sábado, 10 de fevereiro de 2018

O CARNAVAL E O CAPITÃO ZUZINHA

Por Bruno Negromonte





Semana de carnaval! Panis et circencis para o meu povo! Apesar das coisas, hoje em nosso país, estarem mais para circo. Falo isso porque me vejo transfigurado de palhaço constantemente a cada nova notícia oriunda de Brasília. Às vezes, a fantasia me serve ao ler notícias locais também, afinal é carnaval! Pelo menos o nariz de palhaço, as vestimentas e os adereços que certos políticos insistem em nos adornar o ano inteiro nos cabem mais adequadamente.

Pois bem, deixemos as agruras de nossas rotinas de lado e demos vazão a alegria… falemos da folia de momo! Assunto sobre o tema proposto não falta, tanto que foi difícil escolher o assunto a ser abordado para esta semana. Sei que aqui, entre leitores e colunistas, existem pessoas de extremo conhecimento musical sobre o frevo e seus variantes como muitos podem atestar ao ler assiduamente o Jornal da Besta Fubana.

Na época em que a gravação de uma canção não tinha disponível tantos recursos quanto hoje e que devido a esse tipo de precariedade todos os músicos aglomeravam-se na frente de um captador (que mais parecia um grande gramofone) para captar as gravações (todas feitas ao vivo!), sem edição alguma, num acetato em cera. Eis que nessa época havia um músico dos mais atuantes no carnaval. Não falo de Nelson Ferreira (que no último dezembro completou-se 35 anos de seu falecimento), nem do não menos saudoso Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (que ao longo de 2012 completa-se 15 anos que partiu), mas sim de outro artista que ao longo deste ano vale a pena lembra-lo pela passagem dos 60 anos do seu falecimento. O músico a qual me refiro e hoje quero trazer ao público do JBF trata-se de José Lourenço da Silva, popularmente conhecido por Capitão Zuzinha que faleceu em 1952, aos 63 anos e mesmo depois de cerca de 60 anos após sua morte ainda é reverenciado por aqueles que fazem e admiram o mais genuíno ritmo do nosso carnaval.

Capitão Zuzinha, talvez hoje seja mais conhecido como o nome da rua que liga as avenidas Visconde de Jequitinhonha e Mal. Juarez Távora, no bairro de Boa Viagem do que o exímio e mítico músico que foi. Mais ressaltar aqui que José Lourenço da Silva é um dos nomes mais importantes da história do frevo. Capitão Zuzinha nasceu no município de Catende (cidade a 142 km da capital Recife), no dia 10 de fevereiro de 1889. Ainda adolescente, por volta dos 17 anos, começou sua carreira de regente estando à frente, nessa época, da Banda Saboeira de Goiana (banda criada no município da mata norte pernambucana em 1849). Zuzinha permaneceu na cidade de Goiana durante toda infância e adolescência, saindo da cidade apenas aos 26 anos, quando transferiu-se para a capital para assumir a função de mestre da banda da polícia militar (função essa que agregando ao seu nome a patente conseguida na carreira militar).

Hoje, merecidamente trago Capitão Zuzinha a nossa coluna, o exaltando e o colocando no merecido lugar juntamente com os grandes nomes do frevo pernambucano, pois trata-se de um dos nomes que participam ativamente da gênese do ritmo musical que hoje é a marca registrada do carnaval pernambucano.

Deixo abaixo para audição uma das várias composições do Mestre Zuzinha, escolhi esta por estar contextualizada com o período de momo, pois trata-se do hino da cidade de Olinda, República maior dos bonecos gigantes. Excelente carnaval à todos!


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