Conheça o que andam fazendo músicos da importante banda pernambucana
Por AD Luna
Entre meados dos anos 1990 e início dos 2000, a música pop pernambucana vivia momentos de intensa produção e visibilidade nacional. Jornais, revistas e TVs (principalmente, MTV e TV Cultura) mandavam, periodicamente, seus repórteres investigar in loco o que acontecia nos então iniciantes festivais Abril pro Rock e Rec Beat Carnaval e o que andavam fazendo artistas como Eddie, Devotos, Querosene Jacaré, Dona Margarida Pereira e os Fulanos, Jorge Cabeleira e, principalmente, a então Santíssima Trindade da movimentação manguebeat: Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Mestre Ambrósio. A Nação, mesmo com a morte de Chico, em 1997, seguiu em frente mantendo o bom nível dos seus trabalhos e sempre se recriando. O Mundo Livre S/A passou por mudanças na formação, alguns altos e baixos, mas segue atualmente produzindo novo álbum. O Ambrósio encerrou suas atividades em 2004, mas os seis ex-integrantes continuam sustentando produtivas e intensas carreiras artísticas.
Aproveitando passagem recente por São Paulo, dirigimo-nos à residência do percussionista Eder “O” Rocha, localizada no aprazível bairro Perdizes, Zona Oeste da cidade. Lá, além dele, conversamos com mais dois ex-membros do Ambrósio: o também percussionista Maurício Alves e o baixista Mazinho Lima. Eder foi o primeiro a deixar o grupo. O músico – que foi baterista da banda de hard rock e heavy metal Arame Farpado e integrante da Orquestra Sinfônica do Recife, entre meados dos anos 1980 e início dos 1990 – divide-se entre inúmeros trabalhos artísticos e educacionais encabeçados por ele e outros como convidado. Neste quesito, destacam-se sua participação no Bambas Dois, Mutrib e Ponto.br. O primeiro é projeto comandado pelo produtor Eduardo Bidlovski, o BiD (produtor do Afrociberdelia, de Chico Science & Nação Zumbi), que reúne músicos brasileiros e jamaicanos (entre eles, Ky-Mani Marley, filho de Bob, Ernest Ranglin, Jorge Du Peixe e Lúcio Maia). Eder não participou das gravações do disco, mas toca na banda. Mutrib desenvolve interessante pesquisa sonora em cima de tradições da região dos Bálcãs como Turquia, Macedônia e Bulgária. “É o grupo com o qual tenho mais me apresentado em São Paulo. Além de palcos comuns, somos muito chamados para tocar em festas de congregações gregas e judaicas e em cursos de danças circulares”, comemora. O Ponto.br é focado nos conhecimentos de mestres de tradições musicais brasileiras, como Walter de França, do Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife.
Com o fim do Mestre Ambrósio, Mazinho Lima, também chamado de Velho Maza, passou a se dedicar à composição e à produção de trilhas sonoras para espetáculos teatrais. Tocou com Junio Barreto e Monjolo (banda de pernambucanos radicados em São Paulo). É integrante, juntamente com Eder “O” Rocha, do Edela, Terno Quente e do Trabuco Trio (power trio de forró, segundo ele). Está prestes a lançar seu primeiro disco solo, Músicas para cantar, dançar, ouvir..., o qual conta com músicas próprias e uma canção dos amigos pernambucanos Hélio Matos (ex-Galera Impregnada, grupo recifense dos anos noventa) e Tonca (ex-guitarrista do Querosene Jacaré). Todos as vozes, violões, guitarras e baixo foram gravadas por Mazinho e a bateria, por Eder.
Ao contrário do Velho Maza e de Eder “O” Rocha, Maurício Alves não mora na capital paulista. O músico reside, há dois anos, em Vinhedo, que fica cerca de 40 minutos de São Paulo. Atualmente trabalha com a nova sensação da black music paulistana, o MC e rapper Crioulo e com a atriz e cantora Luciana Oliveira, de Brasília, que também é vocalista do Natiruts. Depois do Ambrósio, Maurício tocou em shows e nos discos da cantora Céu, do produtor Beto Villares e do grupo de metal melódico Angra. “Foi uma experiência incrível vivenciar o esquema profissional da banda e encarar a plateia gigantesca deles”, comenta.
Depois de viver por dez anos em São Paulo, Sérgio Cassiano voltou ao Recife em 2007. Desde o ano passado, tornou-se professor de percussão popular do Conservatório Pernambucano de Música. Entre seus trabalhos mais recentes, está a gravação do DVD coletivo Quatrofonia, do qual também participam Rabecado, Izidro e Toninho Arcoverde. O ex-companheiro de banda Mazinho Lima tocou no projeto a pedido de Cassiano. Músicas do percussionista podem ser ouvidas na interpretação dos artistas Toque Leoa, Ticuqueiros, Zeca do Rolete, Gonzaga Leal, Anastácia e Mestre Ferrugem, cuja direção e produção musical é assinada por Cassiano. No próximo semestre, ele inicia produção do seu segundo disco, já batizado de Água.
Segundo a deixar o Mestre Ambrósio, o músico, ator e dançarino Helder Vasconcelos, voltou ao Recife em 2002. Além do Ambrósio, gravou com Zélia Duncan, Chico César, Antonio Nóbrega, Suba, entre outros. Atuou nos filmesBaile perfumado e O homem que desafiou o diabo. Neste último, interpreta o marcante e intrigante personagem Cão Miúdo, ao lado de Marcos Palmeira. Ainda no ramo cinematográfico, deixou sua marca na película A luneta do tempo, projeto do cantor Alceu Valença ainda não lançado. Nas artes cênicas – seu maior campo de atuação – trabalha, atualmente, na criação de novo espetáculo solo que completará trilogia integrada pelas encenações Espiral brinquedo meu (2004) e Por si só (2007), que foi contemplada pelo Rumos Dança Itaú Cultural.
Voltando a morar em São Paulo, Siba vem divulgando o CD denominado Avante. A produção ficará a cargo do guitarrista e cantor do Cidadão Instigado, Fernando Catatau, e marca a reaproximação de Siba com seu primeiro instrumento, a guitarra. Além desse instrumento, a teia sonora do Avante é tecida por bateria, tuba e vibrafone. “O trabalho soma um pouco do processo desenvolvido com a Fuloresta ao meu interesse pela música pop africana e à minha ligação com o rock, nos anos oitenta”, descreve.
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