Segundo o crítico Affonso Romano de Sant’Anna, “à altura de 1968, depois do Tropicalismo, as vanguardas pareciam já Ter exaurido suas propostas fundamentais. A musica popular brasileira, que desde 1965 vinha interessando mais amplamente à juventude, mostra uma forca insólita através de dezenas de festivais de canções e de programas especiais de TV. A musica capitaliza a perplexidade do povo brasileiro ante o momento político (pos-64) e passa a cumprir um papel que a poesia literária jamais poderia realizar. Os poetas passam a investir na música popular através de ensaios, poemas, participação em júris de festivais e por meio de catequeses teóricas. As escolas e universidades descobrem o texto da música popular como um produto ser esteticamente analisado”.
Percebe-se também que a poesia e a música reúnem várias influências da contracultura: a poesia de protesto, de denuncia social, de esmagamento do indivíduo na sociedade capitalista industrial, na era da conquista espacial; o psicodelismo.
Dessa forma, o trabalho com a literatura nesse período ate os dias de hoje se enriquece através do estudo da MPB, proporcionando um aprofundamento no contexto histórico, ao mesmo tempo que oferece a possibilidade de conhece-la e apreecia-la. Alem disso, e possível verificar o sentido social que muitas musicas e poesias assumem em nossa cultura.
Uma canção que exemplifica a referida proposta e Roda – Viva do compositor Chico Buarque, criado em 1967, que apresenta um chão histórico especifico, ou seja, os obscuros anos da ditadura:
“Tem dias que a gente se sente
como quem partiu morreu
a gente estancou de repente
ou foi um mundo então que cresceu
a gente quer Ter voz ativa
no nosso destino mandar
mas eis que chega roda-viva
e carrega o destino pra lá (...) “
Nestas e outras canções , um meio muito utilizado na época ( e, de modo geral, em períodos não democráticos, no Brasil e em outros países) para driblar a censura foi a metáfora, a linguagem figurada. Alguns escritores e jornalistas falavam aparentemente de flores e rouxinóis, quando estavam se referindo a situação político social brasileiro.
O compositor Geraldo Vandre que viveu em meio ao turbilhão da instauração da ditadura militar no Brasil, que representava para a cultura o fim da liberdade de expressão definiu a arte como expressão livre da vida:
“O artista precisa Ter a vivência e experiência. O profissional faz da sua arte uma expressão de vida e não uma imitação da vida. Se para ser artista, fosse necessário e bastante viver, então arte seria imitação da vida. Arte e uma expressão livre da vida, que incorpora a emoção a partir da visão do mundo.”
0 comentários:
Postar um comentário