quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SEM LERO-LERO, LUÍSA MAITA MOSTRA PARA O QUE VEM

Artista revelação do ano no 22° Prêmio da Música Brasileira, Luísa faz-se excelente cronista em seu álbum de estreia a partir de letras e canções que retratam um universo suburbano e personagens peculiares ao qual tais faixas nos remetem a uma miscelânea de ritmos.

Por Bruno Negromonte


Nascido em 1948, o multifacetado Amado Maita partiu precocemente um junho de 2005 deixando como legado um único registro fonográfico (título que leva seu nome e que hoje é um álbum reverenciado por todos os que admiram a icônica e boa música brasileira feita nos idos anos 70) e uma carta na manga que conheceríamos com projeção nacional (musicalmente falando) só depois de alguns anos após a sua prematura partida. Filha de Amado com Myriam Taubkin (que além de produtora cultural também é irmã do pianista Benjamin e Daniel Taubkin que além de tios são referências para a artista), a cantora e compositora Luísa Maita cresceu entre bairros de diferentes realidades sociais em um perene contexto musical de qualidade que envolvia tanto o samba jazz ouvido pelo pai como também artistas como Moacir Santos, Naná Vasconcelos, Paulinho da Viola, Sizão Machado entre outros. Esse panorama proporcionado pela música, somado as influências árabes trazidas pela descendência do pai (e por que não a influência também do padrinho Falcão) trouxe à artista respaldo mais que suficiente para abordar o cotidiano dos diversos personagens presentes em sua música. Geralmente são tipos suburbanos inspirados e subtraídos de sua vivência principalmente na periferia paulistana retratados em uma ótica musical bastante peculiar. Isso a fez ser gravada por nomes como Virgínia Rosa e Mariana Ayda (que teve a interpretação de uma das composições de Luísa eleita uma das melhores músicas de 2009 pela revista Rolling Stone Brasil).

Luísa Maita é assim. É na espontaneidade em lhe dar com a canção e com o cotidiano suburbano que a faz uma compositora inovadora, alcançando aquilo aquilo que busca, "o máximo de expressão com um mínimo de afetação", como costuma dizer. O seu som é de uma contemporaneidade bastante interessante, fazendo com que sua música passe por longe de qualquer rótulo. Busca nessa sonoridade um megacosmopolitismo musical diferente, onde consegue em uma miscelânea única abranger os diversos segmentos sonoros que exerceram influências em seu som sem necessariamente prender-se a nenhum. E nesse caldeirão cultural traz ao público ouvinte uma forma distinta de avaliar a música feita pela nova geração da MPB. É um retalho de ritmos formado a partir da sensibilidade extremamente aguçada de Luísa Maita, que soube muito bem discernir aquilo que se fazia necessário para a sua música a partir de uma tenuidade peculiar entre os diversos ritmos brasileiros.



Já as suas letras são verdadeiras crônicas que descrevem, a partir de uma ótica bastante particular, personagens e lugares que talvez extrapolem o simples "insight" criativo e sejam cenário de sua própria biografia, onde toda poesia e musicalidade absorvidas de Higienópolis à Bexiga (e em outros ambientes tão contrastante quanto estes) agora são externadas a partir de sua arte.

De forma incólume, a qualidade preenche todo este trabalho de estreia apresentado pela artista que passeia segura entre às raízes musicais brasileira e a modernidade sonora em uma miscelânea de influências, que vai desde os grandes nomes da música pop mundial a artistas menos expressivos. Talvez por isso "Lero-lero" seja motivo de tantos elogios e Luísa seja hoje vista como uma das grandes revelações musicais nacionais; tanto que participou da gravação dos clipes apresentados em Copenhague pela delegação brasileira para a Olimpíada de 2016 com as canções "Cidade Maravilhosa" e "Aquele Abraço".

No álbum a artista extravasa criatividade em tipos comuns, como é o caso de faixas como "Fulaninha" e "Aí vem ele..." (composições da própria Luísa), que são duas canções de conotação romântica, a primeira retrata os nuances de um esperançoso amor suburbano, onde a coragem se faz presente dando sentido ao enredo da canção. Já a segunda aborda o amor a partir de características como ansiedade e insegurança (algo comum se analisarmos alguns flertes).

O álbum segue com "Desencabulada" (Luis Felipe Gama e Rodrigo Campos), que retrata uma típica garota suburbana de corpo escultural e que adora ir dançar no baile funk com trajes tipicamente sensuais e "Maria e Moleque" (Rodrigo Campos) que me remeteu ao saudoso Sérgio Porto e as crônicas de seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Rodrigo apresenta nesta canção uma crônica digna de qualquer folhetim quando aborda a história de dois personagens aparentemente distintos (a distinta senhora do asfalto e um traficante do morro) que se cruzam e acabam vivendo uma relação de amor, medo e sexo em um opala de vidro fumê. A história é repleta de minuciosos detalhes descritos na letra da canção.



"Mire e veja" é outra canção da lavra de Rodrigo Campos em parceria com um dos antigos parceiros da Urbanda, o compositor violonista e produtor Morris Picciotto. Há ainda canções como a faixa título "Lero-lero" (Luísa Maita), samba que chega a nos remeter ao magnífico legado fonográfico deixado por seu pai. Quem escuta esta composição percebe entre as batidas eletrônicas que entornam o álbum remanescências daquilo de melhor que Amado lançou em 1972. Dentre as outras faixas há "Anunciou" (Luísa Maita), que vestida de uma sonoridade moderna traz para o gostoso e cadenciado ritmo da capoeira uma nova roupagem e "Um vento bom" (Luísa Maita), que traz a boa nova do amor em uma leve brisa para mostrar que sempre é possível começar uma nova vida.

A trinca de canções que faltam ser apresentadas são de autoria da própria cantora. A primeira é "Alento", que retrata o cotidiano de alguém que desde o início do dia já procura mostrar o vigor que a vida exige em todos os âmbitos. É como diz o um trecho do refrão: "É, eu tô na vida é pra virar, que a felicidade vem, eu tô sonhando mais além". Uma canção extremamente motivacional.
"Alívio" traz como tema questionamentos vividos por quase todo mundo. Quem nunca viveu ou sentiu sensações indescritíveis e viveu situações inesquecíveis na vida, coisas do tipo "sentir um samba de Candeia" ou "sonhar ao ver um céu cheio de estrela" são algumas desses momentos descritos por Maita; e pra encerrar vem a bossa "Amor e Paz", mais uma canção que trata das relações amorosas. Nessa interpretação Luísa quase que sussurra a letra de uma maneira tendenciosamente sensual e dolente.

O trabalho foi gravado nos Estúdios Outra Imagem e Wah- Wah por Paulo Lepetit (que assina também a produção). Como co-produtores vêm Rodrigo Campos e a própria Luísa (com exceção de "Amor e paz", produzida por Swami Jr.). O projeto gráfico é assinado por Teresa Maita e dentre os músicos presentes no álbum há nomes como Swami Jr. (violão), Kuki Storlarski (bateria), Paulo Lepetit (baixo e beats eletrônicos), Rodrigo Campos (violão, cavaquinho, repique de mão, surdo e tamborim), Théo da Cuíca (cuíca), Siba (rabeca),Sérdio Reze (bateria e tamborim), Jorge Neguinho (cuíca) e Fabio Tagliaferri (viola) que dão essa sonoridade eletroacústica ao resultado final (percebe-se as influências ora pop e eletrônica contemporânea, ora as raízes de nossa mpb em uma sincronia perfeita).



E assim, sem lero-lero, consistentemente Luísa Maita vem alçando vôos cada mais seguros e distantes dentro da atual conjuntura musical mundial. De futuro promissor e destaque dentro do nosso cenário artístico (prova disto está no burburinho que seu nome causa na imprensa especializada) a cantora lançou esse caleidoscópio rítmico chamado "Lero-Lero" não só no Brasil pelo selo Oi Música, mas também em todo o mundo pela Cumbancha/Putumayo. Vale salientar que em uma de suas passagens pelos EUA, além das críticas positivas de jornais como The New York Times, The Washington Post e Boston Globe; programas de TV também destacaram o seu trabalho, dentre os quais o “All Things Considered” da NPR que disse que Luísa é a "Nova Voz do Brasil" e afirmou que "se continuar fazendo discos como este, pode muito bem estar no caminho para o estrelato internacional". Só nos resta acreditar e colocar bastante fé nesta premissa norte-americana.



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