Por Laura Macedo
A ex-presa política e anistiada Maria Cristina Uslenghi (de Castro, atual sobrenome) aguardava com ansiedade o momento de estar frente a frente com Paulinho da Viola. O compositor carioca é o autor de “Para um amor no Recife”, canção que servia para amenizar as dores sofridas por ela em cela que dividia com a então militante Dilma Rousseff, no presídio Tiradentes, em São Paulo, depois de sessões de tortura no DOI-Codi. O fato ocorrido no começo da década de 1970 é relatado em A vida quer é coragem, biografia da presidente Dilma Rousseff escrita pelo jornalista Ricardo Amaral.
Antes do show de Paulinho, na noite de sexta-feira, Maria Cristina pôde finalmente se encontrar com o cantor. No camarim do Teatro da Unip, depois de um abraço afetuoso, os dois conversaram por 10 minutos e o assunto predominante foi o samba recheado de simbolismo, que traz versos como “Fechar a ferida e estancar o sangue… Que voltarei de pressa, tão logo a noite acabe, tão logo este tempo passe, para abraçar você”. (Fonte: Correio Braziliense).
Para um amor de Recife (Paulinho da Viola)
A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor
Meu amor, eu não me esqueço
Não se esqueça, por favor
Que voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo este tempo passe
Para beijar você
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