sexta-feira, 14 de outubro de 2011

RONEY GIAH - ENTREVISTA EXCLUSIVA

Formado pelo Musicians Institute of Technology, em Los Angeles (EUA) e também em engenharia de som pelo IAV de São Paulo, o músico vem em uma constante busca por um domínio completo de suas produções fonográficas. E esse domínio total em suas obras o tem dado resultados bastante significativos no mercado internacional.

Por Bruno Negromonte



Por ter estudado e sorvido diversos ensinamentos de grandes instrumentistas norte-americanos, Giah iniciou sua carreira fonográfica no Brasil a partir de uma base essencialmente instrumental. Em um segundo momento de sua carreira musical resolve abranger o canto em seus trabalhos, assina contrato com uma gravadora inglesa e sente a necessidade de ter um domínio maior sobre a sua obra, e para isso forma-se em engenharia de som.
Essas e outras histórias de sua biografia foram publicadas em nosso espaço recentemente na matéria RONEY GIAH E PERSEPTOM BANDA VOCAL VÊM COM CO'AS GOELA E TUDO! (http://musicariabrasil.blogspot.com/2011/09/roney-giah-e-perseptom-banda-vocal-vem.html).

Hoje com uma vasta quantidade de prêmios internacionais em seu curriculum, sucesso absoluto nas "college radios" norte-americanas e na estrada com a divulgação do álbum solo "Queimando a moleira" (trabalho que teve Menção Honrosa do Billboard World Song Contest) e do álbum feito à capella com o grupo vocal Perseptom Banda Vocal intitulado "Co’as goela e tudo" Roney (mesmo em período de gravação do novo trabalho) atenciosamente Giah nos concedeu essa pequena entrevista exclusiva para o público do Musicaria Brasil onde fala, dentre outras coisas, sobre os trabalhos que estão por vir em breve e o sucesso internacional de sua carreira como vocês podem conferir abaixo!


Segundo informações, sua família sempre foi fascinada por música e você cresceu nesse contexto musical. O que você costumava ouvir quando criança?

Roney Giah - Escutar música fazia parte do cotidiano da minha família – mais do que assistir tevê ou qualquer outra coisa. Havia um momento destinado a isso. Uma pausa para sentar no sofá e escutar os discos. Ouvia Pixinguinha, Cartola, Chico Buarque, Caetano Veloso, Michael Jackson, Beatles, Cat Stevens, Gilberto Gil, Clara Nunes, Ray Charles, Rod Stewart, Tom Jobim, Elvis Presley, Elton John, Mozart, B.B. King, Villa Lobos, Vinícius de Moraes, MPB4 e muitos outros. Os meus pais têm, de fato, um gosto musical muito apurado.


O que você traz de válido hoje em seu trabalho de sua experiência com as bandas “Moscou Capitalista” e a “Quelidon”?

RG -
Moscou Capitalista foi a terceira banda na minha vida e, no entanto, foi a primeira na qual o sonho da música era forte em todos os integrantes. Ali aprendi que a música que tem em si o propósito de transformar e inspirar; não acontece sem amor, sem uma amizade incrível e sem a habilidade de conviver e compreender. As amizades do Moscou e do Quelidon eu trago comigo até hoje e isso é um privilégio enorme.



Você acha que ter passado pela Musicians Institute of Technology, em Los Angeles (EUA), o ajudou a ter o reconhecimento e as portas abertas para a sua música no exterior como é hoje em dia?

RG - Sou muito grato ao Musicians Institute of Technology e a tudo o que aprendi por lá. Todo aquele aprendizado contribuiu para me tornar o músico que sou hoje. Porém, acredito que o reconhecimento real venha por meio de trabalho e de dedicação constantes durante muitos anos. Quando, ao longo dos anos, a sua reputação abrange – além das qualidades musicais – a pontualidade, a dedicação à banda ou artista que você está tocando, o convívio fácil com as pessoas e o desempenho sob pressão, nessa hora as portas começam a se abrir. O mercado abre as portas quando sente segurança tanto na musicalidade como na personalidade do artista.


Você também é formado em Engenharia de Som e produziu seu primeiro álbum “Semente” antes do curso; depois do término do mesmo, continuou produzindo seus trabalhos posteriores. A aquisição deste conhecimento foi algo objetivando um domínio maior de seu próprio trabalho?

RG - Sim. Sofri muito na produção do “Semente”. A falta de conhecimento em Engenharia de Som fazia com que eu demorasse para alcançar o resultado que tinha em mente. A negociação com o técnico de mixagem e de captação também era difícil. Percebi, então, que o conhecimento em Engenharia de Som era tão importante quanto o meu conhecimento em arranjo, em composição ou no meu instrumento. Aquilo me permitiria alcançar uma liberdade ainda maior no meu trabalho.


Mesmo com todo o reconhecimento internacional que o cerca, você esperava conquistar no ano passado a Menção Honrosa do Billboard World Song Contest (2010), prêmio este concedido por uma das maiores (se não a maior) revista especializadas em música do mundo?

RG - Não esperava. Prêmio a gente não espera, acontece e é muito bom. Traz aquela sensação que a nossa intuição estava certa; que aquele trabalho tem algum significado maior, além do pessoal.



Você vem de uma formação essencialmente instrumental nos primeiros anos de carreira e de repente se viu em um trabalho totalmente autoral à capella. Era um desejo antigo o projeto “Co'as Goela e Tudo”?

RG - Eu não tinha esse desejo. Adorava bandas como o Take 6 e MBP4, mas nunca cogitei gravar nenhum trabalho do gênero.
Foi espontâneo – conheci a Perspetom Banda Vocal e eles pediram uma música minha para fazerem um arranjo vocal. Mandei e um ano depois eles enviaram uma gravação com o arranjo. Adorei e sugeri que fizéssemos um CD inteiro assim. Achei que seria divertido e irônico; que teria um tom provocador gravar um CD a capella, uma vez que comecei a carreira com um trabalho instrumental.


Festivais como “Festival de Música Instrumental de Olinda” (MIMO) que aconteceu recentemente com um público estimado em cerca de 120 mil pessoas tem mostrado que a música instrumental (apesar de ser cerceado nos grandes espaços midiáticos), tem um público relevante. Como você essa “desvalorização” da música instrumental no Brasil?

RG - É natural que isso aconteça no Brasil. Somos em 134 milhões de analfabetos – usando a medida real de interpretação de texto e não a farsa chamada de analfabeto funcional – e a minoria alfabetizada não sabe música, pois não temos música como cadeira obrigatória nas escolas. É um problema político-cultural que vai demorar para ser resolvido. No entanto, somos um povo naturalmente musical que mesmo com essas dificuldades consegue preservar redutos de maravilhas culturais. No dia que percebermos a riqueza que teríamos caso sanássemos esse problema, a coisa vai andar. Poderíamos nos igualar a indústria musical norte-americana, que hoje gira em torno de US$ 3 bilhões por ano.


“Queimando a moleira” é outro projeto que você vem divulgando e, segundo informações, em breve sairá o DVD do espetáculo gravado no MASP na época do lançamento do disco. Há previsão de quando sairá esse registro?

RG - Começamos 2011, mixando e editando este DVD gravado no Museu de Arte de São Paulo (MASP), mas a notícia de que o meu trabalho estava despontando nas college rádios, nos Estados Unidos, foi uma surpresa inesperada que acabou mudando um pouco a ordem dos planos. As rádios começaram a pedir novas canções e decidi antecipar o projeto – que originalmente seria gravado em 2012 – de um CD inteiro em inglês. Se tudo correr bem, o DVD fica para o fim do ano que vem, logo após esse trabalho em inglês.


Como tem sido a conciliação das agendas do projeto “Co´as Goela e Tudo” e do seu álbum solo “Queimando a moleira”?

RG - No quesito show tem sido desastrosa...rs
Tanto eu quanto a Perseptom temos agendas cheias. Fizemos SESC Vila Mariana, alguns meses atrás, e ainda estamos namorando novas datas, mas a dificuldade é grande em conciliar as agendas.


Como anda o seu próximo projeto referente ao álbum inteiramente em inglês?

RG - Ando me divertindo muito com ele. Criamos um formato diferente; o CD será dividido em 14 faixas que serão lançadas em sete volumes de duas faixas cada. Lançaremos um volume a cada dois meses e no final lançaremos a coletânea completa. Terminamos as duas primeiras faixas essa semana – semana que fazemos as fotos da capa. O lançamento será primeiro nos Estados Unidos, nas college radios que já tocam meu trabalho. O desafio de cada faixa é ter um potencial radiofônico; isso é um grande xadrez, mas estou feliz com o resultado. O melhor trabalho é de fato sempre o próximo.


RONEY GIAH . PRÊMIOS & CARREIRA INTERNACIONAL

Álbuns
 Semente (1998)
 Mais Dias na Terra (2006)
 Yesterday´s tomorrow (2008)
 Queimando a Moleira (2010)
 Co´as goela e tudo (2011)

DVD
 Uma tarde onde nasci (2006)

Premiações e indicações
 Disputou o Prêmio Sharp 1998
 Disputou o Prêmio Visa 1998 (edição instrumental)
 Segundo lugar no Festival Berklee/Souza Lima (São Paulo)
 Latin Grammy (pré-selecionado, edição 2006)
 Prêmio TIM (pré-selecionado, edição 2006)
 Indicado ao The Musicoz Award 2010 (categoria Best International Artist)
 Menção Honrosa do Mike Pinder´s Songwars (2010)
 Menção Honrosa do Billboard World Song Contest (2010)
 Menção Honrosa do The John Lennon Songwriting Contest (2008) – curadoria de Yoko Ono
 Segundo lugar Best World/Folk album of the year (CARAs 2011 - Contemporary A Cappella Recording Awards).
 ”CD do ano” – Prêmio Caiubí 2011

Especiais
 Trilha sonora do filme norte-americano No pain, no gain (2008)
 Gravadora inglesa ASTRANOVA Records lança o CD Yesterday´s tomorrow (2008)
 Música Argila é relançada no disco Pearl Brazilian Team 3 (1998)
 Integra o portfólio do Jingle Punks, e-business musical (2009)
 Entra na programação de 150 college rádios nos Estados Unidos e alcança o TOP 30 duas vezes (2011)

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