quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

CARTA ABERTA DA ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DO CONSERVATÓRIO PERNAMBUCANO DE MÚSICA (OSJCPM)




Nós, músicos, ex-músicos, apoiadores e entusiastas da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música (OSJCPM), vimos por meio deste carta afirmar nosso desejo de ver a orquestra continuar a evoluir no seu trabalho pedagógico, artístico e de propagação da Música Sinfônica estado afora. Em praticamente dez anos de estrada (literalmente), a OSJCPM capacitou centenas de jovens instrumentistas pernambucanos, assim como levou música e conhecimento para todas as regiões do estado. Logo, essa arte foi amplamente disseminada em Pernambuco, considerada por muitos como fundamental na construção de indivíduos conectados (social e culturalmente) tanto com o mundo contemporâneo como o histórico.

No sentido de uma contextualização maior do nosso trabalho, segue abaixo algumas conquistas e realizações da OSJCPM nesses dez anos:

• Qualificação e aperfeiçoamento de aproximadamente 300 jovens instrumentistas pernambucanos na arte da Música Sinfônica;

• Realização de 200 concertos gratuitos em 40 municípios do Estado de Pernambuco (todas as regiões do estado foram contempladas) e em 6 cidades do Nordeste – a maior parte dessas apresentações constituíram os 8 “Circuitos Sinfônicos”: temporadas de concertos realizadas com o apoio do Governo do Estado de Pernambuco e de instituições como a CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), assim como de empresas privadas; 

• Realização de 130 concertos-aula, nos quais alunos da rede pública de ensino e a comunidade em geral tem a possibilidade de aprender sobre a Música Sinfônica e o funcionamento de uma orquestra;

• Formação de plateia do litoral ao sertão, inclusive em locais onde a Música Sinfônica nunca havia sido executada;

• Realização do Projeto “Pernambuco Sinfônico”, com o apoio do programa “Petrobras Cultural”, levando a Música Sinfônica Pernambucana para 4 estados e 8 cidades do Nordeste Brasileiro; 

• Estímulo à criação de novas obras sinfônicas de jovens compositores pernambucanos, assim como valorização da música de compositores locais consagrados como Clóvis Pereira, Capiba, Maestro Duda, entre outros; a OSJCPM também se caracterizou pela parceria com artistas populares como Dominguinhos, Antônio Carlos Nóbrega, Quinteto Violado, Maracatu Nação Pernambuco, Antúlio Madureira, Calixto e Cristina Amaral;

• Promoção de intercâmbio com solistas e maestros profissionais – houve inclusive o estímulo para jovens solistas da própria orquestra demonstrarem suas habilidades, assim como espaço para jovens maestros oriundos do curso de regência do CPM experimentarem o comando de um conjunto sinfônico;

• Diálogo com outras linguagens artísticas como o teatro, a ópera e o cinema – músicos da orquestra, mesmo como o grupo parado no ano de 2014, conquistaram o prêmio (Candango) de melhor trilha-sonora no 47o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em outubro passado.

Atualmente, quando deveria estar celebrando sua primeira década de existência com muita música e realizações, a OSJCPM se encontra silenciada, conjuntura que perdura desde o fim do ano passado. Em 2013, enfrentamos dificuldades burocráticas e institucionais que travaram o projeto, no entanto, depois de muito esforço por parte de integrantes e apoiadores da orquestra, possíveis soluções para o impasse foram encontradas e hoje o grupo se encontra num momento-chave para a definição do seu futuro, assim como o da Música Sinfônica Pernambucana. A Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco (SEDUC), a qual o Conservatório Pernambucano de Música (CPM) está subordinado, compreendendo a importância e indispensabilidade do trabalho educativo e inclusivo da OSJCPM, aliou-se à Secretaria de Cultura (SECULT) – no sentido de ampliar também o alcance artístico do projeto –, para, em colaboração com o próprio CPM e a OSJCPM, elaborar um projeto de institucionalização da orquestra. Sendo assim, um grupo de trabalho foi formado pelo Secretário de Educação e Esportes Ricardo Dantas com membros de ambas as secretarias citadas, da Secretaria de Administração (SAD) e do CPM. Este grupo tem como objetivo debater e formular um projeto de lei a ser apresentado à Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE). Sendo aprovada a proposta, a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música será institucionalizada e poderá, enfim, voltar a desempenhar sua função educativa, inclusiva e artística em nome do Estado, função esta que representa uma força imprescindível no sentido de auxiliar a promoção social e cultural de Pernambuco.

O Mundo Sinfônico Contemporâneo, que enfrenta crises constantes por falta de apoio até mesmo na Europa – onde esse estilo musical teve origem –, vem empreendendo uma jornada ininterrupta na busca de soluções criativas e conectadas com a realidade (social e econômica) do nosso século. No Brasil, diversos projetos passaram por uma etapa semelhante ao momento atual da OSJCPM, encontrando no formato de uma orquestra híbrida a chave para a continuidade de seu funcionamento – alguns exemplos de projetos assim são a Orquestra Neojibá (Bahia), Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (Rio de Janeiro) e a Orquestra Sinfônica Heliópolis (São Paulo). Nesse perfil de orquestra, jovens instrumentistas (alunos de conservatórios, escolas de música e dos próprios projetos) compartilham a experiência de tocar num conjunto sinfônico com músicos profissionais, caracterizando uma troca de saberes (nos dois sentidos) de valor educacional e artístico inestimável. A presença de músicos com maior vivência no mundo sinfônico possibilita, também, a manutenção da qualidade técnica e artística do grupo, configurando uma experiência orquestral completa. Além do hibridismo citado, as orquestras jovens contemporâneas – e até mesmo as profissionais – buscam sempre a abertura de portas e quebra de fronteiras no tocante à captação de recursos para o seu funcionamento, tendo a iniciativa privada (através de editais de fomento à cultura, por exemplo) como grande parceira (assim como o Estado). Entendemos ser este o momento em que OSJCPM se encontra atualmente, momento este que apresenta uma oportunidade única e histórica para a Música Sinfônica Pernambucana (representada, nesse contexto, pela OSJCPM) dar um passo à frente, conectando-se com a realidade contemporânea da Música Sinfônica assim como a da Educação Musical.

Finalizamos esta carta reiterando nosso grande desejo de vermos e ouvirmos a continuidade do trabalho da Orquestra Sinfônica Jovem de Conservatório Pernambucano de Música. Acreditamos no poder transformador da música e sabemos que tanto o público em geral como os jovens instrumentistas do estado estão ansiosos pelo retorno da OSJCPM. Esperamos também que o Grupo de Trabalho instituído pela SEDUC possa ponderar e estudar as ideias e propostas citadas nesta carta no intuito de afirmar a continuidade do projeto, olhando firme para o horizonte sinfônico educacional e artístico que se apresenta e que já é uma realidade em Pernambuco através da OSJCPM.

AVANTE, ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DO CONSERVATÓRIO PERNAMBUCANO DE MÚSICA!

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