Artista incluiu também entre as raridades “Armadilha”, do gaúcho Nelson Coelho de Castro e Denise Ribeiro
Por Marcos Santuário
Novo trabalho de Zeca Baleiro inclui homenagem ao "rei" Roberto Carlos
Em 2017, Zeca Baleiro decidiu abrir seu acervo de gravações dispersas na série de álbuns digitais ‘Arquivo’, que passou a lançar pelo seu próprio selo, Saravá Discos, com distribuição da ONErpm. Agora é a vez de “Arquivo_Raridades”, estrategicamente difundido nas plataformas digitais. Toda a versatilidade e um toque romântico marcam as escolhas das 11 gravações de estúdio e duas feitas com a visceralidade do “ao vivo”. No universo do “nunca ouvido” estão oito composições, incluindo “Envolvidão” e “Logradouro”, que saíram no formato single, anunciando o lançamento do álbum digital.
Já conhecido e reconhecido por conduzir o seu atento ouvinte aos caminhos tortuosamente deliciosos da vida, Baleiro coloca no repertório autoral “A Estrada me Chama”, criada especialmente para a série “O Dia em que nos Tornamos Terroristas”, produzida no Maranhão. Momento revelador está em “Tarde de Abril”, poesia e música que marcam uma inspiração especial, com o objetivo de alcançar os ouvidos e a sensibilidade do “rei” Roberto Carlos. Sobre isso, Zeca já disse e se divertiu: “Há mais de dez anos, li matéria sobre projeto de CD em que Roberto Carlos gravaria apenas compositores nunca gravados por ele, das 'novas gerações'. É um sonho de consumo dos compositores da minha geração ter uma música gravada pelo Rei. Imediatamente compus uma canção, gravei ao vivo no estúdio, acompanhado apenas de Adriano Magoo ao piano. Enviei a canção através de uma amiga do empresário de Roberto. Nunca tive retorno se o cara ouviu. Mas a gravação me agradou tanto que resolvi colocá-la neste disco. Quem sabe agora o Roberto ouça.” Quem sabe?
Na sonoridade poética do novo trabalho, o paciente artista incluiu também entre as raridades “Armadilha”, do gaúcho Nelson Coelho de Castro e Denise Ribeiro. Responsável por embalar décadas, na trilha sonora de “Verdes Anos”, a música foi revivida para a série “Animal”, dirigida por outro gaúcho, o talentoso Paulo Nascimento. Inédita é a gravação de “Baioque”, de Chico Buarque, em clima totalmente rock'n'roll. Desde 2014, quando foi trilha de novela, havia permanecido inédita até agora. “Naquela época” (há quatro anos!) a produção teria achado a versão rock'n'roll demais pra uma novela de época. Ninguém falou pra Baleiro e ele guardou a gravação no seu “baú de ideias cujo tempo ainda não havia chegado”.
Mas nem só de raridades se constitui o trabalho artístico de “Arquivo_Raridades”. Algumas das composições escolhidas não são tão raras assim. Foram escolhidas por servir, poética e musicalmente, como tributos feitos com as obras de nomes que marcaram vida e obra do maranhense. Entre estes nomes, escolhidos e gravados agora, estão Maysa, Luiz Gonzaga e Padre Zezinho. Na visão do músico, foram criações que não receberam a divulgação merecida. Ele, então, lhes dá hoje “uma nova chance”. Dentre estas, “Chuva Fina”, do tributo “Mais Forte Que o Tempo” (de 2013) ao Michael Sullivan, “hitmaker dos maiores da música brasileira”, é talvez a mais conhecida do projeto. De olho no hoje estão duas inéditas gravações ao vivo: “O Chamado”, de Marina Lima, da turnê “Era Domingo” (2016), e “Ponto de Fuga”, de Chico Maranhão.
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