DVD Transcendental nature tem música composta originalmente para imagens registradas pelo cineasta americano David Fortney em parques naturais dos EUA
Por Eduardo Tristão Girão
O músico e compositor mineiro Marcus Viana acredita que o efeito de seu novo DVD, Transcendental nature, no espectador pode variar entre o do Lexotan e o de fazê-lo despertar para uma nova consciência. Ele está feliz da vida com o resultado que alcançou ao unir seus temas instrumentais de tempero multiétnico a vídeos do cineasta norte-americano David Fortney, conhecido por suas espetaculares imagens de natureza. É a segunda vez que os dois trabalham juntos.
Antes mesmo de começar a assistir ao DVD, dá para ter ideia da sua estética, pelos títulos das faixas: Dance of light, Orion calls, Earth dreams, Sacred elements, Gardens of Gaya, Symphony of light e Hymn to Gaya, entre outros. Utilizando instrumentos como teclado, bansuri (flauta indiana de bambu), esraj (espécie de cítara tocada com arco), violoncelo e, claro, seu inconfundível violino elétrico, Marcus fez músicas para sequências de paisagens de tirar o fôlego, alguns delas com cor e tempo manipulados.
Foi num evento da indústria musical em Cannes, na França, que Viana conheceu um representante da empresa de Fortney. Voltou para Belo Horizonte com alguns filmes do norte-americano na mala e, maravilhado com o que assistiu, decidiu editar as mesmas imagens, mas susbtituindo a trilha original por músicas suas. “Mandei para ele, acrescentando que gostei de tudo, menos da trilha original. Ele respondeu curto e grosso: ‘Fantástico. Você pode lançar isso na América do Sul e Ásia’”, conta.
O culto à natureza, diz Viana, é o ponto forte de Fortney como cineasta. “Nos e-mails que trocamos, ele disse que se as pessoas não podem estar na natureza, que seus vídeos mostrem que há algo maior em volta delas. O sentimento de formiga é muito necessário atualmente, no meio desse progresso loucão. As pessoas estão perdendo a conexão com a realidade. É preciso buscar uma forma de acordar. Esse DVD pode ajudar nisso e também auxiliar o ocidental a meditar”, acredita.
O compositor conta que Transcendental nature é semelhante a Symphony of nature, primeiro trabalho que os dois fizeram juntos, com a diferença que as imagens do segundo não sofreram tanta intervenção quanto as do segundo – em geral, as imagens do novo trabalho foram gravadas em parques naturais dos Estados Unidos nos anos 1990. Além disso, ele revela que a tentação de usar recursos eletrônicos para a parte musical esse projeto foi grande: “A plataforma digital é mais prática, além de ser a minha base”.
Para algumas faixas, Marcus usou composições suas que estavam engavetadas; para outras, elaborou temas na hora, misturando texturas de cordas com suas divagações em instrumentos diversos. “Essas imagens me deram vontade de compor, embora seja deliciosa essa brincadeira de achar os pedaços de música que mais combinam com as imagens e colar uma coisa na outra. O Jayme Monjardim costuma dizer que edição de áudio e vídeo chega a ser melhor que sexo”, brinca Viana.
Terapia musical
Um pouco triste com a dificuldade de transpor Transcendental nature para os palcos ou mesmo conceber um formato especial para exibi-lo, o artista mineiro gostaria de manter a colaboração com Fortney, mas teme que isso não seja possível devido aos custos de royalties. Paralelamente, prepara-se para dar novo uso a essas e outras músicas autorais com o projeto Pharmácia de Música, de musicoterapia em hospitais, casas de saúde, penitenciárias e clínicas psiquiátricas.
Ele já foi aprovado na Lei Estadual de Incentivas à Cultura e estão previstas gravação e prensagem de 10 CDs com música de Viana composta especialmente para essa finalidade. “Colocaríamos sonorização em quartos e celas, com horário definido. Essa música poderá trazer mudança muito grande”, acredita ele. No momento, Viana está empenhado em associar mais conceitos acadêmicos ao projeto, conferindo-lhe maior credibilidade.
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