. Sem saber o que faria com aquele outro lado do disco a solução foi consultar os compositores que se ali se encontravam no estúdio, dentre eles Nássara, que tinha consigo apenas a primeira parte de uma marchinha. Ali mesmo, o caricaturista e compositor, concluiu a letra e a canção de "Periquitinho Verde" juntamente com Sá Roris. Grava ocasionalmente apenas  para completar aquele 78rpm, a música acabou tornando-se o primeiro sucesso na carreira da atriz e uma das mais executadas do carnaval do ano seguinte. 

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