Experimento musical criado pelo grupo Estesia resgata memórias e emoções da plateia por meio de sessões individuais, realizadas via aplicativos ou prosaicas ligações telefônicas
Banda Estesia propõe uma nova forma de levar arte ao público, subvertendo o formato das lives durante esta pandemia (foto: Deborah Barros/divulgação)
Um lugar confortável, luz desligada, fones a postos, celular carregado e conectado com a internet. Esses são os pré-requisitos para começar a experiência Estesia 1pra1, desenvolvida pelo grupo musical pernambucano Estesia. O projeto é realizado de forma individual – um integrante do grupo, durante 30 minutos, conduz o espectador a uma viagem por meio de memórias, emoções e sensações. O “meio de transporte” pode ser YouTube, WhatsApp, e-mail ou uma simples ligação telefônica.
“Cada vez mais, temos usado as redes sociais. Sinto que estamos construindo redes de afeto por meio delas e é interessante desvirtuar um pouco essas plataformas. É como se disséssemos: vamos fazer arte de qualquer forma”, afirma Tom BC, integrante do Estesia.
MESMICE
O projeto foi criado com a intenção de fugir dos formatos de apresentação musical disseminados durante a quarentena. “Tínhamos vontade de usar plataformas diferentes para não cair na mesmice das lives”, explica Tom.
O grupo busca a proximidade, apesar do distanciamento imposto pela pandemia. “Decidimos construir algo que usasse as redes sociais para compartilhar o nosso trabalho artístico e o afeto de estar presente”, afirma o artista. As sessões da experiência Estesia 1pra1 custam R$ 25. Até este sábado (8), elas podem ser agendadas no Instagram da banda.
Já na terceira temporada, o experimento atraiu pessoas de 29 cidades brasileiras, além de espectadores nos Estados Unidos, Uruguai e Alemanha. A experiência é conduzida por Tom BC, Carlos Filho, Cleison Ramos e Miguel Mendes.
“É estranho, um misto de emoções. Desgasta um pouco a gente, pois você está expondo suas memórias e compartilhando coisas íntimas com pessoas que não conhece. Ao mesmo tempo, é muito gratificante”, conta Tom.
O grupo Estesia foi criado em 2016, no Recife, com o propósito de fazer apresentações musicais diferenciadas. 1pra1 se inspirou no projeto Tudo que coube numa VHS: Experimento sensorial em confinamento, da companhia de teatro Magiluth, também de Pernambuco.
“Olhei (o projeto do Magiluth) e falei: poxa, tem uma coisa diferente aí. Tentamos contar as memórias através da música. Não só as memórias, mas também as sensações”, comenta Tom, garantindo que cada sessão é uma nova descoberta.
“O público também divide suas memórias pessoais com a gente. Algumas pessoas torturadas na ditadura, por exemplo, compartilharam as memórias daquela época. Fico feliz de uma coisa tão pessoal afetar as pessoas, de elas responderem de forma tão pessoal”, diz Tom.
No primeiro momento, o pernambucano ficou em dúvida sobre a eficácia da experimentação. “Pensei: Será que alguém vai se identificar? Vi que sim, as questões que compartilhamos são iguais para todos. Não imaginava o quanto aquilo que produzimos afetaria as pessoas de formas diferentes”, comemora Tom.
A resposta do público é um incentivo, revela o integrante do Estesia. “O feedback está sendo bem maior do que se fôssemos fazer uma live.”
FALHAS
Aplicativos e plataformas conectados à internet obrigaram o grupo a lidar com imprevistos durante as apresentações. “Falhas técnicas acontecem. A mais comum é a ligação do telemarketing. De vez em quando, acontece de a pessoa não conseguir receber ou não aceitar. Também ocorre da pessoa não ter o aplicativo baixado (YouTube e WhatsApp). É como no palco, vamos contornando os imprevistos”, revela Tom BC.
O músico confessa sentir saudades dos espetáculos presenciais, inviabilizados pela pandemia da COVID-19. “Nunca me considerei alguém que sente a falta de pessoas. Mas nesses últimos tempos tenho sentido necessidade do calor humano, dos corpos, de ter pessoas ao redor. Sinto falta de simplesmente estar ao lado de uma multidão”, conclui.
ESTESIA 1PRA1
. Projeto do grupo Estesia
. R$ 25
. Agendamentos até este sábado (8) pelo Instagram (@estesiaestesia) ou WhatsApp: (81) 99473-5552
Fonte: Estado de Minas
0 comentários:
Postar um comentário